Enquanto coleciona entrevistas na mídia, o presidente da ADPESP é ignorado pelo governador , por quem nunca foi recebido para exigir os direitos da Polícia Civil. Sem luta contra a desigualdade previdenciária, sem voz na PEC da Segurança e com cargos de comando reduzidos a subalternos administrativos , sua suposta moderação é, na prática, conivência com a desmoralização institucional da carreira.
O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP), André Santos Pereira , tem sido alvo de críticas por parte de setores da categoria, de que o acusa de ineficácia na defesa dos direitos funcionais e previdenciários de delegados e policiais civis.
Apesar de sua atuação visível na mídia e nos fóruns institucionais, há um descontentamento crescente entre delegados que consideram sua passividade na reversão de reformas políticas , entre as quais a desigualdade imposta pela reforma previdenciária sob o governo Bolsonaro, que favoreceu a Polícia Militar em detrimento da Polícia Civil.
Críticas à Atuação na Defesa da Polícia Civil
A principal crítica direcionada a Pereira é a ausência de ações concretas para implementação de uma nova lei orgânica estadual em conformidade com a legislação federal e para revogar o tratamento desigual dado aos policiais civis , especialmente as mulheres, nas reformas previdenciárias.
Enquanto a PM obteve benefícios como regras diferenciadas de aposentadoria, a Polícia Civil foi submetida a condições mais rigorosas, sem que a ADPESP promova mobilizações efetivas ou ações judiciais de impacto para contestar essa desigualdade.
Muitos delegados exigem que a entidade adote uma postura mais combativa, semelhante a outras categorias policiais, em vez da opção por um discurso asséptico, superficial e pouco incisivo.
Uma das críticas mais contundentes é apesar da moderação e alinhamento, o presidente da ADPESP nunca foi recebido pelo governador para tratar de assuntos de interesse da classe; entre eles o fim da delegação de competências ao Secretário de Governo em relação aos cargos de confiança na estrutura policial, ou seja, do Delegado Geral adjunto, Diretores de Departamento e Seccionais.
Prática governamental que vem dando motivos para suspeita sobre apadrinhamentos nada republicanos, com a blindagem do governador quanto à eventuais responsabilidades legais e políticas. Sem falar na diminuição da importância dos cargos, nesta gestão relegados a de baixo escalão.
Posicionamento na PEC da Segurança Pública
Outro ponto de controvérsia é o posicionamento da ADPESP sobre a PEC da Segurança Pública (PEC 18/2025) .
Embora Pereira tenha se manifestado publicamente, seu discurso foi criticado por repetir narrativas da direita , especialmente ao enfatizar a suposta perda de autonomia dos estados sem apresentar alternativas estruturais.
Em artigo débil publicado no DefesaNet , ele argumenta que mudanças nas competências trariam “efeitos colaterais imprevisíveis” e defende o “caminho dos consensos”, mas não propõe soluções concretas para fortalecer a Polícia Civil com garantias de prerrogativas funcionais e recursos adequados.
Essa postura é vista por muitos como falta de ousadia e visão estratégica , limitando-se a rejeitar mudanças sem oferecer contrapontos técnicos consistentes.
Conexão com o Governo e Projeção Política
Embora André Santos Pereira mantenha visibilidade midiática e participe de debates importantes, como no programa Visão Crítica da Jovem Pan e no Domingo Espetacular da TV Record, sua liderança é questionada por falta de resultados práticos .
A ausência de mobilizações efetivas contra as reformas lesivas, a postura conservadora na PEC da Segurança e o distanciamento das bases operacionais têm alimentado um clima de desconfiança.
Para muitos delegados, a ADPESP precisa de uma nova direção – muito mais combativa, técnica e representativa – capaz de lutar eficazmente pelos direitos da Polícia Civil.
A visibilidade de André Santos Pereira, presidente da ADPESP, tem sido interpretada por setores da Polícia Civil como instrumentalizada para autopromoção e alinhamento com o governo estadual de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) , em vez de se concentrar na defesa efetiva dos direitos da categoria.
Embora ele critique fingidamente uma e outra medidas do governo, sua atuação é marcada por uma proximidade evidente com o poder executivo estadual, o que alimenta a suspeita de que sua liderança visa, em última instância, construir capital político para uma eventual candidatura ao legislativo.
A proximidade com o governo estadual é reforçada por sua presença constante em veículos de mídia alinhados ao cenário político atual, como Jovem Pan e Band, onde discute segurança pública com discursos alinhados à falaciosa agenda de “valorização das forças de segurança” promovida por Tarcísio.
A crítica à PEC da Segurança Pública, embora apresentada como defesa da autonomia estadual, repete os mesmos argumentos de direita, sem propor alternativas progressistas ou de fortalecimento institucional da Polícia Civil, o que reforça a percepção de que sua atuação é mais direcionada para construir uma imagem de líder técnico e moderado , viável para o cenário eleitoral.
Moderado ou oportunista .
Nesse sentido , uma das críticas mais contundentes é que apesar dessa suposta moderação e alinhamento às ideologias do governo , o atual presidente da ADPESP nunca exigiu ser recebido pelo governador para tratar dos importantes assuntos de interesse da classe e da Segurança.
Redução do Prestígio dos Cargos Policiais
A consequência dessa dinâmica é a notória desvalorização da Polícia Civil , que passou a ter status muito mais administrativo do que estratégico.
Até as funções antes consideradas pilares de comando e prestígio funcional , como as Diretorias de Departamento e Seccionais, agora figuram como posições de nível subalterno , dependentes de agentes políticos – alguns militares – com maior acesso político.
Delegados que ocupam esses cargos relacionam perda de influência e autonomia decisória ; um reflexo direto do modelo de militarização adotado pelo governo estadual.
Os demais foram relegados a meros burocratas, conforme os anseios de outras instituições : “polícia cartorial”.
Descontentamento Interno e Pedidos de Renúncia
O desgaste interno na ADPESP é evidente.
Há relatos de que centenas de delegados já manifestaram publicamente a insatisfação com a atual diretoria , chegando a defender a renúncia do presidente e a convocação de novas eleições para renovar a liderança da entidade.
A percepção é de que a associação, em vez de ser um braço ativo de defesa da carreira, tem se comportado como um órgão meramente recreativo , distante das reais demandas dos profissionais que atuam na linha de frente da investigação criminal.
Os Delegados de Polícia não querem um bom-prato e colônias de férias baratas para poucos.