BLOGS DE POLICIAIS SE MULTIPLICAM
BÁRBARA SOUZA, barbara.souza@grupoestado.com.br
Do cotidiano violento das ruas à homenagem ao pai morto por bandidos, policiais civis, militares e federais de todo o País expõem suas ideias, críticas e realidade no mundo virtual. A internet democratizou a aproximação dos policiais com a sociedade e favoreceu o acesso a pelo menos 67 blogs do gênero. Em São Paulo, ao menos oito páginas sobre o assunto estão na internet – mas o Estado mais desenvolvido do País perde feio para o Rio de Janeiro nesse quesito. Policiais fluminenses já criaram cerca de 30 blogs sobre segurança e violência. Os paulistas, dizem, temem que os desabafos, comentários e críticas escancaradas na internet, com acesso livre de leigos e também dos comandantes, virem alvo de sanções disciplinares. Mesmo assim, alguns desafiam as imposições regimentais e deixam seu recado no mundo virtual. Alguns discutem os problemas da profissão. Outros, repercutem reportagens publicadas pela imprensa. Há os que preferem apenas falar do cotidiano nas ruas. E ainda os que prestam homenagens a colegas mortos ou abrem espaço para discussões sobre a política nacional. A proporção da chamada blogosfera policial chamou a atenção da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes (CESeC) que, em parceria, estão pesquisando a produção, a quantidade, conteúdo e o impacto dos blogs especializados em segurança pública. A pesquisa incluirá levantamento e análise de blogs, entrevistas com policiais blogueiros e jornalistas e a realização de debates. A expectativa é usar os dados para um seminário no segundo semestre. “Quando nos deparamos com esse fenômeno, resolvemos colaborar para entender com um pouco mais de critério o que isso significa”, diz o coordenador do setor de comunicação e informação da representação da Unesco no Brasil, Guilherme Canela Godoi. Para Godoi, as primeiras impressões dos blogs apontam para o caminho que se debate há algum tempo sobre as tendências das coberturas jornalísticas voltadas para políticas de segurança, polícia e criminalidade. “Não precisamos de cobertura de crime, mas de políticas públicas na segurança, pois resolve muito pouco ficar dizendo que mais uma pessoa foi assassinada”, afirma. Ao menos dois blogs já avançam nessa discussão. Um deles, do coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP), do Rio de Janeiro, intitula-se Segurança pública – Ideias e Ações. O propósito do blog, diz, é dar voz aos “especialistas do cotidiano”, policiais que estão na ativa. “A intenção é criar um espaço que durante muitos anos foi ocupado por cientistas de humanidades, que estudam a segurança pública. Era necessário também ter a voz de quem a opera”, afirma Duarte, que criou o blog em 2006. O blog Abordagem Policial, criado por cinco alunos oficiais da Polícia Militar baiana, segue a mesma linha. Levanta questões éticas da polícia, dá dicas de concursos e traz um link com os blogs e sites relacionados à segurança. Criado em 2007, o blog também surgiu como um canal para se discutir segurança pública e polícia, além de mostrar as mudanças pelas quais a corporação vem passando desde o fim da ditadura no Brasil. “A intenção também é quebrar esse estereótipo que a sociedade tem da polícia e a polícia tem da sociedade”, diz o editor da página, Danilo Ferreira.
EM SÃO PAULO, MEDO DE SANÇÕES
Ao menos oito blogs foram criados por policiais paulistas, mas nenhum deles retornou aos pedidos de entrevistas feitos por e-mail pelo Jornal da Tarde. A justificativa é sempre a mesma: é necessário ter autorização da Secretaria de Segurança Pública para dar entrevistas, sob pena de punição severa. No ano passado, pelo menos dois sites criados pelo delegado Rui [Roberto] Conde Guerra foram tirados do ar por decisão judicial em ação movida pelo governo do Estado. Ele criou uma nova página (https://flitparalisante.wordpress.com/) , dessa vez com críticas mais sutis e denúncias menos contundentes.
O fim do blog repercutiu em vários outros, como no do ex-investigador Roger Franchini, alvo de censura do Estado por ter encaminhado uma carta a um jornalista ironizando o assalto sofrido em 2007 pelo apresentador Luciano Huck, que perdeu seu relógio Rolex. Em um texto do verbeat.org/blogs/cultcoolfreak/, Franchini diz que a blogosfera policial está a meio passo entre o administrador e o julgador. “Ela não fala para o cidadão. Fala para nosso Estado democrático de direito e o obriga a pensar e se movimentar. O cidadão é alheio a tudo isso. Ele precisa de ruas limpas. Com urgência.”
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Querida Bárbara Souza, você , involuntariamente, cometeu alguns equívocos.
E aparentemente não houve grande interesse em buscar nossas entrevistas, pois garanto-lhe não ter recebido nenhum e-mail.
Aliás, no corrente ano, em quatro oportunidades, fomos entrevistados por outros veículos; sem necessidade de autorização superior.
Consignando-se que tal autorização – SEM NENHUMA VALIDADE E FUNDAMENTO LEGAL – objetiva disciplinar as ENTREVISTAS ACERCA DE OCORRÊNCIAS CRIMINAIS E ATOS DE OFÍCIO DO ENTREVISTADO…
Evitando-se entrevistas tais como A ESCOLA BASE ; também afirmações tais como “os ladrões são amadores” (“sic”).
Assim, não há nenhum impedimento para eu falar sobre aquilo que faço fora das funções.
Por outro aspecto, o “flitparalisante.wordpress” existe desde agosto de 2007.
Verdadeiramente, é o mesmo blog hospedado sob os endereços flitparasilante.blogspot.com e flit-paralisante.blogspot.com.
O Flit continua com o mesmo espírito e a mesma proposta.
Contudo é tempo de transição na Polícia Civil; momentaneamente não há razão para ataques ferinos contra os atos da nova gestão.
Diga-se de passagem, muitos deles adotados conforme AS DENÚNCIAS de dezenas de policiais civis que empregam este espaço como um instrumento cidadão.
De qualquer forma , devemos agradecer ao espaço aberto pelo JORNAL DA TARDE.
Remato com a afirmação dos entendidos: A BLOGOSFERA NÃO PODE PRESCINDIR DA IMPRENSA FORMAL. Beijos.
Ah, meu nome é ROBERTO CONDE GUERRA!
Não é RUI, mas gostaria de ter metade da grana deles( os RUI ).