Arquivo diário: 08/10/2008
NA PRÁTICA: 24 horas se foram… 9
CARTA ABERTA AOS DELEGADOS DE POLICIA 21
Já na década de 1970 cogitou-se de greve, mas não se conseguiu mobilização suficiente, não por falta de coragem ou liderança, mas pelo apego à liturgia do cargo e à missão do Delegado de Polícia. De qualquer maneira, o Governo dialogou com a classe e, pelo menos em parte, cedeu aos nossos reclamos.
Agora a greve eclode: inédita, forte, legítima e legal, potencializada pelas lideranças emergentes, pela intercomunicação instantânea, pelas passeatas, pela mídia e até pela pressão do Governo.
Inscrevi-me no grupo e tenho, com viva emoção, acompanhado seu desenrolar, especialmente pelas mais de 8000 mensagens guardadas em meu computador. Achei que não me cabia incentivar a greve, não por discordar dela, mas porque, como aposentado, não estaria dando “a cara a tapa” como o(a)s colegas da ativa.
Fui, no dia 24 de setembro, convidado a participar de uma reunião com os Secretários de Gestão e da Segurança, presentes o Delegado Geral e mais quatro Conselheiros. Aceitei após esclarecer que não estaria representando ninguém e limitar-me-ia a ouvir. Nessa reunião, os Secretários expuseram aos presentes a proposta que o Governo entendia, financeira e politicamente, possível: 4,5% de aumento, extinção da 5ª classe, supressão ao ALE de menor valor e elaboração de projeto de lei sobre aposentadoria especial.
Vou limitar-me a sintetizar o que, ao final, eu disse aos Secretários (por não confiar na memória, anotei os pontos principais):
1. reafirmo que aqui não represento nenhuma entidade ou movimento;
2. a situação da classe é insustentável;
3. a proposta é inaceitável;
4. é falácia argumentar com a limitação da Lei de Responsabilidade Fiscal, dado que o próprio Tribunal de Contas do Estado entende que, para atender ao mandamento constitucional de revisão geral e anual dos vencimentos dos servidores públicos, não incide tal limitação;
5. já em 1983, presidi Comissão que elaborou projeto de reestruturação da Polícia Civil, que nenhum governo prestou-se a prestigiar e adotar. Como acreditar que o atual projeto vingue e nos aparte da PM? Só a extinção da 5ª classe não será suficiente;
6. a política de concessão de gratificações pontuais e não incorporáveis é errada e diversionista;
7. marginalizar os aposentados e as pensionistas dos reajustes é covardia (textual), dado não terem estes e estas capacidade de reação e de mobilização;
8. não é verdade que o Governo não dispõe de recursos para atender a classe, dado que, no final do ano passado, o superávit primário do Estado estava em R$ 17,2 bilhões ([1]);
9. assim, o limite de R$ 500 milhões anunciado como limite fixado pelos órgãos de planejamento e fazendários para custear o reajuste poderia e deveria, por decisão política do Governador, ser revisto e aumentado;
10. o problema da Polícia Civil deveria ser tratado separadamente da PM, dado não ser justo que ela se aproveite do movimento da Polícia Civil para beneficiar-se, ainda mais quando disso se utiliza para usurpar funções;
11. o Governo cometeu alguns erros crassos, jogando gasolina na fogueira: puniu o Presidente da ADPESP e o Seccional de Barretos; determinou que Diretores exerçam pressão sobre os colegas; mandou a PM fazer B.O. “Secretário: isso é a mesma coisa que xingar a mãe da gente” (textual);
12. a promessa de mandar projeto de lei restabelecendo a aposentadoria especial pouco representará para os colegas da ativa, em face da perda de 25% relativos às vantagens não incorporáveis, enquanto estas tiverem essa natureza;
13. o fato do Governo afirmar que não negocia durante a greve é relativo, pois nada impede que terceiros façam essa intermediação, dando como exemplo a OAB;
No dia 26 recebi convite para nova reunião, ocasião em que o Secretário Beraldo apresentou aos presentes praticamente a mesma proposta. Admitiu como opção a permanência do ALE 1, aproveitando essa verba para aumentar de 4,5% para 6,2% o índice do reajuste geral. Confirmou que o Governo concordara em mandar o projeto de lei sobre a aposentadoria especial e o projeto de reestruturação, no qual a 4ª Classe passaria a “virtual”, ou seja, nela seriam nomeados os Delegados que ingressassem na carreira, permanecendo durante o estágio probatório, com promoção automática à 3ª Classe, ao fim daquele período, fixando-se em 10% a diferença entre as classes.
Ficou assentado que os Conselheiros passariam essa propostas aos respectivos Delegados, ocasião em que, com palavras textuais, reafirmei: “Acho a proposta inaceitável e não serei interlocutor ou defensor dela perante os colegas”.
Há diversos motivos para ter achado e ainda achar, tal como está, inaceitável a proposta: a) percentual irrisório; b) falta de previsão para os anos seguintes; c) manutenção: c.1) da política de gratificações que não se incorporam e que inviabilizam a aposentadoria; c.2) da discriminação dos aposentados e pensionistas; c.3) da 4ª Classe; c.4) da vinculação com a PM; d) do pequeno percentual (10%) entre as classes.
O maior motivo, talvez, seja o seguinte: A aceitação pura e simples da proposta de eliminar somente a 5ª Classe, dará ao Governo, a um custo ínfimo, a alforria de não ser mais o Pior Salário Do Brasil, gravame político que muito o incomoda e que representa o grande trunfo que a classe perderá.
Enquanto essas consultas eram feitas, eis que, nesta segunda-feira, em reunião realizada na ADPESP, deliberou-se suspender a greve por 48 horas.
Li, desde então, todas as mensagens que circularam na nossa página da Internet. Essa leitura é que me fez escrever esta carta, profundamente preocupado com a situação.
Não vou entrar no mérito de ter sido oportuna ou inoportuna tal suspensão, correta ou incorreta a forma pela qual foi decidida. São ponderáveis as razões de um e outro lado. “Não custa suspender o movimento, até para passar a bola para o Governo e demonstrar que é dele o radicalismo”, dizem uns. “Parar a greve é mostrar fraqueza, ainda mais quando não foi decidida em assembléia”, afirmam outros.
A vida e a advocacia ensinaram-me a encarar o fato. O fato é que esse episódio está dividindo a classe, para gáudio do Governo. Isso, não podemos aceitar!
Embora não integre o Comando de Greve e seja um mero integrante do grupo, é em nome da união da classe que me dirijo aos colegas, não sem antes de redigi-la ter pedido inspiração aos queridos ex-presidentes e grandes líderes da nossa classe, a quem, em vida, aprendi a estimar, ouvir e respeitar: Amir Neves Ferreira da Silva, Mauricio Henrique Guimarães Pereira, Ivahir Freitas Garcia, Coriolano, Nogueira Cobra, Francisco Guimarães do Nascimento, Newton Fernandes, Jair Cesário da Silva, Antonio Ribeiro de Andrade e Guilherme Pires de Albuquerque.
Não há tempo hábil e nem condições práticas e emocionais para um imediato consenso. Suspendam, por favor, as críticas e as retaliações pessoais! Quem acha que deve prosseguir com a greve, faça-o, sem críticas dos que discordam. Quem quiser suspendê-la, que o faça e seja respeitado por isso.
Nesse ínterim, ante o fato posto, vamos ver o que o Governo faz com a bola que recebeu (a contra-proposta). É a vez dele falar!
Sobre o que vier a falar (ou não falar), a classe reunida e “re-unida” adotará, em assembléia promovida pela ADPESP, o que achar justo e, aí, todos se obrigarão quanto ao democraticamente decidido.
Se tiver restado, enquanto isso, dúvida sobre o comportamento de algum colega, ao final – e só então – o Conselho de Ética da Associação poderá ser acionado para apreciá-lo.
Por fim, uma palavra aos colegas e amigos Diretores, Seccionais e Divisionários, companheiros de antigas lutas, a quem guardo grande estima e profundo respeito e aos quais rogo indulgência por incluí-los nesta carta.
Compreendo a difícil e delicada posição de vocês. Nem sempre é possível atender aos interesses do Governo e da Classe, interesses que em regra se contrapõem. Mas é imperioso tentar. Respeitem a postura dos colegas que aderiram à greve, cujo respaldo de legalidade foi dado pelo Poder Judiciário e que, no fundo, atuam em benefício de seus próprios interesses (leia-se: vencimentos).
Sabemos nós que, no fundo, vocês concordam com os reclamos da classe, justos e antigos. Se for o caso, avoquem a ocorrência que o colega não atendeu e dêem-lhe a solução adequada. Pressionem “de leve”. Não “entreguem”. “Jogo de cintura!”.
Não permitam retaliações. Sejam paternalmente tolerantes com os mais jovens.
O Governo é frio, impessoal e ingrato. O cargo é passageiro. O poder é efêmero e enganoso. Nossa consciência é severa. A memória da classe é duradoura.
Que Deus a todos nos inspire e guarde.
São Paulo, 7 de outubro de 2008.
KFOURI.
Na realidade estamos mais unidos do que nunca. Mas o nó está preso na garganta…é desabafo…14 anos sem poder falar nada… 9
Na realidade estamos mais unidos do que nunca. Mas o nó está preso na garganta…é desabafo…14 anos sem poder falar nada…
8 de Outubro de 2008 17:26
Anônimo disse…
COMO LEITOR ASSIDUO DO BLOG OPINO-
DITADURA AGAIN!!!!!!!!!!! 7
Anônimo disse…
O pior é que nos tentam silenciar a pulso, violentando nossos ideais, e desprezando as demais carreiras!!!!!!!!!!!!!!!
ESTÃO BLOQUEANDO O ACESSO DO SITE NAS DELEGACIAS!!!!!!!!!!!!
É SÓ METER A BOCA QUE NO DIA SEGUINTE ELES BLOQUEIAM!!!!!!!!!!!
DITADURA AGAIN!!!!!!!!!!!
PAU NO JOSÉ XIRICO SERRA!!!!!!!!!!!!!
8 de Outubro de 2008 11:29
OS POLICIAIS CIVIS SÃO INTELIGENTES… 4
DEPUTADO ADRIANO DIOGO – PT: "PSDB até o azul da sua bandeira foi roubado!" 12
QUEM FICA DE QUATRO PARA O "dem" NÃO MERECE RESPEITO DA POLÍCIA 3
Fiquem com o “dem”…
MARÍLIA E REGIÃO 3
CAPEZ ACABA DE FAZER UM APELO: ACABEM COM A GREVE! 13
NÃO É NADA FÁCIL LER E DIVULGAR POSIÇÕES CONTRA OS DELEGADOS…MAS A NOSSA OBRIGAÇÃO É PROVAR O CONTRÁRIO OUVINDO E RESPEITANDO OUTRAS VOZES 13
Porra Guerra, eu até admiro seu blog e já fiz muitas postagens por aqui, mas isso está virando uma batalha entre a própria polícia civil.
NÃO ADIANTA FICAR METENDO O PAU EM DELEGAS TRAÍRAS.VAMOS PRA PAULISTA NA SEXTA- FEIRA E MOSTRAREMOS NOSSAS FORÇAS. 16
COMUNICADO URGENTE! 23
A PALAVRA TRAIÇÃO É FORTE E INJUSTA, PRINCIPALMENTE PORQUE CONTINUAMOS NA BRIGA PELO MESMO IDEAL 35
SENHORES POLICIAIS CIVIS OPERACIONAIS, ACHO QUE ESTÁ HAVENDO UMA INVERSÃO DE VALORES NESSES COMENTÁRIOS A RESPEITO DE SUPOSTA TRAIÇÃO POR PARTE DOS DELEGADOS.
A IMPRESSÃO QUE SE TEM É QUE APENAS VOCÈS É QUE ESTÃO COM SALÁRIOS RUINS E OS DELEGADOS NÃO. NA REALIDADE, O PIOR SALARIO DO BRASIL É NOSSO E NÃO DOS OPERACIONAIS. VOCES PEGARAM “CARONA” NESSA FRASE CONSTRUIDA PELO SINDICATO DOS DELEGADOS.
ULTIMAMENTE TIVERAM 66% DE DEFASAGEM SALARIAL E NÓS DELEGADOS 96%, AMARGANDO A ULTIMA COLOCACAO NO RANKING SALARIAL.
PAREM DE CRITICAR. FALO POR MIM E PELOS DELEGADOS QUE CONHEÇO.
NINGÚEM ESTÁ TRAINDO NINGUEM. COMO VOCÈS, ESTAMOS MOBILIZADOS A PARAR NOVAMENTE CASO O GOVERNO NÃO CONCORDE COM NOSSA PROPOSTA.
ALIAS, TAL PROPOSTA É PARA TODAS AS CARREIRAS E NÃO APENAS DE DELEGADOS.
TENHAM CONSCIENCIA DE QUE ESSA GREVE SÓ CHEGOU ATÉ AQUI EM RAZÃO DO DELEGADO DE POLICIA TER ASSUMIDO O MOVIMENTO GREVISTA, JÁ QUE QUEM TEM O PODER DE DECISÃO É A AUTORIDADE POLICIAL.
NÃO SE ESQUEÇAM, ESTAMOS DO MESMO LADO E MESMO DIANTE DESSE RECUO MOMENTANEO DA ADPESP, A PALAVRA TRAIÇÃO É FORTE E INJUSTA, PRINCIPALMENTE PORQUE CONTINUAMOS NA BRIGA PELO MESMO IDEAL.
ACHO QUE ESSE MOMENTO É PARA REFLETIR QUE CHEGOU A HORA DOS OPERACIONAIS ASSUMIREM DE VEZ A GREVE. SE O DELEGADO MANDAR FAZER O B.O, MANDAR FAZER ESCOLTA, EXPEDIR O.S, DIGAM A ELE: ESTOU EM GREVE: É SEU DIREITO ESTAR EM GREVE, MAS ASSUMAM TAL POSIÇÃO.
( comentário de Dr. Paulo)
HOMENAGEM AOS MEMBROS DA ADPESP QUE VOTARAM PELA SUSPENSÃO 4
Bom dia, Dr Guerra.
Como sei que as portas do seu blog não compactuam
com a mentira, e nem tampouco com maquinações às
escuras, estou enviando esse clássico do Raul Seixas
que, prá mim, traduz na essência o momento que a
Polícia paulista vive.
Dê uma olhada, ou melhor, escute bem, pois o áudio é
melhor do que as imagens.
Um cordial abraço.
GUSTAVO