APESAR DO DESGASTE NADA MUDARÁ PARA MELHOR NA SECRETARIA DE SEGURANÇA DE SÃO PAULO…MARZAGÃO – HIPOTETICAMENTE – PREVARICOU AO DELEGAR ASSINATURA

Secretário de Segurança de SP admite desgaste após denúncias contra policiais

MARINA NOVAES
da Folha Online

Nove policiais militares foram presos desde o início de março por suspeita de extorquir perueiros irregulares e receber propina da máfia do jogo na Grande São Paulo. As denúncias de corrupção surgem em meio a outro escândalo na Polícia Militar, que aponta a existência de um grupo de extermínio composto por PMs também na grande São Paulo.

Diante do novo escândalo envolvendo a polícia, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Marzagão, admitiu que haja um “desgaste” na imagem da organização.”Sim. Realmente desgasta a imagem da polícia”, afirmou Marzagão, em entrevista concedida nesta sexta-feira. “Mas nós não vamos jogar a poeira debaixo do tapete”, disse.

Ao todo, 15 PMs e um comerciante são investigados atualmente pela Polícia Civil sob a suspeita de terem cometido pelo menos 12 assassinatos em 2008, mas nem todos os 15 estão ligados a todos os crimes –cinco decapitações, uma chacina com cinco mortos e o duplo homicídio de dois jovens acusados de roubar um carro.

Como cinco das 12 vítimas foram decapitadas, o grupo ficou conhecido como “Os Highlanders”. Os 15 policiais chegaram a ser presos, mas na última quarta-feira (11) a Justiça determinou a libertação de seis dos suspeitos.

No mesmo dia, o Ministério Público do Estado de São Paulo apresentou à Justiça de Itapecerica da Serra (Grande São Paulo) a denúncia (acusação formal) contra quatro policiais supostamente envolvidos no escândalo.

Entre as vítimas do suposto grupo, há dois jovens –um de 19 e outro de 20 anos–, e um deficiente mental Antonio Carlos Silva Alves, 31, o Carlinhos, que foi decapitado.

De acordo com a secretaria, as denúncias tem sido apuradas pelas Corregedorias das policiais Civil e Militar.

Polícia Civil

Além das denúncias contra policiais militares, um suposto esquema de vendas de sentenças de processos administrativos a policiais corruptos está sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Civil.

O caso veio à tona no final de fevereiro, quando o policial civil Augusto Peña –preso desde maio de 2008 sob suspeita de extorsão de dinheiro– acusar o ex-secretário-adjunto estadual da Segurança Lauro Malheiros Neto de também vender cargos de chefia dentro da Polícia Civil.

No início de março, o Ministério Público do Estado em Guarulhos (região metropolitana) recebeu um vídeo amador no qual o sócio de Malheiros –o advogado Celso Augusto Valente–, explica a um policial como funciona o esquema de vendas de sentenças.

O ex-secretário deixou o cargo em maio de 2008, após denúncias sobre sua ligação com o investigador Peña. O policial foi beneficiado recentemente com o direito da delação premiada. Entretanto, Malheiros nega todas as acusações.

Na semana passada, Marzagão afirmou desconhecer as denúncias contra Malheiros. Hoje, Marzagão afirmou que ter ficado “surpreso” e “impressionado” com as acusações contra o ex-secretário-adjunto. Segundo Marzagão, as investigações sobre as denúncias envolvendo policiais –civis e militares– estão sendo acompanhadas pela secretaria.

“Recebi as acusações com surpresa pela sua gravidade. Posso assegurar que o governo [do Estado], a secretaria e a polícia tem o maior interesse em apurar o caso”, afirmou. “Desde o início da nossa gestão, 474 policiais militares e 186 policiais civis foram demitidos. […] É um exemplo que não nos preocupamos em cortar da nossa própria carne.”

No início do mês, a Corregedoria da Polícia Civil admitiu que Marzagão pode ser ouvido sobre o caso, já que Malheiros assinava as sentenças de processos contra policiais em nome do secretário.

Folha de S.Paulo