Quadrilha
Novo inquérito vai apurar atuação de delegados na máfia da CNH
O Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de Guarulhos, na Grande São Paulo, requisitou , no meado deste mês, abertura de inquérito para apurar possíveis crimes de corrupção e formação de quadrilha cometidos por integrantes da Corregedoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), da Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes “e outros”. A requisição cita como “eventual envolvido” o delegado Carlos José Ramos da Silva. Conhecido como Cazé, ele chefiou a polícia na região de Mogi por 12 anos.
Além disso, a Justiça aceitou a denúncia criminal do Gaeco contra 23 acusados de participar da máfia das carteiras de habilitação e decretou a prisão preventiva de 20, entre os quais cinco policiais na esteira da operação Carta Branca. Todos se tornaram réus no processo sobre formação de quadrilha, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro. “As investigações sobre a máfia vão continuar. Temos uma grande quantidade de documentos para examinar”, disse o promotor Marcelo Oliveira.
Para a abertura do novo inquérito, os promotores do Gaeco contam com escutas telefônicas que envolvem integrantes da corregedoria na extorsão de R$ 120 mil, pagos em duas parcelas pelos homens da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Ferraz de Vasconcelos, em São Paulo. Os promotores têm ainda documento que relata pagamentos semanais de propina feitos pela Ciretran a escalões superiores. Entre eles está a contabilidade da propina, apreendida na casa do investigador Aparecido da Silva Santos, o Cido.
Ali, constam anotações que ligam o nome “seccional” a quantias de R$ 2 mil a R$ 3 mil. Havia ainda anotações que revelam o pagamento de R$ 1,5 mil por semana para “INQ/SEC”. “Vamos apurar se essa anotação tem ligação com algum inquérito da Delegacia Seccional”, afirmou o promotor José Barbuto.
A desconfiança do Gaeco é de que o dinheiro era pago por causa de um inquérito instaurado pela seccional, por ordem do delegado Cazé, depois de uma correição em 2006 na Delegacia de Ferraz. O dinheiro serviria para que as investigações não dessem em nada.
Na agenda, há ainda nomes como Juarez, Ulisses e Johnson Entre os presos na operação Carta Branca estão o então delegado titular de Ferraz, Juarez Pereira Campos; o delegado Fernando José Gomes, ex-diretor da Ciretran de Ferraz; o investigador Cido; o investigador Johnson Benedito de Paulo e o escrivão Ulisses da Silva Leite. Há ainda uma anotação misteriosa com a sigla DEM, que recebia valores semelhantes aos da Seccional.
Na primeira denúncia do caso, apresentada pelo Gaeco à Justiça, os dois delegados, os dois investigadores e o escrivão são acusados. Além deles, há proprietários de 17 auto-escolas e centros de formação de motoristas, despachantes, médicos e psicólogos que participariam do esquema de venda de CNH para quem não tinha condições de obtê-la ou para pessoas de outros Estados. Entre as fraudes detectadas estão o uso de uma mesma impressão digital para preencher a ficha de vários candidatos, contornando assim as aulas práticas e os exames teórico e médico.
O ex-vereador e presidente do PSDB no município paulista de Guará, Erasmo Chagas, foi preso nesta quinta-feira por indícios de ligação com a máfia das carteiras de habilitação.
Em depoimento à polícia, ele confirmou que o esquema desarticulado no início do mês pelo Ministério Público Estadual (MPE) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) funcionava com o pagamento mensal de R$ 30 mil à Corregedoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Outros R$ 45 mil, segundo Chagas, seriam destinados a “um senhor chamado Cazé”. A Delegacia Seccional de Ferraz de Vasconcelos foi chefiada pelo delegado Carlos José Ramos da Silva, conhecido como Cazé, até maio deste ano.
O político admitiu ainda ter se reunido com assessores da Secretaria da Segurança Pública para pedir a transferência da jurisdição da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Guará da Delegacia Seccional de Franca para São Joaquim da Barra, onde tinha “amigos”. ____________________________________________________________________________________
Funcionários corruptos são selecionados com o fim de transformar o órgão público em balcão de negócios ilícitos.
O funcionário digno não ingressa no sistema, salvo para consertar os estragos cometidos pelos desonestos.
Depois de sanear o órgão é expurgado; é quando a máquina de fazer dinheiro retorna com maior voracidade.
O titular da Ciretran – quando não acumula a função de Delegado do Município – paga propina semanalmente para o titular do município; para a Seccional e para a Diretoria do Departamento.
No caso DEM, pode ser DEMACRO, ou seja, para a diretoria do Departamento de Polícia da Macro São Paulo, responsavel pela supervisão das Seccionais dos municípios da Grande São Paulo e, também, região do ABC.
Também é arrecadado, do faturamento semanal, a parcela cabível aos políticos da “praça”.
A Corregedoria do Detran, desde 2005, passou a exigir o pagamento de carnê.
Além dos acertamentos quando das eventuais correições ou diligências extraordinárias.
Se a Corregedoria exige propina, quinzenal ou mensalmente,natural suspeitar-se da existência de repasse para o Diretor do Detran.
De se ver que o as irregularidades eram conhecidas desde meado de 2007, tanto que o Detran, paliativamente, passou a exigir o comprovante de eleitor para fins de determinar a circunscrição de trânsito competente para expedição de CNH.
Ou seja, além de comprovante de endereço, deveria comprovar o domicílio eleitoral.
A providencia mostrou-se inócua.
Do mesmo modo, por volta do mês de março deste ano, o Detran determinou que as próprias autoridades de trânsito instaurassem procedimentos para apurar as dezenas de irregulares detectadas em suas próprias circunscrições.
Ora, quando a autoridade não é conivente com as irregularidades, de ofício, adota imediatas providências.
Não permitindo a reiteração.
Também, quando não há conivencia, imediatamente afasta os funcionários que cometeram os desvios.
E pune com maior rigor aqueles sob os quais depositava confiança.
Em muitos casos, depois de adotadas as providências proliminares, a autoridade pede afastamento do órgão. Curiosamente, neste Estado, há Delegados denunciados criminalmente por vender habilitações que foram removidos para outra Ciretran; acompanhados dos colaboradores de confiança.
Quer dizer: há Seccional que apenas muda a quadrilha de lugar; podendo até ser mero ato fraterno.
Entretanto o apego ao órgão é sempre suspeito.
E neste rumoroso caso de corrupção sistêmica, nada se vê demonstrando anterior vontade de corrigir as falhas e punir severamente os infratores.
Houve sim um jogo de empurra, do tipo: “segura que o filho é teu”.
O Detran não puniu a respectiva Corregedoria; os Diretores dos Departamentos não puniram os Seccionais, tampouco afastaram os diretores das Ciretrans.
Ou melhor: quando afastaram colocaram outro de “maior confiança”.
Ou se preferir: MAIS GENEROSO.
Novo inquérito vai apurar atuação de delegados na máfia da CNH
O Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de Guarulhos, na Grande São Paulo, requisitou , no meado deste mês, abertura de inquérito para apurar possíveis crimes de corrupção e formação de quadrilha cometidos por integrantes da Corregedoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), da Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes “e outros”. A requisição cita como “eventual envolvido” o delegado Carlos José Ramos da Silva. Conhecido como Cazé, ele chefiou a polícia na região de Mogi por 12 anos.
Além disso, a Justiça aceitou a denúncia criminal do Gaeco contra 23 acusados de participar da máfia das carteiras de habilitação e decretou a prisão preventiva de 20, entre os quais cinco policiais na esteira da operação Carta Branca. Todos se tornaram réus no processo sobre formação de quadrilha, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro. “As investigações sobre a máfia vão continuar. Temos uma grande quantidade de documentos para examinar”, disse o promotor Marcelo Oliveira.
Para a abertura do novo inquérito, os promotores do Gaeco contam com escutas telefônicas que envolvem integrantes da corregedoria na extorsão de R$ 120 mil, pagos em duas parcelas pelos homens da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Ferraz de Vasconcelos, em São Paulo. Os promotores têm ainda documento que relata pagamentos semanais de propina feitos pela Ciretran a escalões superiores. Entre eles está a contabilidade da propina, apreendida na casa do investigador Aparecido da Silva Santos, o Cido.
Ali, constam anotações que ligam o nome “seccional” a quantias de R$ 2 mil a R$ 3 mil. Havia ainda anotações que revelam o pagamento de R$ 1,5 mil por semana para “INQ/SEC”. “Vamos apurar se essa anotação tem ligação com algum inquérito da Delegacia Seccional”, afirmou o promotor José Barbuto.
A desconfiança do Gaeco é de que o dinheiro era pago por causa de um inquérito instaurado pela seccional, por ordem do delegado Cazé, depois de uma correição em 2006 na Delegacia de Ferraz. O dinheiro serviria para que as investigações não dessem em nada.
Na agenda, há ainda nomes como Juarez, Ulisses e Johnson Entre os presos na operação Carta Branca estão o então delegado titular de Ferraz, Juarez Pereira Campos; o delegado Fernando José Gomes, ex-diretor da Ciretran de Ferraz; o investigador Cido; o investigador Johnson Benedito de Paulo e o escrivão Ulisses da Silva Leite. Há ainda uma anotação misteriosa com a sigla DEM, que recebia valores semelhantes aos da Seccional.
Na primeira denúncia do caso, apresentada pelo Gaeco à Justiça, os dois delegados, os dois investigadores e o escrivão são acusados. Além deles, há proprietários de 17 auto-escolas e centros de formação de motoristas, despachantes, médicos e psicólogos que participariam do esquema de venda de CNH para quem não tinha condições de obtê-la ou para pessoas de outros Estados. Entre as fraudes detectadas estão o uso de uma mesma impressão digital para preencher a ficha de vários candidatos, contornando assim as aulas práticas e os exames teórico e médico.
O ex-vereador e presidente do PSDB no município paulista de Guará, Erasmo Chagas, foi preso nesta quinta-feira por indícios de ligação com a máfia das carteiras de habilitação.
Em depoimento à polícia, ele confirmou que o esquema desarticulado no início do mês pelo Ministério Público Estadual (MPE) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) funcionava com o pagamento mensal de R$ 30 mil à Corregedoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Outros R$ 45 mil, segundo Chagas, seriam destinados a “um senhor chamado Cazé”. A Delegacia Seccional de Ferraz de Vasconcelos foi chefiada pelo delegado Carlos José Ramos da Silva, conhecido como Cazé, até maio deste ano.
O político admitiu ainda ter se reunido com assessores da Secretaria da Segurança Pública para pedir a transferência da jurisdição da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Guará da Delegacia Seccional de Franca para São Joaquim da Barra, onde tinha “amigos”. ____________________________________________________________________________________
Funcionários corruptos são selecionados com o fim de transformar o órgão público em balcão de negócios ilícitos.
O funcionário digno não ingressa no sistema, salvo para consertar os estragos cometidos pelos desonestos.
Depois de sanear o órgão é expurgado; é quando a máquina de fazer dinheiro retorna com maior voracidade.
O titular da Ciretran – quando não acumula a função de Delegado do Município – paga propina semanalmente para o titular do município; para a Seccional e para a Diretoria do Departamento.
No caso DEM, pode ser DEMACRO, ou seja, para a diretoria do Departamento de Polícia da Macro São Paulo, responsavel pela supervisão das Seccionais dos municípios da Grande São Paulo e, também, região do ABC.
Também é arrecadado, do faturamento semanal, a parcela cabível aos políticos da “praça”.
A Corregedoria do Detran, desde 2005, passou a exigir o pagamento de carnê.
Além dos acertamentos quando das eventuais correições ou diligências extraordinárias.
Se a Corregedoria exige propina, quinzenal ou mensalmente,natural suspeitar-se da existência de repasse para o Diretor do Detran.
De se ver que o as irregularidades eram conhecidas desde meado de 2007, tanto que o Detran, paliativamente, passou a exigir o comprovante de eleitor para fins de determinar a circunscrição de trânsito competente para expedição de CNH.
Ou seja, além de comprovante de endereço, deveria comprovar o domicílio eleitoral.
A providencia mostrou-se inócua.
Do mesmo modo, por volta do mês de março deste ano, o Detran determinou que as próprias autoridades de trânsito instaurassem procedimentos para apurar as dezenas de irregulares detectadas em suas próprias circunscrições.
Ora, quando a autoridade não é conivente com as irregularidades, de ofício, adota imediatas providências.
Não permitindo a reiteração.
Também, quando não há conivencia, imediatamente afasta os funcionários que cometeram os desvios.
E pune com maior rigor aqueles sob os quais depositava confiança.
Em muitos casos, depois de adotadas as providências proliminares, a autoridade pede afastamento do órgão. Curiosamente, neste Estado, há Delegados denunciados criminalmente por vender habilitações que foram removidos para outra Ciretran; acompanhados dos colaboradores de confiança.
Quer dizer: há Seccional que apenas muda a quadrilha de lugar; podendo até ser mero ato fraterno.
Entretanto o apego ao órgão é sempre suspeito.
E neste rumoroso caso de corrupção sistêmica, nada se vê demonstrando anterior vontade de corrigir as falhas e punir severamente os infratores.
Houve sim um jogo de empurra, do tipo: “segura que o filho é teu”.
O Detran não puniu a respectiva Corregedoria; os Diretores dos Departamentos não puniram os Seccionais, tampouco afastaram os diretores das Ciretrans.
Ou melhor: quando afastaram colocaram outro de “maior confiança”.
Ou se preferir: MAIS GENEROSO.