BAURU: Greve de policiais causa fila na Ciretran

12/09/2008
Greve de policiais causa fila na Ciretran
Apenas 60 dos 300 veículos foram vistoriados ontem pela manhã, o que gerou reclamações por parte dos motoristas
Marcelo de Souza/Da Redação
Apenas um perito e 300 veículos na fila para serem vistoriados. Esta era a cena ontem pela manhã na 5ª Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Bauru e que gerou reclamação de quem precisava do procedimento, que é obrigatório para transferência de veículos. Em condições normais, há apenas um funcionário para fazer o serviço. Mas ontem, por causa da greve da Polícia Civil, o atendimento estava ainda mais limitado. Apenas 20% dos veículos foram vistoriados. Ou seja, apenas 60 carros. Sem saber que a paralisação atingiria a Ciretran, motoristas se dirigiram ao local, mas logo perceberam que não haveria possibilidade de atendimento. Senhas foram distribuídas.O pintor José Antônio Gonçalves conseguiu uma delas. Para ele, foi um alívio saber que seria atendido mais tarde. “Não sabia que estaria assim. Se soubesse, teria chegado mais cedo”, disse, sem querer manifestar opinião sobre o movimento grevista. Para o delegado regional do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo (Sipesp), Márcio Cunha, a situação de ontem na Ciretran reflete o que acontece na Polícia Civil em todo Estado. Segundo ele, a situação em municípios menores, como Paulistânia, Presidente Alves e Borebi, por exemplo, é ainda pior, já que há apenas um policial civil para atender todas as ocorrências. “Isso que os colegas se desdobram para trabalhar aqui não acontece na Capital, porque lá o efetivo é maior. Então, qualquer espécie de limitação que a gente coloca no serviço público, faz com que impere o caos”, frisa. De acordo com ele, há uma disparidade entre os policiais da Capital e do Interior em termos salariais e em estrutura de trabalho. Para Cunha, em Bauru o efetivo é extremamente defasado, não só no Ciretran, mas nos demais setores da corporação. “A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) necessitaria de 49 policiais civis, com base na portaria SSP 73/91. E conta hoje com 18 policiais. Um município como Bauru com uma única equipe de homicídios? Está vindo à tona a ingerência do governo do Estado”, frisa. GovernoEmbora a Delegacia Geral de Polícia Civil do Estado de São Paulo não comente, nem apresente números relativos à greve da Polícia Civil retomada anteontem, informa que não houve interrupção dos serviços em qualquer unidade policial do Estado.Por intermédio da assessoria de imprensa, também acrescenta que não houve registro de qualquer manifestação durante o expediente e que não recebeu nenhuma reclamação da população de atraso no atendimento.Segundo o órgão de comunicação, o governo permanece aberto à negociação. Apresentou propostas que representam um gasto a mais de R$ 500 milhões ao ano com a polícia. Aguarda a apresentação de contraproposta exeqüível, dentro dos limites impostos pelo orçamento do Estado, conclui nota encaminhada à Redação.
____________________Sede própriaEm breve, um único imóvel de Bauru sediará as subsedes do Sindicato dos Escrivães de Polícia do Estado de São Paulo, do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo (Sipesp) e do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo. As entidades estão procurando uma casa onde possam atender de forma unificada.Atualmente, sem sede própria, a categoria se reúne na Associação dos Investigadores da Polícia, na rua Comendador Leite, 2-38, no Jardim Bela Vista. Outras informações podem ser obtidas com Álvaro Pacheco de Campos, delegado do Sindicato dos Escrivães de Polícia do Estado de São Paulo, pelo telefone (14) 9762-4550.