Polícia de Campinas pára e população sente reflexo

Polícia de Campinas pára e população sente reflexo
Pela primeira vez desde que foi criada, há 100 anos, a Polícia Civil está com seus delegados em greve
16/09/2008 – 20h19 . Carla Silva

Faixas sobre o movimento dos policiais na frente do 5º DP, no Jardim Amazonas, em Campinas(Foto: Rogério Capela/AAN)
Pela primeira vez desde que foi criada, há 100 anos, a Polícia Civil está com seus delegados em greve, desde as 8h da manhã de hoje e por tempo indeterminado.

Até então, apenas investigadores, escrivães, carcereiros, entre outras carreiras tinham aderido às paralisações anteriores da categoria.
Temos delegados abandonando a carreira, por causa dos baixos salários. A greve é uma questão de pedir dignidade, exigir uma reforma na Polícia Civil, afirmou o delegado André Dahmer, diretor da Associação dos Delegados do Estado de São Paulo (Adesp).
O salário inicial de um delegado na Polícia Civil é de R$ 2.368,00.
As melhorias, ocorridas a cada três anos, não são nada significativa.
Em Campinas e nas cidades da região a adesão ao movimento foi de 100%, segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Aparecido de Lima Carvalho.
Os reflexos foram sentidos pela população que durante o dia de hoje foi orientada a registrar os casos pela internet e se não fosse possível voltar outro dia.
Fizeram saque na minha conta corrente e preciso registrar um BO (Boletim de Ocorrência). Agora vou ter que esperar até não sei quando, disse a dona de casa Marisa Felin, de 43 anos.
O estudante Carlos Roberval Santo, de 19 anos, disse que, apesar de ficar sem o registro do furto de sua carteira, onde havia dinheiro e cartão de banco, apoiava o movmento grevista.
Todo mundo faz greve. A PF pára.
Por que a Polícia Civil não?, questionou o estudante. Ele explicou que faria o BO pela internet.
No final da tarde de ontem, os quatro plantões policiais da cidade estavam praticamente vazios. Neste momento de greve, pedimos a população que entenda o que estamos fazendo, pois estamos lutando por uma melhora na segurança pública, falou Dahmer. Em Hortolândia, Sumaré e Monte Mor, poucas pessoas procuraram o balcão das delegacias para o registro de BOs.