André Santos Pereira: O Presidente da ADPESP que Fala para as Câmeras e Cala para o Governador 45

Enquanto coleciona entrevistas na mídia, o presidente da ADPESP é ignorado pelo governador , por quem nunca foi recebido para exigir os direitos da Polícia Civil.  Sem luta contra a desigualdade previdenciária, sem voz na PEC da Segurança e com cargos de comando reduzidos a subalternos administrativos , sua suposta  moderação é, na prática, conivência com a desmoralização institucional da carreira.

O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP), André Santos Pereira , tem sido alvo de críticas por parte de setores da categoria, de que o acusa de ineficácia na defesa dos direitos funcionais e previdenciários de delegados e policiais civis.

Apesar de sua atuação visível na mídia e nos fóruns institucionais, há um descontentamento crescente entre delegados que consideram sua passividade na reversão de reformas políticas , entre as quais a desigualdade imposta pela reforma previdenciária sob o governo Bolsonaro, que favoreceu a Polícia Militar em detrimento da Polícia Civil.

Críticas à Atuação na Defesa da Polícia Civil

A principal crítica direcionada a Pereira é a ausência de ações concretas para implementação de uma nova lei orgânica estadual em conformidade com a legislação federal e para revogar o tratamento desigual dado aos policiais civis , especialmente as mulheres, nas reformas previdenciárias.

Enquanto a PM obteve benefícios como regras diferenciadas de aposentadoria, a Polícia Civil foi submetida a condições mais rigorosas, sem que a ADPESP promova mobilizações efetivas ou ações judiciais de impacto para contestar essa desigualdade.

Muitos delegados exigem que a entidade adote uma postura mais combativa, semelhante a outras categorias policiais, em vez da opção por um discurso asséptico, superficial   e pouco incisivo.

Uma das críticas mais contundentes é apesar da moderação e alinhamento, o presidente da ADPESP nunca foi recebido pelo governador para tratar de assuntos de interesse da classe; entre eles o fim da delegação de competências ao Secretário de Governo em relação aos cargos de confiança na estrutura policial, ou seja, do Delegado Geral adjunto, Diretores de Departamento e Seccionais.

Prática governamental que vem dando motivos para suspeita sobre apadrinhamentos nada republicanos, com a blindagem do governador quanto à eventuais responsabilidades legais e políticas. Sem falar na diminuição da importância dos cargos, nesta gestão relegados a de baixo escalão.

Posicionamento na PEC da Segurança Pública

Outro ponto de controvérsia é o posicionamento da ADPESP sobre a PEC da Segurança Pública (PEC 18/2025) .

Embora Pereira tenha se manifestado publicamente, seu discurso foi criticado por repetir narrativas da direita , especialmente ao enfatizar a suposta perda de autonomia dos estados sem apresentar alternativas estruturais.

Em artigo débil publicado no DefesaNet , ele argumenta que mudanças nas competências trariam “efeitos colaterais imprevisíveis” e defende o “caminho dos consensos”, mas não propõe soluções concretas para fortalecer a Polícia Civil com garantias de prerrogativas funcionais e  recursos adequados.

Essa postura é vista por muitos como falta de ousadia e visão estratégica , limitando-se a rejeitar mudanças sem oferecer contrapontos técnicos consistentes.

Conexão com o Governo e Projeção Política

Embora André Santos Pereira mantenha visibilidade midiática e participe de debates importantes, como no programa Visão Crítica da Jovem Pan e no Domingo Espetacular da TV Record, sua liderança é questionada por falta de resultados práticos .

A ausência de mobilizações efetivas contra  as reformas lesivas, a postura conservadora na PEC da Segurança e o distanciamento das bases operacionais têm alimentado um clima de desconfiança.

Para muitos delegados, a ADPESP precisa de uma nova direção – muito  mais combativa, técnica e representativa –  capaz de lutar eficazmente pelos direitos da Polícia Civil.

A visibilidade de André Santos Pereira, presidente da ADPESP, tem sido interpretada por setores da Polícia Civil como instrumentalizada para autopromoção e alinhamento com o governo estadual de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) , em vez de se concentrar na defesa efetiva dos direitos da categoria.

Embora ele critique fingidamente uma e outra  medidas do governo, sua atuação é marcada por uma proximidade evidente com o poder executivo estadual, o que alimenta a suspeita de que sua liderança visa, em última instância, construir capital político para uma eventual candidatura ao legislativo. 

A proximidade com o governo estadual é reforçada por sua presença constante em veículos de mídia alinhados ao cenário político atual, como Jovem Pan e Band, onde discute segurança pública com discursos alinhados à  falaciosa agenda de “valorização das forças de segurança” promovida por Tarcísio.

A crítica à PEC da Segurança Pública, embora apresentada como defesa da autonomia estadual, repete os mesmos argumentos de direita, sem propor alternativas progressistas ou de fortalecimento institucional da Polícia Civil, o que reforça a percepção de que sua atuação é mais direcionada para construir uma imagem de líder técnico e moderado , viável para o cenário eleitoral.

Moderado ou oportunista .

Nesse sentido , uma das críticas mais contundentes é que apesar dessa suposta moderação e alinhamento às ideologias do governo , o atual presidente da ADPESP nunca exigiu ser recebido pelo governador para tratar dos importantes  assuntos de interesse da classe e da Segurança.

Redução do Prestígio dos Cargos Policiais

A consequência dessa dinâmica é a notória desvalorização da Polícia Civil , que passou a ter status muito mais administrativo do que estratégico.

Até as funções antes consideradas pilares de comando e prestígio funcional , como as Diretorias de Departamento e Seccionais, agora figuram como posições de nível  subalterno ,  dependentes  de agentes políticos – alguns  militares  – com maior acesso político.

Delegados que ocupam esses cargos relacionam perda de influência e autonomia decisória ; um reflexo direto do modelo de militarização adotado pelo governo estadual.

Os demais foram relegados a meros burocratas, conforme os anseios de outras instituições : “polícia cartorial”.

Descontentamento Interno e Pedidos de Renúncia

O desgaste interno na ADPESP é evidente.

Há relatos de que centenas de  delegados já manifestaram publicamente a insatisfação com a atual diretoria , chegando a defender a renúncia do presidente e a convocação de novas eleições para renovar a liderança da entidade.

A percepção é de que a associação, em vez de ser um braço ativo de defesa da carreira, tem se comportado como um órgão meramente recreativo , distante das reais demandas dos profissionais que atuam na linha de frente da investigação criminal.

Os Delegados de Polícia não querem um bom-prato e colônias de férias baratas para poucos.

Querem protagonismo e liderença.