Reunião com DGP dia 16.02.2009
Amigos,
Cumpre-me informar como foi a reunião ontem. Peço desculpas pelo
longo e-mail, mas faz-se necessário. A reunião foi muito longa.
Antes de tudo, cumpre-me informar que os Presidentes do
SIPESP (Sr. Rebouças), SINDPESP (Dr. Leal) e ADPESP (Dr. Sergio Roque) não
foram na reunião, nem da sede da AIPESP, nem com o DGP.
Segundo Rebouças, tal reunião seria um “retrocesso”; Dr. Leal
alegou que, como impetrou MS contra do DG, ficaria “ruim” para ele
comparecer; Dr. Sergio Roque alegou outros compromissos.
Peço aos colegas DILERMANDO QUEIROZ FILHO (Presidente da APAPESP
– Associação dos Professores da ACADEPOL) e PAULO CESAR M. NEVES (Tesoureiro
do SINPOL – Sorocaba) me corrigirem se escrever algo que não corresponda à
verdade. Diga-se de passagem, os únicos Delegados, além de mim, que
compareceram.
Cheguei atrasado à reunião na sede da AIPESP. Ao chegar, todos
já discutiam a pauta. Levei cópia da pauta (arquivo “Reivindicações DGP” –
em anexo, atualizado) para apresentar aos colegas, além da original com
cópia da reestruturação proposta pelo colega MENI.
Ao passar nas mãos de alguns, em especial Sr. Bailoni, Sr. Jarin
e Sr. Amauri (AIPESP, AEPESP e SINPOL – Sorocaba, respectivamente), estes
alegaram que a pauta não poderia abordar assuntos que não fossem da
competência do DGP. Argumentei que deveríamos pedir o mais para
conseguirmos algo, que tal pauta reproduzia o anseio de todos os policiais e
que já haveria rumores de greve. Bailoni respondeu irritado que queria ver
alguém fazer greve sem dinheiro, e que isso nos “queimaria” com os
Deputados, que teriam se comprometido a atender outras reivindicações após a
eleição da mesa diretora, em 15 de março.
Convidou a todos para almoçarmos. Quando íamos, notei que ele
chamou os Srs. Jarin e Amauri de canto e pediu para eles fazerem a pauta. No
almoço, sentei-me com a Srª Cidinha, Presidente do SINPOL de Sorocaba,
quando argumentei que a pauta estava vazia, e que deveríamos voltar lá para
fazer constar outros itens, no que concordou.
Rapidamente almoçamos e voltamos. A pauta contava com míseros cinco
itens, a saber: questão das promoções, revogação da Portaria DIRD 01/2009
(porte de arma para aposentados), licença-prêmio (alguns diretores só estão
dando 15 dias, e negando para quem está por se aposentar), abertura de novos
concursos e “matérias de interesse geral, que seriam apresentadas de
viva-voz”.
Pronto! Estava feita a confusão. Falei para todos que a pauta
não era só aquela, que tinha muito mais, e que tudo deveria constar por
escrito e ser protocolado, para que não se alegasse desconhecimento.
Dilermando concordou. A maioria negou. Eu disse para o Presidente do meu
sindicato não assinar nada, porque não concordávamos. Chamou-me de canto e
disse que, na primeira oportunidade, entregaríamos a nossa ao DGP. Aí,
concordei.
A reunião com o DGP começou às 14h20min. Foi aberta com o Senhor
Jarin (com quem o DGP trabalhou na ACADEPOL) agradecendo a audiência e
justificando que a greve foi a última alternativa encontrada pelos
policiais, mas que em momento algum teve cunho pessoal contra qualquer
autoridade.
O DGP agradeceu a presença de todos e explicou que sofre muita
pressão naquele cargo, além de burocracia e cerimoniais necessários. Afirmou
ser uma pessoa autêntica. Disse que não mudou na essência, mas as
atribuições diferentes o fizeram pensar diferente e ter uma visão mais
ampla. Confirmou que as reivindicações são justas, mas que foi contra a
greve. Disse que perdemos com a greve, especialmente com o episódio do
Morumbi. Pediu que nas lutas seguintes utilizemos outras estratégias, não
dando “brechas” para outras instituições. Alegou que o envolvimento de
políticos denegriu o movimento. Disse que sempre tem falado com Sidney
Beraldo sobre a questão salarial. Afirmou que “eventuais” perseguições em
razão da greve não partem dele e nem do Governo – são de autoria dos
diretores e seccionais, e que ele é contra isso.
*Sobre as promoções:* disse que já era para ter saído a promoção. A lista
será por promoção e merecimento. Cada diretor indicará as promoções.
Todavia, disse que está fazendo um estudo em parceria com a FGV para haver
“indicadores” de merecimento, pondo-se fim à subjetividade. Estabeleceu um
questionário para todos os diretores para a promoção. Constam como itens o
interstício, punição nos últimos 24 meses, trabalhos científicos,
assiduidade no trabalho, cursos de aperfeiçoamento e avaliação do diretor
(este último item é a pegadinha). Nega que os envolvidos com a greve não
poderiam ser promovidos.
DILERMANDO questionou o critério de promoções. Disse que não se
tratam de promoções, mas de reclassificação dos servidores policiais. O DG
disse que veio ordem superior para se juntar cargos vacantes com a
reclassificação. Inquiriu-se então o que seria o meio da lista. Disse que o
meio da lista é a nova lista, para o caso dos 3ª Classe, ou seja, mais de
novecentos 3ª estão em condições de promoção. Disse que as promoções, todas,
devem sair no primeiro semestre. Justificou que tem cobrado muito de todos
os diretores e que há um problema no DAP – até hoje, nossas fichas são no
papel. Não estão no computador. Disse mais: que pretende até o fim de sua
gestão que as promoções sejam trimestrais.
Entrou-se na discussão sobre o plantão. Disse que há três grupos
trabalhando (DECAP, DEMACRO e DEINTERS) para um melhor aproveitamento dos
funcionários. Concorda que nos transformamos num grande “cartório” e que
isso precisa acabar. Disse que o melhor projeto, por ora, é o de Piracicaba.
Neste momento, tomei o microfone e falei sobre a questão dos
plantões e da reestruturação. Apresentei a pauta em anexo e o projeto do
Meni. Foi uma chiadeira geral. Todos (à exceção do Dilermando) reclamaram
que aquilo não estava na pauta e que era um problema só meu, que não tinham
nada com aquilo. Entendi que não queriam que o DG recebesse o trabalho. O DG
rechaçou as alegações de todos e disse que toda ajuda é bem vinda.
Protocolei com o Dr. Florenzano o trabalho, sob protestos.
O DG afirmou que não se regionalizará concursos.
*Armamento:* disse ter a pretensão de melhorar o armamento e liberar
policiais que tenham qualquer registro (SINARM, SIGMA, CR etc.) a utilizá-la,
mesmo as de uso restrito. Ele, através de solicitação do interessado, por
escrito, dá a autorização, desde que preenchidos alguns requisitos.
*Licenças-prêmio:* vai vedar a negativa da licença-prêmio, isto é, o tempo
pedido pelo servidor há de ser respeitado. Anotou que no DEINTER-1 e
DEINTER-6 tais fatos ocorrem. Disse que cobrará dos diretores.
O DG disse que deseja a valorização da Polícia Judiciária, com o
fim dos “chancelamentos” de B.O. ‘s, mas teme o chamado “ciclo completo” da
PM, já que se está sofrendo pressão da Secretaria Nacional de Justiça nesse
sentido. Segundo ele, foi-se proposto que a PM faça o ciclo completo, a
Federal fique com suas atribuições e nós com os “casos especiais”. Teme que
aí entre o MP e retire isto da Polícia Civil, já que não se sabem quais
seriam os “casos especiais”.
Quer a radical diminuição de atendimento ao público no plantão.
Como já disse anteriormente, concorda que viramos um grande “cartório”.
Todavia, quer o público muito bem atendido, pois não é justo o público ficar
por horas numa delegacia esperando para ser atendido. Essa é uma pressão do
governo e dos prefeitos. Nesse momento, DILERMANDO mais uma vez pediu a
palavra, quando disse que a culpa não é nossa, mas da PM, que pega a
ocorrência e demora quarenta minutos para fazer o BOPM, para depois
apresentar. Queixou-se também da perda de autoridade, exemplificando com
casos em que determinamos que algo vá para exame e eles se negam a fazê-lo,
atrasando todo o trabalho. O DG ficou quieto, dando a entender que nada
poderia fazer nesse sentido.
Prometeu fazer gestões na PGE para agilizar as promoções. Pôs-se
aberto a reivindicações, e disse que poderíamos cobrá-lo pessoalmente. Pediu
que todas as solicitações não atendidas, que façamos chegar ao Dr.
Florenzano (creio que uma espécie de secretário da DGP).
*Reestruturação:* pretende que todas as carreiras atinjam o nível superior,
como na Federal. Orientou que muitas carreiras serão extintas, mas todas
serão valorizadas.
*ALE:* o valor único foi pleiteado. O DGP disse que realmente pretende mudar
isso. Disse que o governo já está convencido de que há injustiça e que
estuda a modificação. Cumpre dizer que este foi um assunto pleiteado pelo
colega PAULO CESAR, o qual deu exemplo da diferença de ALE entre Votorantim
e Sorocaba, cidades ligadas entre si por uma rua e que recebem valores
diferentes.
*Fim dos “penduricalhos” e transformação em um único salário:* pleiteou-se
(Sr. Bailoni) o fim das verbas travestidas de aumento, para que percebamos
um único valor. Disse o DGP que realmente há um estudo nesse sentido.
*Escolta de presos:* não há como se acabar por enquanto. Disse que a SAP
pretende fazer os concursos, está com dinheiro para construção de novos
presídios, mas encontra entraves políticos (prefeitos que não querem cadeias
em suas cidades) para construção e contratação de pessoal. Mas ainda assim,
o SSP estuda uma melhor solução para sanar a questão.
Nesse momento, Walter (Presidente do SINPOLSAN) pediu a palavra.
Disse que com relação ao episódio de 16 de outubro (confronto com a PM) os
policiais de Santos nunca mais esqueceriam, e que todos os dias 16 de
outubro, em Santos, haveria manifestações para lembrar o “Dia da Traição”.
No meu entender, com todo respeito ao Walter, não era o momento para tal observação.
Ao final da reunião, fotos. O Sr. Bailoni e o Sr. Amauri vieram
falar comigo, reclamando que eu não podia ter feito aquilo. Disse que
assumia a responsabilidade e que as reivindicações tinham o timbre do meu
sindicato, que ele saberia e quem cobrar. O Sr. Bailoni pediu-me desculpas
por ser “bocudo”, mas que eu estava errado. Disse que eu era mais bocudo que
ele a faria o que considerasse necessário. Fomos embora.
Peço desculpas a todos se fui muito incisivo, mas como muitos já
me conhecem, sou um ogro, um troglodita e não engulo sapo. Não sou político.
Fiz o que achei que deveria ser feito.
Era o que tinha a lhes informar. Ponho-me à inteira disposição para
outros esclarecimentos se tiver como fazê-los.
Marcello Marinho Costa de Oliveira
Delegado de Polícia de Santos/SP
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A MENSAGEM ACIMA FOI PUBLICADA SEM O CONHECIMENTO E AUTORIZAÇÃO DO SEU AUTOR.