10/03/09 – 20h46 – Atualizado em 10/03/09 – 20h46
A investigação demonstrou que a rede de tráfico operou por mais de cinco anos com a ajuda de empregados de empresas prestadoras de serviço do aeroporto. Saiba em detalhes como o esquema funcionava.
A Polícia Federal prendeu nesta terça 26 suspeitos de integrar uma das maiores quadrilhas de traficantes de drogas em ação no Brasil. A investigação começou a pedido de autoridades da África do Sul, que apreenderam 50 quilos de cocaína embarcados no aeroporto de Guarulhos. A reportagem é de César Tralli.
As prisões desta terça fecham a investigação de quase um ano e meio comandada pela unidade de inteligência da Polícia Federal no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Foi onde traficantes montaram o maior esquema de embarque de cocaína já descoberto num aeroporto brasileiro.
A investigação demonstrou que a rede de tráfico operou por mais de cinco anos com a ajuda de empregados de empresas prestadoras de serviço. É gente que tem acesso a áreas restritas do aeroporto e, assim, os traficantes conseguiam despachar cerca de 200 quilos de cocaína por semana sem que as bagagens passassem por um único controle, uma única barreira de fiscalização.
Os traficantes entregavam as malas com cocaína no estacionamento ou na parte de trás do aeroporto. O transporte era feito em carros credenciados que entravam pelo portão 1, nos fundos. Ou pelo portão 2, entre o terminal de cargas e o de passageiros. Ou ainda pelo portão 3, na frente da torre de controle por onde passam autoridades.
O procurador da República, Vicente Mandetta, explicou como agiam os contratados pela trafico. “Eles saíam com o veículo, fora do aeroporto introduziam entorpecente no veículo, que retornava, não era fiscalizado. Era introduzida dentro do acae, que é o container, e esse container era alçado dentro do porão do avião. Participavam da quadrilha os membros que deveriam fiscalizar e alguns funcionários de pista que eram contratados para empurrar a mala com a cocaína para dentro do avião”.
Há mais detalhes. No pátio interno, as malas com cocaína eram desviadas das máquinas de raio-x e iam direto para um carregador que já sabia em que voo elas deveriam ser acomodadas.
Para o embarque, o carregador retirava etiquetas de bagagens do mesmo voo e colocava nas malas com cocaína. As bagagens sem etiqueta ficavam. As malas etiquetadas seguiam viagem, identificadas com o nome de um passageiro comum.
No destino, a outra parte da quadrilha agia: o encarregado de retirar as malas da esteira já sabia com que nome elas iriam chegar.
As bagagens com droga eram enviadas para África do Sul, Holanda, Espanha e Portugal. A investigação apurou que, para sair de Cumbica, os traficantes pagavam, por mala, R$ 9 mil: R$ 2,5 mil pela passagem através das entradas laterais, R$ 1,5 mil para não passar na máquina de raio-x,
R$ 2,5 mil por bagagem etiquetada e mais R$ 2,5 mil para quem colocasse a mala no avião.
Ao longo da investigação, foram apreendidos mais de 500 quilos de cocaína em malas. Trinta traficantes foram presos. As três quadrilhas identificadas eram chefiadas por nigerianos, por estudantes universitários brasileiros e por policiais de São Paulo, dois civis e uma soldado da PM.
A quadrilha de policiais também é acusada de exportar cocaína pelo terminal de cargas de Cumbica, com o apoio de uma fiscal da Receita Federal, uma das pessoas presas nesta terça.
Foi preso ainda um funcionário da Infraero, que trabalhava na sala de câmeras do aeroporto. De acordo com a investigação, a função dele era tirar as malas com cocaína da mira da vigilância eletrônica.
Entre os presos também há dois policiais civis, acusados de extorsão. “Descobriram o esquema, não prenderam e passaram a achacar os traficantes”, disse o procurador Vicente Mandetta.
Com ordem judicial, a Polícia Federal vasculhou de manhã uma loja de carros, na região do aeroporto, à procura de provas de lavagem de dinheiro.
Na primeira fase da operação, já haviam sido apreendidos carros e motos. Parte do patrimônio, segundo a polícia, conseguido graças ao tráfico internacional no maior aeroporto do país.
A Infraero, que administra os aeroportos, determinou a abertura de sindicância para apurar a acusação de que um empregado da empresa participava do esquema de tráfico.
A Receita Federal informou que a funcionária presa nesta terça já vinha sendo investigada internamente e que foi a própria Receita que alertou outras autoridades.
A Secretaria da Segurança Pública declarou que a corregedoria pediu informações à Polícia Federal sobre os investigadores detidos, para que possa abrir um procedimento interno de apuração. Desde o início das investigações, 56 pessoas foram presas.
Será que o Car$$$$$$rel está neste rol de presos ???.
Uma das rotas que foi descoberta era para a Holanda.
Ou será que a PF está trabalhando para ele prendendo os concorrentes ????.
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