Bom dia,
Assisti a reportagem sobre a situação do Dr. Corazza, Delegado de Polícia de Classe Especial, que foi vinculada, ontem, domingo, na Record.
Todos dão muita importância ao cargo de Delegado de Polícia, diga-se de passagem, merecida importância, mas gostaria de saber o que será das demais carreiras?
Ninguem comenta que o salário de investigador é uma humilhação, bem como o das demais carreiras de nível médio.
O salário do Interior, é o mais próximo da miséria possível.
Saí da Capital e por vontade própria estou no Interior. Meu serviço?
Triplicou, faço de tudo aqui na minha Delegacia. De BO. a bloqueio, de notificação a flagrante, escolta de presos a desfiles na cidade, de Mega Operação a rondas noturnas.
Meu sálario?
Diminuiu R$ 587,00, trabalhando de segunda a sábado, com desfiles civicos e escolta de presos aos domingos.
Nossa delegacia não tem material, as vezes falta até papel para imprimir BOs, as vezes temos que diligenciar com nossos próprios veicúlos porque as viaturas da Delegacia, com certeza, nos deixarão pelo caminho, em meio ao trajeto de terra com muitos buracos e pedras.
Bem, mas este tipo de coisa não interessa muito aos colegas da capital, e talvez, alguns ainda pensarão, foi pro Interior porque quis, mas não é só a minha situação.
Tenho três parceiros que são da nobre carreira de “Carcereiros Policiais”.
Além da carga horária acima descrita, eles ainda precisam fazer escalas extras em Delegacias da Região, cuidando de presos(as), que é a função deles.
Então, pergunto, como podem viver dessa forma?
Não tem vida senão a policial, não tem folgas, não podem sequer viajar, quando milagrosamente podem trocar um plantão, pois quando têm folgas, respondem a distância por alguma cadeia?
O que nos tornamos?
Escravos da Nossa Própria Instituição?
Todos sabem dessa situação, mas isso só acontece no Interior, não afeta quem manda na Polícia. Esqueci de comentar que ainda a pouco, fomos convocados, não convidados, mas sim convocados, para assistir a entrega de Título de Cidadão Benemérito da cidade ao Delegado Seccional, vestidos com uniformes que compramos e equipamentos particulares, aparecemos em fotos e eventos sociais, para em seguida, fazermos investigações sigilosas e discretas na mesma cidade de poucos 150.000 habiatantes, sendo que nem metade, na região urbana da cidade.
Isso é uma Vergonha!
Temos policiais aqui, que fazem serviços em trocas de vagas em escolas pra seus filhos, no supermercado em troca de cesta-básica, no posto de gasolina em troca de combustível.
Onde estão falando disso?
Em nenhum lugar.
Depois ainda temos que ler por aí, que coleguinhas de São Paulo (capital), que somos roçapols?Precisa ser MUITO pra ser roçapol.
Não precisa ser nada, pra passar o dia todo lambendo algum delegado em São Paulo, aparecer fantasiado de verde na televisão ao lado de belas mulheres treinando para uma policinha que não existe.
Passar o dia inteiro em uma academia, malhando e treinando para flmes de ação, para isso só é preciso ter dinheiro e ser MUITO puxa-saco.
Comprar um lugar na Polícia é comum, mas para os roçapols, além de não existir tal facilidade, só se pudessemos pagar com serviços prestados ou em correntes religiosas, porque aqui, não existe mamata.
Espero os meus colegas roçapols, tenham ORGULHO, de assim serem, pois hoje, tenho muito orgulho de ser policial do Interior, tenho muito orgulho de em um mês fazer mais flagrantes que policiais de São Paulo, maçanetas e marcianos de farda civil, ousaram fazer em décadas de carreira.
Colegas de São Paulo, desculpem o desabafo, mas certas coisas são imperdoáveis.
Aqui, estamos em GREVE.
Nossas viaturas não saem e nossas investigações estão paradas.
Estamos nós policiais por perto, em QAP, pois só existe nosso setor se alguma M…. acontecer na Delegacia, mas estamos com muito orgulho de sermos Policiais Civis do Interior e estarmos fazendo parte desse movimento justo e digno.
Abraços!
(por um colaborador)