Operações 2007 – Polícia Federal
Não há referência a Operação Coleta, mencionada na reportagem do Fantástico.
Operações 2007 – Polícia Federal
Não há referência a Operação Coleta, mencionada na reportagem do Fantástico.
A denúncia que o Fantástico vai fazer agora é daquelas que deixam qualquer brasileiro revoltado. Como se sabe, o roubo de cargas nas estradas nacionais é uma praga. São 11 mil assaltos a caminhoneiros por ano e mais de R$ 700 milhões de prejuízo.
A Polícia Federal prendeu recentemente o maior ladrão de carga do país. Mas, como você vai ver, esse bandido compra as maiores mordomias dentro da cadeia: até churrasquinho. Isso é apenas a ponta de um escândalo que envolve inclusive a corrupção de policiais.
“O caminhoneiro em si, hoje, já sai de casa com a cabeça a mil por hora, já sai preocupado, com aquela aflição”, comenta um caminhoneiro.
É uma história que se repete 11 mil vezes por ano. “Fui abordado por três elementos. Um falou para mim que era um assalto”, conta o caminhoneiro.
Os rostos anônimos contam apenas a parte mais conhecida. “Eu pensei nos meus filhos. Eu só pensava nos meus filhos”, diz o caminhoneiro, aos prantos.
Por trás das abordagens e das ameaças de morte, estão quadrilhas que roubam mais de R$ 700 milhões em cargas por ano.
Fantástico – João, qual era a sua participação nos crimes?
João – Pergunta a eles aí.
Segundo a Polícia Federal, João Barbosa Sobrinho é o chefe do maior desses bandos, que acaba de ser desmantelado pela operação coleta. “A quadrilha rouba tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo e, muito provavelmente, também em Minas”, diz Jorge Furquim Werneck, promotor de Justiça (RJ).
Ainda de acordo com a PF, o principal assaltante a serviço de João Barbosa é Marco Antônio Chaves, o Marquinho Paraíba, preso em outubro do ano passado quando jantava num restaurante em frente à praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Marquinho Paraíba está na carceragem da Polinter, no Rio. Mesmo lá, ele dá um jeito de continuar comendo bem e se comunicando livremente, como comprovam escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça.
Paulo – Está precisando de alguma coisa?
Marquinho – Não, só que o plantão lá hoje é bom, né? Podia mandar um negócio para nós aí, para ficar bêbado um bocado aí, né?
O homem do outro lado da linha é Paulo Francisco Luciano. Ele foi preso em dezembro do ano passado pela Polícia Federal numa batida que resultou na apreensão de 56 toneladas de fios de cobre roubados pela quadrilha.
Do supermercado, Paulo telefona para Marquinho Paraíba, que, de dentro da cadeia, passa a lista de compras.
Marquinho – Anota aí o que nós vamos querer. Compra aí duas de vodka.
Paulo – Duas de vodka. A garrafa de Vodka, a Smirnoff, está R$ 17. Agora tem uma mais barata. R$ 8.
Marquinho – A de R$ 8 deve ser veneno puro, vai matar nós lá. Ah, bota dez garrafas de vinho.
Paulo – Dois drumetes de frango
Marquinho – Dois drumetes de frango, dez vinhos.
Paulo – A carne também, vai querer a carne?
Marquinho – A carne? Pode ser. O que tu acha? Um quilo. Aí tu vê mais ou menos quanto é que dar para eu dividir com os malucos lá.
Paulo – Falou.
Foram escutas como essa que levaram a Polícia Federal a prender a quadrilha.
“Eles iam até os postos de combustível onde os caminhoneiros costumam pernoitar. Com caminhões estacionavam nesses postos, escolhiam a carga, conversavam com os caminhoneiros, descobriam quais eram as cargas melhores, e após isso, quando os caminhoneiros estavam dormindo invadiam o caminhão. A partir daí levavam para o galpão”, diz o delegado da Polícia Federal Hilton Coelho.
Em dezembro passado, policiais da Operação Coleta monitoravam a atividade do bando quando um caminhão carregado com 24 toneladas de cobre foi roubado. A carga foi transferida para outra carreta. Quem dirigia era Carlos Henrique de Oliveira, acompanhado de Wendel Barros, que tinha um mandado de prisão expedido e estava foragido da Justiça. Os dois levavam notas fiscais frias.
“A carreta foi seguida por nossa equipe até São Paulo. Ficou em um posto de gasolina durante dois dias, depois seguiu para o receptador”, conta o delegado da Polícia Federal Hilton Coelho.
Mas no caminho para o receptador, uma surpresa. “Ela foi interceptada por uma viatura policial”, diz o delegado.
A viatura policial era da Polícia Civil, 77º distrito de São Paulo. “A viatura abordou o caminhão fora de sua circunscrição e examinaram, pelas imagens que nós temos, as notas fiscais. Levaram o caminhão para a delegacia com o motorista e o ajudante”, prossegue o delegado.
De acordo com a investigação da Polícia Federal, começou aí uma negociação entre os bandidos e a Polícia Civil dentro do 77º distrito. No diálogo gravado, o motorista do caminhão, Henrique de Oliveira, conversa com um integrante da quadrilha, Márcio Carvalho.
Henrique – Eu estou dentro da DP lá.
Márcio – Segura aí que eu tô com um amigo meu lá desenrolando, está legal?
Henrique – Então, estamos na 77º.
Segundo a Polícia Federal, os policiais civis queriam dinheiro para liberar a carga roubada. “O pedido inicial foi R$ 300 mil, baixou para R$ 200 mil”, afirma o delegado da Polícia Federal Hilton Coelho.
Por telefone, Márcio conversa com o chefe da quadrilha, João Barbosa.
João – Fala, Márcio.
Márcio – Caiu para 200 (mil).
João orienta Márcio a oferecer R$ 50 mil. Logo, vem a resposta.
João – Oi?
Márcio – Ele bateu o pé e mandou eu enfiar os R$ 50 mil no **.
“Acabou em R$ 100 mil em dinheiro”, aponta o delegado da Polícia Federal Hilton Coelho.
João – Na escuta aí, Márcio?
Márcio- Eu tô lá com o delegado e agora tô esperando o delegado chefe chegar para poder bater o martelo. O delegado chefe dele que é amigo dele tá vindo para cá.
Segundo a Polícia Federal, a Polícia Civil abriu inquérito para investigar um crime de ordem tributária e deixou a carga sob responsabilidade de um fiel depositário, no caso, o próprio integrante da quadrilha Márcio de Oliveira.
Márcio – O fiel depositário tem que estar na presença deles e ter o documento e assinar, entendeu?
João – Não tem como arrumar isso aí, não?
Márcio – João, eu vou botar o meu na reta, porque eu tô querendo me livrar, então eu vou botar o meu nome.
João – Isso aí não dá nada, não. Isso aí é m****.
Márcio – Tá, tudo bem. Vou fazer isso. Mas depois que botar o material lá eu vou correr atrás de vergalhão, essa coisa para polícia poder tirar foto.
Segundo a investigação da Polícia Federal, depois de liberada, a carga foi levada até Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde foi vendida por R$ 400 mil.
“Com relação ao pagamento de propina, nós não temos conhecimento disso, de que nenhum policial nosso esteja envolvido. Também, volto a afirmar, a corregedoria vai apurar qualquer situação”.
Márcio Oliveira, o fiel depositário da carga, homem que conduziu as negociações com a Polícia Civil, está foragido.
Durante a semana, o Fantástico verificou que o assaltante Marquinho Paraíba continua usando um telefone celular dentro da cadeia.
INVESTIGOU, OUVIU, FILMOU E DEIXOU A CARGA ROUBADA SER LEVADA ATÉ CAXIAS DO SUL, ONDE FOI VENDIDA POR R$ 400 mil.
ESTÃO FALTANDO INFORMAÇÕES AQUI, POIS A CONCLUSÃO PELO TEOR DA NOTÍCIA É DE QUE A PF “PERDEU A CARGA” E DEIXOU UM CONDENADO EM LIBERDADE.
E QUAL A RAZÃO PARA NÃO PRENDEREM OS ROUBADORES E OS POLICIAIS NO ATO DAS NEGOCIAÇÕES?
(OBS. NÃO ENCONTREI NENHUMA NOTÍCIA PERTINENTE A APREENSÃO DA CARGA EM CAXIAS DO SUL, TAMPOUCO SOBRE A TAL OPERAÇÃO COLETA)
A Corregedoria-Geral, sem que o seu Diretor mostre a cara, parece a tudo tratar como “casos isolados”. Casos isolados que se tornaram corriqueiros.
O que será que está acontecendo na Corregedoria-Geral…
Aliás, o Senhor Corregedor-Geral, anteriormente operacional da Corregedoria, parece não operar nada com o fim de moralizar a Instituição, ou seja, não possui vocação processual, tampouco investigativa.
Foi promovido a classe especial na mesma data que o ex-Delegado Geral de Polícia; por ele assumindo a direção da Corregedoria.
Perdão, posso estar sendo leviano e posso até acumular outro processo, mas eu começaria pelo Senhor e pelo seu Investigador-chefe.
Nada sabem…Ou nunca viram ou ouviram.
É claro que não posso esquecer; depois processam o denunciante por deslealdade e procedimento irregular.
Será que ninguém vê que a deslealdade e o procedimento irregular são todos seus.
E vou repetir as palavras do Ilustre Dr. Tanganelli – depois de passar o cordão de isolamento no prédio – “deixa a Corregedoria trabalhar lá direitinho e se for encontrado algum caso de prevaricação nós vamos apurar”.