CARTA DE REPÚDIO…mudanças no sentido que tenhamos à frente dos departamentos as verdadeiras lideranças que há muito estão esquecidas…O Governador leu, obedeceu e nomeou Domingos, Desgualdo, Hallage, entre outros 1

Diante de tantas notícias sobre corrupção que, drasticamente envolvem a Polícia Civil do Estado de São Paulo, nós profissionais de segurança pública nos sentimos extremamente angustiados, pois com as mãos atadas, sem quaisquer condições de desenvolver ações anti-crimes na defesa da sociedade, ficamos a mercê daqueles que hoje a comandam. Basta, estamos cansados de esperar mudanças que possam alterar este quadro caótico, pois já não somos o que fomos. No passado a polícia era respeitada, admirada pela sociedade, respeitada pelos demais poderes. Éramos eficientes, persistentes ao extremo, até temida pelos criminosos, pois aqueles que nos comandavam por si só impunham respeito, davam valor àqueles que tinham mais experiências, aos mais antigos porque traziam consigo a maturidade e conhecimentos que, aliados aos mais jovens, tornávamos rigorosos quando preciso dentro da legalidade.Em hipótese alguma se tolerava qualquer modalidade de corrupção. A nossa Corregedoria era extremamente forte, ágil e, antes mais preventiva do que repressiva, porque havia critérios para a escolha dos mais capazes, procurando na medida do possível designar o homem certo para o lugar mais adequado ao seu perfil. Hoje, embora tenhamos um profissional altamente preparado, quer  administrativa e criminalmente no comando da Corregedoria Geral, pela nossa experiência sabemos que sofre pressões e ingerências,apesar não ser do seu perfil aceitar essas atitudes, mesmo assim acabam, de certa forma, prejudicando muito os trabalhos desenvolvidos por aquele importante departamento.
A falta de lideranças nas últimas administrações é  extremamente preocupante, pois os valores não são reconhecidos, excluindo-se obviamente alguns poucos que lá estão e atados a uma filosofia de trabalho não condizente com a realidade. Hoje, infelizmente, nem todos que estão no comando representam lideranças, há exceções e, os poucos, em parte, se agarram no poder e se calam. Seus cargos até parecem vitalícios, eis que se perpetuam  onde estão, quando não trocam apenas de cadeiras, o que de certa forma acredita-se que as ingerências políticas estão presentes. Assim, quando das indicações aos cargos de confiança, a nossa vida
pregressa era uma das primeiras recomendações, além de outros requisitos que todos conhecemos.  Os Secretários de Segurança são periodicamente substituídos, ora porque mudou o governo, ora porque não corresponderam aos anseios de ambas as policias, ora porque não deram conta do recado. Tudo isso é conseqüência de colocar homens que não são do ramo,razão pela qual somos de opinião de que devam ser escolhidos não só pelo saber jurídico, mas como já dissemos que conheçam os sistemas de segurança e administração públicas.
Com referencia aos que têm a responsabilidade de comandar a Polícia Civil, quando das escolhas, há que se terem critérios,avaliações, capacidade de administrar, habilidade, perfil adequado ao desempenho da missão e, acima de tudo, lealdade para com a Instituição, a ponto de, embora sem quebrar a hierarquia e com respeito, dizer não a quem de direito, com intuito de alertar que algo não vai bem, que algo está errado, assim por diante… Finalmente, se não houver uma ação efetiva do governo, virá o caos, que é o que não queremos. Senhor Governador, palavras não resolvem, sim ações. Procure conhecer os homens antes de designá-los. Queremos colaborar, queremos defender a sociedade, mas, antes de tudo, mudanças no sentido que tenhamos à frente dos departamentos as verdadeiras lideranças que há muito estão esquecidas. Vossa Excelência é homem de visão e tem o livre arbítrio de tomar decisões. Nós policiais, tenho certeza que somos a maioria, queremos mudanças, para que Vossa Excelência possa se orgulhar de ter uma polícia civil ágil, eficiente, respeitada e, acima
de tudo, honesta.

ROBERTO FRENANDES
Delegado de Polícia de Classe Especial

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FONTE: SITE DA ADPESP
:: OPINIÃO – 09/03/2009