CASO ISRAEL – UM PERÍODO DA PF QUE NÃO PODE VOLTAR NUNCA
26/12/2002
por Francisco Carlos Garisto
“Estou saindo porque constatei uma fraude e como servidor público acho que minha missão se encerra num governo quando não posso impedir esse tipo de coisa” – Severo Gomes, ex-secretário de Orestes Quércia no governo de SP.
O ex-senador Severo Gomes demitiu-se do cargo de secretário de Ciência e Tecnologia de São Paulo em 1991, convencido de que havia descoberto uma fraude.
Tratava-se de uma importação de equipamentos israelenses realizada no final do governo Orestes Quércia, envolvendo 310 milhões de dólares, cercada de suspeitas. Na verdade, uma compra sem concorrência e superfaturada.
Frederico Vasconcelos, repórter da Folha de São Paulo investigou durante três anos e reuniu farto material, que demonstrou o tráfico de influência, corrupção e até ameaças de morte que cercaram toda a fraude conhecida como ” As Importações Fraudulentas de Israel”
O material reunido por Frederico era tão farto de provas, que ele resolveu escrever um livro sobre o assunto. Assim o Brasil ganhou um documento vivo da corrupção que se pratica em nosso país até hoje: “FRAUDE – Os bastidores do caso das importações de Israel pelo governo Quércia”, Editora Scritta – 1994.
Nesse livro fica patenteado o que significa uma polícia ser dirigida por pessoas que somente têm compromissos com seus interesses próprios e nunca com a instituição Policial Federal.
Sobre o caso, Jânio de Freitas escreveu em sua coluna da Folha no dia 12 de junho de 1991: “A Polícia Federal do doutor Romeu Tuma ainda não se mostrou afeita a investigar escândalos com figurantes graúdos”
O Superintendente da PF de São Paulo à época era Marco Antonio Veronezzi, fiel escudeiro de Tuma, e o delegado encarregado das investigações, Antonio Decaro Junior. Depois de muito tumulto, brigas, confusões e acusações de todos os tipos, Quércia não foi indiciado na PF. Praticamente nada foi apurado no inquérito “rigoroso” e o delegado Decaro acabou sendo afastado acusado, então, de prevaricação.
O ex-governador Antonio Fleury era o Secretário da Segurança de Quércia e um dos mentores das tais importações, sendo acusado de omissão. Logo em seguida foi eleito governador do Estado de São Paulo. O interessante é que Tuma foi expulso da PF pelos servidores, devido ao histórico plebiscito que apontou uma rejeição a seu nome por 94% da categoria, ele foi “amparado” por Fleury que o designou assessor de segurança pública do governador, cargo criado somente para abrigar o amigo Tuma, o mesmo que havia investigado suas mazelas pouco tempo antes.
Nesse intrincado jogo da fraude praticada no governo Quércia em São Paulo, haviam nomes bastantes interessantes: Michel Tamer era o Procurador do Estado de S.Paulo, Luiz Gonzaga Belluzo era secretário de Quércia e foi igualmente acusado pela fraude. Fleury era Secretário da Segurança Pública e também foi acusado pela mesma mazela. Tuma era o Diretor-Geral da PF e Veronezzi o Superintendente. Miguel Reali Jr era advogado de acusação e os deputados José Dirceu e Luiz Gushiken investigavam e denunciavam a tudo e a todos, que de uma maneira ou de outra estavam envolvidos na fraude milionária.
Neste caso escabroso teve de tudo: afastamento de delegado, de juiz, denúncias de corrupção e um jogo de poder nunca visto em tão larga escala. O Perito Criminal Federal Paulo Rubens Holanda Cavalcanti, que constatou, através de laudo técnico, a fraude praticada, trocou tapas reais com o delegado Decaro e outros delegados da PF de São Paulo para fazer valer a autoridade pericial.
O jogo era terrível e insuportável. Já naquela época a FENAPEF- Federação Nacional dos Policiais Federais e o Sindicato dos Policiais Federais do Estado de São Paulo tiveram que fazer valer a força sindical, ficando ao lado do perito e contra os delegados que queriam fazer “flagrante de desacato” contra o único policial federal que estava do lado correto, que era a verdade.
Essa “famosa” investigação é a prova viva do tráfico de influência e do jogo político que se pode praticar, principalmente quando envolvem pessoas da mais “alta” extirpe governamental.
Por isso a FENAPEF quer a modificação dessa peça arcaica e suspeita que é o inquérito policial, assim como não quer que TUMA es seus “pupilos” voltem a comandar a PF.
Não bastasse a prova maior da ineficácia processual, do inquérito policial e do prejudicial uso político da PF, agora em pleno governo Lula, que nem se iniciou, se tem notícia que o próximo Diretor-Geral da Polícia Federal pode ser o delegado aposentado Paulo Lacerda.
Pasmem! Paulo Lacerda é um dos “homens de ouro” de Tuma, está com ele como funcionário de seu gabinete no Senado há seis anos, e a “troupe” de Tuma que sempre usou e abusou da PF, já comemora a volta da “ERA TUMA”. Vejam que isso não se através de Fernando Collor de Mello, mas com o Lula de presidente, José Dirceu e Luiz Gushiken no Planalto.
Não dá para acreditar que isso possa ocorrer.
Se essa nomeação se concretizar, será o maior caso da vitória do mal sobre o bem de que se tem notícia. A a PF poderá voltar a ser o que era antes: um balcão de negócios e negociatas particulares, como essa fraude das importações de Israel.
Infelizmente, agora no final de 2002, o jornal O Estado de São Paulo publica que um discípulo de Tuma, Paulo Lacerda, poderá ser o novo Diretor da PF de Lula e a Folha de São Paulo publica que todos os envolvidos no caso das importações de Israel foram absolvidos por força da prescrição das investigações. O famigerado Procurador Geral da República, Geraldo Brindeiro, determinou o arquivamento, beneficiando todos os suspeitos das fraudes, e contra sua decisão não cabe recurso. Mais uma vez Brindeiro faz a sua história jurídica.
O livro de Frederico Vasconcelos, o trabalho dos procuradores da república e a determinação do perito criminal federal de nada adiantaram: os suspeitos se safaram; todos. Mas uma coisa é certa: SUSPEITO É SUSPEITO, e sempre será.
O Ministro Pedro Acioli, do STJ ao apreciar a mesma matéria das fraudes, assim se manifestou:
“Que Deus tenha pena do povo brasileiro, sobretudo o de São Paulo, vítima dos desmandos de quem deveria zelar pelo patrimônio público”, foi voto vencido e voz isolada.
Agora , com a possibilidade da volta da nefasta ERA TUMA na Polícia Federal dizemos: “Que Deus tenha pena dos policiais federais, do presidente Lula e do povo brasileiro”
Recomendamos a leitura do Livro de Frederico Vasconcelos, repórter renomado da Folha de S.Paulo, ao lado, no “leitura e Lazer” do site , estão os dados e a capa do livro, A FRAUDE.
*Francisco Carlos Garisto, é presidente da FENAPEF – Federação Nacional dos Policiais Federais.
26/12/2002
por Francisco Carlos Garisto
“Estou saindo porque constatei uma fraude e como servidor público acho que minha missão se encerra num governo quando não posso impedir esse tipo de coisa” – Severo Gomes, ex-secretário de Orestes Quércia no governo de SP.
O ex-senador Severo Gomes demitiu-se do cargo de secretário de Ciência e Tecnologia de São Paulo em 1991, convencido de que havia descoberto uma fraude.
Tratava-se de uma importação de equipamentos israelenses realizada no final do governo Orestes Quércia, envolvendo 310 milhões de dólares, cercada de suspeitas. Na verdade, uma compra sem concorrência e superfaturada.
Frederico Vasconcelos, repórter da Folha de São Paulo investigou durante três anos e reuniu farto material, que demonstrou o tráfico de influência, corrupção e até ameaças de morte que cercaram toda a fraude conhecida como ” As Importações Fraudulentas de Israel”
O material reunido por Frederico era tão farto de provas, que ele resolveu escrever um livro sobre o assunto. Assim o Brasil ganhou um documento vivo da corrupção que se pratica em nosso país até hoje: “FRAUDE – Os bastidores do caso das importações de Israel pelo governo Quércia”, Editora Scritta – 1994.
Nesse livro fica patenteado o que significa uma polícia ser dirigida por pessoas que somente têm compromissos com seus interesses próprios e nunca com a instituição Policial Federal.
Sobre o caso, Jânio de Freitas escreveu em sua coluna da Folha no dia 12 de junho de 1991: “A Polícia Federal do doutor Romeu Tuma ainda não se mostrou afeita a investigar escândalos com figurantes graúdos”
O Superintendente da PF de São Paulo à época era Marco Antonio Veronezzi, fiel escudeiro de Tuma, e o delegado encarregado das investigações, Antonio Decaro Junior. Depois de muito tumulto, brigas, confusões e acusações de todos os tipos, Quércia não foi indiciado na PF. Praticamente nada foi apurado no inquérito “rigoroso” e o delegado Decaro acabou sendo afastado acusado, então, de prevaricação.
O ex-governador Antonio Fleury era o Secretário da Segurança de Quércia e um dos mentores das tais importações, sendo acusado de omissão. Logo em seguida foi eleito governador do Estado de São Paulo. O interessante é que Tuma foi expulso da PF pelos servidores, devido ao histórico plebiscito que apontou uma rejeição a seu nome por 94% da categoria, ele foi “amparado” por Fleury que o designou assessor de segurança pública do governador, cargo criado somente para abrigar o amigo Tuma, o mesmo que havia investigado suas mazelas pouco tempo antes.
Nesse intrincado jogo da fraude praticada no governo Quércia em São Paulo, haviam nomes bastantes interessantes: Michel Tamer era o Procurador do Estado de S.Paulo, Luiz Gonzaga Belluzo era secretário de Quércia e foi igualmente acusado pela fraude. Fleury era Secretário da Segurança Pública e também foi acusado pela mesma mazela. Tuma era o Diretor-Geral da PF e Veronezzi o Superintendente. Miguel Reali Jr era advogado de acusação e os deputados José Dirceu e Luiz Gushiken investigavam e denunciavam a tudo e a todos, que de uma maneira ou de outra estavam envolvidos na fraude milionária.
Neste caso escabroso teve de tudo: afastamento de delegado, de juiz, denúncias de corrupção e um jogo de poder nunca visto em tão larga escala. O Perito Criminal Federal Paulo Rubens Holanda Cavalcanti, que constatou, através de laudo técnico, a fraude praticada, trocou tapas reais com o delegado Decaro e outros delegados da PF de São Paulo para fazer valer a autoridade pericial.
O jogo era terrível e insuportável. Já naquela época a FENAPEF- Federação Nacional dos Policiais Federais e o Sindicato dos Policiais Federais do Estado de São Paulo tiveram que fazer valer a força sindical, ficando ao lado do perito e contra os delegados que queriam fazer “flagrante de desacato” contra o único policial federal que estava do lado correto, que era a verdade.
Essa “famosa” investigação é a prova viva do tráfico de influência e do jogo político que se pode praticar, principalmente quando envolvem pessoas da mais “alta” extirpe governamental.
Por isso a FENAPEF quer a modificação dessa peça arcaica e suspeita que é o inquérito policial, assim como não quer que TUMA es seus “pupilos” voltem a comandar a PF.
Não bastasse a prova maior da ineficácia processual, do inquérito policial e do prejudicial uso político da PF, agora em pleno governo Lula, que nem se iniciou, se tem notícia que o próximo Diretor-Geral da Polícia Federal pode ser o delegado aposentado Paulo Lacerda.
Pasmem! Paulo Lacerda é um dos “homens de ouro” de Tuma, está com ele como funcionário de seu gabinete no Senado há seis anos, e a “troupe” de Tuma que sempre usou e abusou da PF, já comemora a volta da “ERA TUMA”. Vejam que isso não se através de Fernando Collor de Mello, mas com o Lula de presidente, José Dirceu e Luiz Gushiken no Planalto.
Não dá para acreditar que isso possa ocorrer.
Se essa nomeação se concretizar, será o maior caso da vitória do mal sobre o bem de que se tem notícia. A a PF poderá voltar a ser o que era antes: um balcão de negócios e negociatas particulares, como essa fraude das importações de Israel.
Infelizmente, agora no final de 2002, o jornal O Estado de São Paulo publica que um discípulo de Tuma, Paulo Lacerda, poderá ser o novo Diretor da PF de Lula e a Folha de São Paulo publica que todos os envolvidos no caso das importações de Israel foram absolvidos por força da prescrição das investigações. O famigerado Procurador Geral da República, Geraldo Brindeiro, determinou o arquivamento, beneficiando todos os suspeitos das fraudes, e contra sua decisão não cabe recurso. Mais uma vez Brindeiro faz a sua história jurídica.
O livro de Frederico Vasconcelos, o trabalho dos procuradores da república e a determinação do perito criminal federal de nada adiantaram: os suspeitos se safaram; todos. Mas uma coisa é certa: SUSPEITO É SUSPEITO, e sempre será.
O Ministro Pedro Acioli, do STJ ao apreciar a mesma matéria das fraudes, assim se manifestou:
“Que Deus tenha pena do povo brasileiro, sobretudo o de São Paulo, vítima dos desmandos de quem deveria zelar pelo patrimônio público”, foi voto vencido e voz isolada.
Agora , com a possibilidade da volta da nefasta ERA TUMA na Polícia Federal dizemos: “Que Deus tenha pena dos policiais federais, do presidente Lula e do povo brasileiro”
Recomendamos a leitura do Livro de Frederico Vasconcelos, repórter renomado da Folha de S.Paulo, ao lado, no “leitura e Lazer” do site , estão os dados e a capa do livro, A FRAUDE.
*Francisco Carlos Garisto, é presidente da FENAPEF – Federação Nacional dos Policiais Federais.