Sueño Con Serpientes (Silvio Rodríguez)

Hay hombres que luchan un día y son buenos,
hay otros que luchan un año y son mejores,
hay quienes luchan muchos años y son muy buenos,
pero hay los que luchan toda la vida, esos son los imprecindibles.
Bertold B.

SUEÑO CON SERPIENTES

Sueño con serpientes, con serpientes de mar,
con cierto mar, ay, de serpientes sueño yo.
Largas, transparentes, y en sus barrigas llevan
lo que puedan arrebatarle al amor.

Oh, la mato y aparece una mayor.
Oh, con mucho más infierno en digestión.

No quepo en su boca, me trata de tragar
pero se atora con un trébol de mi sien.
Creo que está loca; le doy de masticar
una paloma y la enveneno de mi bien.

Oh, la mato y aparece una mayor.
Oh, con mucho más infierno en digestión.

Ésta al fin me engulle, y mientras por su esófago
paseo, voy pensando en qué vendrá.
Pero se destruye cuando llego a su estómago
y planteo con un verso una verdad.

Oh, la mato y aparece una mayor.
Oh, con mucho más infierno en digestión.

SILVIO RODRIGUEZ

PROPINA MENSAL DE R$ 30 MIL À CORREGEDORIA DO DETRAN E R$ 45 MIL À SECCIONAL DE DE MOJI DAS CRUZES 11

Ex-vereador do PSDB integra máfia das CNHs
Presidente do partido em Guará confirma fraudes de habilitações em Ferraz de Vasconcelos
Bruno Tavares
O ex-vereador e presidente do PSDB no município paulista de Guará, Erasmo Chagas, foi preso na tarde de ontem por suspeita de ligação com a máfia das carteiras de habilitação.
Em depoimento à polícia, ele confirmou que o esquema desarticulado no início do mês pelo Ministério Público Estadual (MPE) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) funcionava com o pagamento mensal de R$ 30 mil à Corregedoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Outros R$ 45 mil, segundo Chagas, seriam destinados a “um senhor chamado Cazé”. A Delegacia Seccional de Ferraz de Vasconcelos foi chefiada pelo delegado Carlos José Ramos da Silva, conhecido como Cazé, até maio deste ano.
O político admitiu ainda ter se reunido com assessores da Secretaria da Segurança Pública para pedir a transferência da jurisdição da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Guará da Delegacia Seccional de Franca para São Joaquim da Barra, onde tinha “amigos”.
Os promotores do Grupo de Atuação Especial e Repressão Crime Organizado (Gaeco) de Guarulhos suspeitam que Chagas chegou até a distribuir carteiras de habilitação em troca de votos.
“Ele confirma que, em alguns casos, vendia os documentos por R$ 1.200”, disse o promotor Marcelo Oliveira, do Gaeco.
O contato de Chagas com a quadrilha era a empresária Elaine Gavazzi, dona de auto-escolas em Ferraz de Vasconcelos.
Foi com ela que o político acertou a compra da carteira de habilitação de Joal da Silva. Analfabeto, ele assinava o documento com letra legível.
Pior: a pessoa que assinou por Joal errou o nome, escrevendo João.
O nome de Chagas foi citado durante conversa interceptada pela Operação Carta Branca em 14 de fevereiro.
No diálogo de quase 6 minutos, Elaine conversa com Paulo Luiz Batista, funcionário da Ciretran de Ferraz, sobre a venda da carta para Joal.
A empresária diz que “como está dando problema, e os delegados da região são amigos do Erasmo, ele irá resolver os problemas”.
Em outro trecho, ela é taxativa: “Erasmo vai transferir para a cidade onde o delegado é amigo dele”. Ao fundo, a gravação mostra o ex-vereador confirmando a informação repassada por Elaine.
Chagas não é o primeiro político citado durante as investigações que levaram mais de 20 pessoas – entre delegados, investigadores, psicólogos e empresários – para a cadeia.
O chefe de gabinete do líder do PTB na Assembléia Legislativa, Carlos Thadeo, o professor Thadeo, pediu demissão depois de ter seu nome envolvido no esquema.
Ele aparece em escutas telefônicas comemorando a permanência de Marcos Vinícius Coelho, o Marcão, funcionário da prefeitura de Ferraz cedido à Ciretran da cidade.
O assessor político também mantinha contatos periódicos com o empresário Nasser Abdel Hadi Ibrahim, apontado pelo Ministério Público como o responsável pela lavagem do dinheiro obtido pela máfia das carteiras.
Em diálogo interceptado em 26 de março, Nasser telefona para Thadeo para parabenizá-lo pela permanência de Marcão.
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Imprescindível que o Ministério Público – ou a própria Polícia – divulgue circunstanciadamente as declarações do preso Erasmo Chagas.
Ou seja, há quanto tempo pagavam propina à Corregedoria do DETRAN; bem como ao seccional de Moji das Cruzes, alcunhado de Cazé.
E quem era o responsável pelo recolhimento mensal.
É sabido que no ano de 2005, quando da mudança da diretoria , os encarregados de CIRETRAN foram convocados ao DETRAN; estabelecendo-se preços conforme o potencial da “praça”.
Praça é a denominação pejorativa dada à circunscrição de trânsito, ou seja, possui sentido financeiro.
Quem não aceitou pagar foi removido do órgão do trânsito.
Valendo afirmar que a exigência de dinheiro – extorsão – foi uma decisão da hierarquia do DETRAN.
Uma diretriz de gestão.
A demonstração do recebimento de valores pelo órgão corregedor e pelo Seccional calará, de uma vez por todas, o desgastado discurso de quem nega a corrupção existente no órgão; na forma de pirâmide invertida.
De ser ver que a propina, por certo, não parava nos gabinetes mencionados. Ascendia para outras esferas da administração.

SILVA, POLÍCIA MORTO É MENOS QUE UM CÃO VIRA-LATAS! BOM É SER MALANDRO?

Não é à toa que no Brasil a figura do malandro é uma espécie de símbolo nacional.

Ninguém quer passar por otário.

Otário não cruza sinal vermelho, otário paga imposto, otário acredita na boa fé do mecânico malandro, otário acredita nas indicações do taxista malandro, otário não compra CD pirata. Foda-se o otário!

Viva o malandro!

No Brasil, bonito é ser malandro.

No Brasil ser CORRETO é ser OTÁRIO.

A malandragem é uma instituição nacional.

Criou-se a figura do bom malandro.

O sujeito que dá uma volta no otário, mas não é uma pessoa do mal.

Existe também toda uma produção cultural que enfoca a figura do malandro.

Músicas, filmes, livros etc.

Ao fazê-lo, enobrecem-no.

A malandragem vai ao longo dos anos penetrando na mente das pessoas.

Uma coisa que deveria ser um escândalo é aceita como um golpe de mestre, uma jogada de malandro, do “Cara”.

Mas o que é de fato o malandro?

É um indivíduo sem escrúpulos, um tipo de sociopata, que não se preocupa com os efeitos de suas ações negativas no corpo social em que vive.

Ele tem de se dar bem.

Faz um gato na TV a cabo, não dá nota fiscal para fugir do imposto.

É um indivíduo que trabalha na contramão da da estabilidade social.

É um força que atua no sentido do desequilíbrio.

O Brasil é o território desses heróis.

Quem não se lembra do Ronald Bigs, o ladrão inglês que viveu numa boa no Rio?

Isso é o Brasil.

Ser polícia numa terra dessas, meus senhores, é uma afronta à instituição malandragem.

Mesmo que não tivéssemos os defeitos que temos, seríamos mal vistos, sempre.

Porque nossa atividade consistiria em atrapalhar as ações dos espertos.

É por isso que quando morre um de nós, a imprensa faz de conta que dá a notícia.

Quando chega a notícia para o governante, ele cospe no chão.

É por isso que hoje somos o que somos.

E quando morremos, somos mais um que morre, como um cão.(fonte PC – autor Silva)

EX-INVESTIGADOR CUMPRIRÁ PENA EM TREMENDÉ

DECISÃO
Ex-policial civil perde direito a presídio especial
O ex-policial civil Marcelo de Macedo, condenado à pena de 15 anos de reclusão por homicídio qualificado, não terá direito de cumprir pena em presídio especial, mesmo sendo o réu, à época do crime, funcionário da Administração de Justiça Criminal.
A decisão foi do relator do recurso, ministro Arnaldo Esteves Lima. Conforme dados do processo, Marcelo cumpria pena no presídio da Polícia Civil do Estado de São Paulo, localizado no bairro do Carandiru, na capital paulista, quando, por determinação da Corregedoria dos Presídios do estado, foi transferido para o presídio de Tremendé 2, no Vale do Paraíba – SP.
A transferência se deu por causa de uma agressão que o réu praticou, junto com demais companheiros, contra outro preso.
Marcelo entrou com um mandado de segurança (tipo de recurso) com pedido de liminar no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ), alegando ter direito de cumprir sua pena em estabelecimento penitenciário especial, por ser ex-policial civil, não podendo, por esse motivo, ser transferido para presídio comum.
A liminar foi concedida. Posteriormente, a Corte estadual paulista decidiu reconsiderar a medida por entender que não existe o perigo real ou iminente alegado pela defesa.
Informações dos autos demonstram que o réu agia contra a ordem, a disciplina e a segurança no presídio da Polícia Civil, comprometendo, assim, a função de recuperação dos presos, um dos objetivos da lei penal.
O Ministério Público do Estado de São Paulo alega que a lei federal regula a matéria, permitindo que o preso, que, ao tempo do fato, era funcionário da Administração do Justiça Criminal, seja recolhido em estabelecimento penal comum, desde que permaneça em dependência separada, conforme regula o artigo 84, parágrafo 2°, da Lei n. 7.210/84 (Lei de Execuções Penais).
E afirma que a remoção foi necessária em razão da postura do réu, envolvido em condutas que comprometiam a ordem, a disciplina e a segurança do presídio especial.
O relator do processo, ministro Arnaldo Esteves Lima, entende que, embora os funcionários da Administração Criminal possuam direito à prisão especial mesmo após a condenação definitiva, o cumprimento de suas penas poderá ser feito em presídio comum, em dependência isolada dos demais reclusos.
E, com esse entendimento, manteve a decisão do TJ paulista.

O MINISTÉRIO PÚBLICO ASSUMIU DE VEZ AS ATRIBUIÇÕES ABANDONADAS PELA POLÍCIA CIVIL 4

Sexta, 27 de junho de 2008,
MP fiscalizará postos com combustível adulterado
O Ministério Público (MP) de São Paulo anunciou que participará da fiscalização da adulteração de combustíveis.
Caso os promotores comprovem a fraude em um dos postos fiscalizados, o responsável pelo estabelecimento pode ser preso.
As informações são do SPTV.
Os promotores serão acompanhados por uma equipe e um carro com provetas e uma máquina sofisticada, que identifica as substâncias da gasolina, equipamentos necessários para verificar a qualidade do combustível.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Instituto de Pesos e Medidas (Inpe) e a Delegacia de Crimes contra a Fazenda voltou a fiscalizar os postos de combustível da capital nesta sexta-feira.
Ainda de acordo com o SPTV, durante a ação, os fiscais encontraram um posto que vendia gasolina com quase o dobro de álcool do que o permitido por lei.
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Aliás, faz tudo aquilo que deixamos de fazer por culpa exclusiva da administração superior.
Pois pega mal polícia reprimir o “honesto empresariado Paulista”.
As máfias dos combustíveis, dos supermercados, das auto-escolas; dos sonegadores em geral.
Pega mal investigar “criminoso de tal qualificação”.
Eles podem oferecer grana.
E o policial mal pago acabar aceitando.
Assim, “deixar quieto” sempre foi a ordem.

53ª CRETRAN DE ANDRADINA

Ciretran remarca prova prática para envolvidos em denúncia

Jean Oliveira
Quinta-feira – 26/06/2008 – Andradina –

Oito das 17 pessoas que receberam CNH (Carteira Nacional de Habilitação) para dirigir vans e microônibus sem fazer as provas práticas exigidas pela legislação serão submetidas hoje, às 8h, às provas. Elas foram envolvidas em um escândalo que atingiu a 53ª Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) no início do mês e que culminou no afastamento temporário do delegado Vanderlei Aguiar Leão. Além de ter expedido as carteiras sem os testes de habilidade, Leão e funcionários da delegacia ainda são investigados por cobrança ilegal de taxa para liberação de carteira apreendida em acidente de trânsito. A prova acontece no pátio da estação ferroviária desativada.O delegado interino da Ciretran de Andradina, José Astolfo Júnior, disse ontem que uma das suas primeiras medidas ao assumir o cargo foi entrar em contato com as pessoas que haviam recebido a CNH indevidamente para que elas devolvessem o documento e fizessem a prova. Até ontem, oito haviam se apresentado espontaneamente. Segundo o delegado, todos deverão fazer a prova até o fim do próximo mês. Os que não se apresentarem poderão ser punidos por estarem com habilitação irregular, que cabe inquérito policial por dirigir sem habilitação. Por ser tratar de CNH para condução de veículos de transporte de pessoas, em um acidente, que estiver em situação irregular pode ser indiciado até por homicídio doloso (com intenção de matar). Apenas 15 documentos deverão ser devolvidos, pois duas CNHs nem haviam sido retiradas por seus titulares.
INVESTIGAÇÃO –
Os motoristas que receberam as CNHs sem fazer a prova prática não estão sendo tratados, na investigação, como suspeitos. Eles não tiveram participação no esquema e foram apenas dispensados no dia marcado para o teste por determinação de Leão. Segundo a 3ª promotora do Fórum de Andradina, Regislaine Topassi, que fez as denúncias à Delegacia Seccional e à Corregedoria do Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), o caso aconteceu no dia 28 de fevereiro e foi denunciado à Justiça por um dos supostos beneficiados com o documento. Nesse dia, estavam marcadas as provas práticas para as pessoas que tentavam retirar a CNH para carro, moto e veículos maiores. A denúncia diz que os candidatos das duas primeiras categorias fizeram as provas normalmente, mas a de veículos de passageiros foi cancelada pelo delegado Leão, que teria se irritado com a demora do instrutor da auto-escola em chegar ao local do exame com as chaves de um microônibus. Com isso, o delegado teria cancelado o teste. Esses candidatos, no entanto, receberam suas habilitações duas semanas depois.

CUMPRIAM ESTRITAMENTE ORDENS SUPERIORES: SEQÜESTRAR, TORTURAR, MATAR E OCULTAR CADÁVERES 3

26/06/2008
A resposta de Ustra
Coronel acusado de comandar a tortura no DOI paulista diz que Romeu Tuma sabia de tudo e pede testemunho dos atuais comandantes militares
matheus leitão

Coronel Ustra: “Tuma viveu a situação de violência da época e o trabalho do DOI”
Alvo de uma ação do Ministério Público que tenta obrigá-lo a arcar até com as despesas da União com indenização de presos políticos, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra já montou sua defesa num possível processo.

Entre 1970 e 1974, Ustra foi comandante do DOI-CODI paulista.

Pelo menos 60 militantes de esquerda perderam a vida em confrontos com o órgão.

Centenas foram submetidos a tortura.

Para defender-se, Ustra faz um apelo genérico e uma convocação específica.

Ele quer que o atual senador Romeu Tuma seja ouvido como testemunha de sua defesa.

Num texto de 31 páginas, ao qual ÉPOCA teve acesso com exclusividade, Ustra diz que Tuma “acompanhou e viveu a situação de violência da época e o trabalho do DOI, já que, como delegado da Polícia Civil, era o elemento de ligação entre o Comando do II Exército e o Departamento de Ordem Política e Social, órgão no qual estava lotado.”

Ustra constituiu um advogado para orientá-lo no processo, Paulo Esteves.

Além do senador Romeu Tuma, Ustra convoca quatro oficiais da ativa do Exército para servirem com suas testemunhas.

Ele não está falando de baixas patentes, mas do próprio comandante do Exército, Enzo Martins Peri; do comandante militar do Sudeste, onde funcionava o DOI paulista; do Chefe do Estado Maior do Sudeste e do chefe do Centro Inteligência do Exército, CIEx.

Referindo-se a oficiais de gerações posteriores, que fizeram carreira após a democratização, Ustra escreve que “tais militares, ainda que jovens naquela época, vivenciaram ou acompanharam a violência daquela quadra conturbada.” Com esse pedido, a investigação sobre o passado da ditadura pode transformar-se em confusão e constrangimento no presente.

O argumento de Ustra para chamar Tuma é que o então delegado acompanhava de perto aos trabalhos dos órgãos de repressão que prenderam adversários do regime, em particular integrantes de organizações armadas.

No texto de sua defesa, ele lembra que o trabalho do delegado consistia em realizar inquéritos relativos às prisões realizadas pelo DOI.

A escolha de Tuma não é casual.

Filiado ao PTB, o senador integra a base parlamentar do governo Lula, de onde têm partido sinais de estímulo à reabertura de investigações dos crimes ocorridos durante a ditadura militar e também sobre o papel de Ustra à frente do DOI.

Nos anos finais do regime militar, Tuma foi o delegado que, cumprindo ordens do Planalto, manteve o então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva sob prisão, acusado de crime definido na Lei de Segurança Nacional.

Lula estava preso quando sua mãe, muito doente, morreu.

Tuma permitiu que Lula saísse da prisão para acompanhar o enterro.

Entre amigos do presidente da República, é comum dizer que esse gesto marcou uma primeira aproximação entre o delegado e o sindicalista.

Como delegado da Polícia Civil, Tuma teve um papel que ainda não foi inteiramente esclarecido nos anos de chumbo.

Tuma atuou como elemento de ligação entre o DOPS paulista e a área militar. Ao colocar o nome do delegado e hoje senador num processo em que é chamado a prestar contas sobre o passado, situação que jamais ocorreu no país, Ustra faz uma clássica manobra diversionista, procurando abrigo na sombra de Romeu Tuma, hoje um político prestigiado, que fez a transição do regime militar para a democracia civil sem maiores manchas na biografia.

ÉPOCA procurou ouvir o senador na noite desta quarta-feira (25), fazendo sucessivos pedidos à sua assessoria de imprensa.

Não havia obtido resposta até o fechamento desta reportagem.

A atitude de Ustra deve ser examinada com cautela, cabendo inclusive a pergunta: por que são feitas agora, três décadas depois de os fatos terem ocorrido?

Tuma ocupou uma posição chave na máquina policial, sob o regime militar. Cumpria tarefas de inteligência na investigação das organizações de esquerda e até hoje nunca foi denunciado por envolvimento em tortura ou assassinatos.

Em conversas privadas, Ustra revela que Tuma comparecia praticamente todos os dias ao DOI e que teria conhecimento de tudo o que acontecia ali.

Conforme o coronel, o delegado acompanhava todos os serviços – no próprio local.

Ustra sustenta que nunca participou de torturas nem autorizou qualquer tipo de violência contra presos políticos.

Essa alegação é negada pelo depoimento de dezenas de presos políticos do período.

O coronel lembra que o então delegado tinha função de registrar legalmente as prisões efetuadas pelo DOI.

Em suas palavras, se alguém foi “estraçalhado” no porão militar, Tuma também viu tudo.

Em sua defesa, Ustra emprega outro argumento esperado nessas circunstâncias: “cumpri, rigorosamente, as ordens emanadas de meus superiores.”

Eles foram, conforme o texto, o presidente Emílio Garrastazu Médici e outros sete generais – todos já mortos.

O coronel também afirma que: “tenho a certeza de que esses homens, com sua estirpe e com seu passado, se vivos fossem não me deixariam só nesta hora em que os revanchistas de plantão, por vingança, querem colocar-me em julgamento”.
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Ter exercido funções por longo período nos órgãos de repressão política, em cujas instalações dezenas de mortos foram “acusados de suicídio”, pretendendo fazer crer “não ter participado, nem autorizado a tortura”, no mínimo, é fingimento.
Todos eles: USTRA, TUMA, FLEURY – nos termos da legislação atual – seriam denunciados e condenados como torturadores.
Eles eram partícipes em todos os crimes cometidos dentro daquelas repartições.
Aliás, deliberadamente dispostas a propiciar o encarceramento ilegal e interrogatórios mediante violência
E nunca houve quaisquer dúvidas com relação à intima amizade de Romeu Tuma com acusados de torturas, execuções e desaparecimentos.
Tanto que os linhas de frente da OBAN, DOI-CODI e DOPS, foram levados por Tuma para a Polícia Federal.
Entre eles: Calandra e David dos Santos.
A diferença do chefe para os demais: ele nunca deixou de freqüentar a missa dominical.
Os subordinados nunca cometeriam tal sacrilégio, sempre souberam do seu lugar.
O Bar!

EMPREGO IRREGULAR DE VEÍCULO OFICIAL E OUTRAS FRAUDES 3

O aspecto mais nefasto do emprego de viaturas descaracterizadas, além da dilapidação do erário em proveito pessoal, reside na desmoralização da autoridade policial.
O péssimo exemplo transmitido aos colegas e policiais subordinados.
E muito pior exemplo quando se vê um professor comparecendo à Academia da Polícia Civil, alguns vindos do interior, empregando veículo do Estado.
O aluno, aquele recentemente aprovado no concurso, acaba assimilando a improbidade administrativa como uma prerrogativa funcional.
Não é; nunca foi!
Os professores recebem por hora-aula.
Não estão na Academia da Polícia Civil obedecendo à convocação.
Aliás, grande parte deles “mata o serviço normal” para ministrar as aulas.
Ou seja, recebem duas vezes.
Recebem como se estivessem nas respectivas Unidades; recebem pelas aulas ministradas.
E, não contentes, alguns se locupletam mediante o emprego da viatura, do combustível e da economia com o dinheiro dos pedágios.
Muitos assistem, muitos sabem, muitos reclamam, mas ninguém adota providências.
Todavia, não é necessário muito trabalho, conferindo-se os holerites de alguns professores da Academia será possível constatar a incompatibilidade dos horários das aulas e das funções como dirigentes , ou adjuntos, de Unidades.