Em fiscalização, postos de combustível são interditados em SP
Fiscais pretendem visitar 24 postos de combustíveis nesta terça-feira (24).
Equipes da Agência Nacional do Petróleo (ANP), acompanhadas pela polícia fazendária e por fiscais da prefeitura pretendem visitar 24 postos em várias regiões da cidade nesta terça-feira (24). Dos 15 postos visitados até por volta do meio-dia por uma equipe de fiscais, seis foram interditados.
Um auto posto na Estrada Dom João Nery foi duplamente interditado. O Contru, setor da Prefeitura que fiscaliza os imóveis, encontrou problemas na documentação e na estrutura como irregularidades que comprometem a segurança, como extintores descarregados e instalações elétricas precárias. Além disso, bombas antigas eram usadas e o posto não apresentou o laudo que atesta que não há vazamentos.
Um posto na Avenida Itaquera foi interditado por vender gasolina com 50% de álcool. Já na Avenida Coronel Sezefredo Fagundes, um outro posto foi interditado por ter rompido o lacre das bombas. Na Rua do Hipódromo, Via Anchieta e na Rua Flores do Piauí outros postos de combustível também foram interditados nesta terça.
Todos postos foram denunciados pela população por suspeita de adulteração de combustível. Na segunda-feira (23), o Jornal Nacional mostrou que a qualidade do combustível vendido em São Paulo preocupa. Em um dos postos visitados a gasolina tinha 56% de álcool quando o máximo permitido é de 25%.
Denúncia
Pouco mais de um ano após mostrar o teste da proveta em postos da Grande São Paulo, quando se detectou que 20% dos estabelecimentos vendiam combustível adulterado, a reportagem mostrou que o combate aos fraudadores não foi suficiente. Após a primeira denúncia, o índice de adulteração despencou 7% e 174 postos foram fechados na capital, mas a máfia do combustível voltou a agir. “Hoje o mercado está com uma adulteração em torno de 27% e a gente não via isso há muito tempo; há mais de três anos que a adulteração não chegava a este patamar”, diz José Gouveia, presidente do Sindicato dos Donos de Postos.
Para não levantar suspeitas, antes da coleta, o carro usado no teste passou por uma reforma no sistema de abastecimento que desviou a gasolina para um galão dentro do veículo. Os postos testados ficam na Zona Leste, a campeã da mistura ilegal em São Paulo. Segundo o Sindicato dos Donos de Postos, quatro em cada dez comerciantes da região vendem gasolina com mais álcool do que os 26% permitidos por lei. Além disso, misturam solventes que estragam o motor do carro.
Análises
O posto Marta e Branco, de bandeira BR, fica na Avenida Salim Farah Maluf. Lá, a amostra analisada por um técnico do Sindicato dos Donos de Postos identificou 46% de álcool. Na Avenida Regente Feijó, o posto Chaparral – este bandeira Texaco – apresentou mais que o dobro do álcool permitido: 54%. E a fraude não pára por aí. Na Avenida Luiz Ignácio de Anhaia Mello, o Posto Map, de bandeira BR, também na Zona Leste da capital, apresentou o recorde de fraude: 56% de álcool. A parte amarela do teste também ficou completamente fora dos padrões. A concentração de benzeno foi de 3,18% quando deve ser de, no máximo, 1%.
“A estrutura da ANP (Agência Nacional do Petróleo) é bastante precária. Eu tenho aqui dez agentes para fiscalizar todo o mercado de combustível. Nós achamos que alguém que adultera combustível não pode continuar no mercado trabalhando normalmente. Precisa ter inscrição cassada e precisa ter, portanto, uma legislação federal mais dura”, diz Alcides Amazonas, coordenador da ANP.
O Jornal Nacional tentou, sem sucesso, entrar em contato com os donos dos postos com gasolina adulterada