Brasil
DE SÃO PAULO
Sete partidos políticos (PPS, PSB, PDT, DEM, PP, PMDB e PSDB) são citados na Operação Castelo de Areia, deflagrada ontem pela Polícia Federal, como supostos destinatários de doações de recursos ilícitos a partir de esquema envolvendo diretores da construtora Camargo Corrêa e doleiros. Segundo a PF, a trama consistia em licitações fraudulentas, obras públicas superfaturadas e remessa de valores desviados do Tesouro para paraísos fiscais. A primeira etapa da investigação aponta para evasão de R$ 20 milhões, em estimativa da Procuradoria da República. Castelo de Areia prendeu 10 pessoas e vasculhou 16 endereços onde foram recolhidos computadores, armas, quadros, documentos financeiros e pelo menos R$ 1 milhão em dinheiro vivo. A força-tarefa estava em busca de um pen drive onde estaria armazenada a contabilidade paralela da organização euma extensa lista de políticos beneficiados. Auditores do Tribunal de Contas da União acompanharam a blitz. “Há fortes indícios de que a empresa utilizava-se de offshores e do sistema de dólar cabo para remessas de quantias pa- ra o exterior”, disse o delegado Alberto Iegas, coordenador da PF em São Paulo do combate ao crime organizado. Quatro executivos da Camargo Corrêa foram detidos: Fernando Dias Gomes, Dárcio Brunato, Pietro Francisco Bianchi e Raggi Badra Neto. Os quatro doleiros são: Jose Diney Mattos, Jadair Fernandes de Almeida, Maristela Brunet e Kurt Paul Pickel este, suíço naturalizado brasileiro, é apontado como o articulador da parceria entre a cúpula da empreiteira, partidos e paraísos fiscais. Também foram presas duas secretárias da diretoria da empresa, Marisa Berti Iaquino e Darcy Flores Alvarenga. Em nota, a empreiteira negou irregularidades e se disse “perplexa”. Interceptações telefônicas da PF mostram investigados falando de políticos que teriam recebido dinheiro, entre eles os senadores Agripino Maia (DEM-RN) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA) R$ 300 mil para o primeiro, R$ 200 mil para o tucano. Os dois confirmaram a captação do dinheiro, mas alegam que foram doações regularmente registradas na Justiça Eleitoral. Também há citações, emconversas de terceiros que a PF monitorou, ao empresário Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e a um diretor da entidade, identificado como Luiz Henrique. A procuradora da República Karen Louise Jeanette Kahn, que pediu a prisão de 14 suspeitos, diz que “impressiona o grau de rapidez e coordenação na efetivação das transações financeiras ilegais, inclusive as internacionais, o intento de simulação para ludibriar as autoridades quanto à sua identificação e destino dos recursos evadidos”. O inquérito, iniciado em janeiro de 2008 a partir de vigilância a um doleiro aponta para Fernando Arruda Botelho, um dos sócios da Camargo Corrêa. Ele não teve sua prisão decretada, mas é alvo da investigação. A PF apreendeu armas em um cofre de Botelho. Ao autorizar a operação, o juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal, assinalou trechos de grampos que fazem “menção a divisão de valores, em tese, doados para partidos políticos”. A investigação da PF sugere que Botelho teria participado da distribuição de doações da empreiteira para partidos. (Agência Estado)
Os partidos que supostamente receberam doações ilegais da empreiteira Camargo Corrêa preferiram apenas rechaçar as acusações de caixa 2 nas eleições do ano passado. Somente o PPS foi além e ameaçou responsabilizar civil e criminalmente seus autores. Em carta assinada por seu presidente nacional,Roberto Freire, o partido classificou a acusação como “leviana” e afirmou que ação da Polícia Federal foi orquestrada “pelo Governo Lula para tentar atingir os partidos de oposição”. Já o deputado Jader Barbalho (PMDB), presidente do diretório regional do partido no Pará, recebeu com “estranheza” a suposta ligação de sua base com a empreiteira. “Não temos nenhum relacionamento com dirigentes da Camargo Corrêa. Se recebemos, recebemos na conta do partido. Desconheço qualquer ilegalidade”. Rodrigo Maia, presidente nacional do DEM, apoia a investigação, desde que “feita dentro dos limites estabelecidos pela legislação em vigor”.Nota A Camargo Corrêa manifestou “perplexidade” diante dos fatos ocorridos ontem, “quando a sua sede em São Paulo foi invadida e isolada pela Polícia Federal, cumprindo mandado da Justiça”. Em nota, a empreiteira afirmou que não teve acesso ao teor do inquérito, ressaltou que “cumpre rigorosamente com todas as suas obrigações legais, gerando mais de 60 mil empregos no Brasil e em 20 países em que atua”.
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Confiança “O grupo reafirma que confia em seus diretores e funcionários e repudia a forma como foi constituída a ação, atingindo e constrangendo a comunidade Camargo Corrêa e trazendo incalculáveis prejuízos à imagem de suas empresas”, diz o texto. Antônio Claudio Mariz de Oliveira, veterano criminalista que defende a empreiteira, declarou que aguarda apenas o acesso aos autos “para se inteirar dos fatos e adotar as providências cabíveis”.
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Habeas corpus A primeira medida da defesa será o ingresso de pedido de habeas corpus para tentar revogar os decretos de prisão contra os diretores da Camargo Corrêa. “A empresa tem o máximo interesse em apurar a verdade dos fatos em nome da preservação da sua imagem”, afirmou Mariz de Oliveira. O desafio do advogado é complexo. Ele terá de desmontar as acusações que a PF lança sobre os executivos da Camargo Corrêa.
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É SO CONVERSAR COM O MEU AMIGO GILMAR!
FICA TUDO CERTO.
O DOUTOR DI SANCTIS QUE SE CUIDE…
ASS.: FERNANDO JOSÉ DANTAS.