O ficcionismo “sherloquiano” inspira os membros do MP; aparentemente querem enfraquecer o PCC instrumentalizando a imprensa e enganando a sociedade…Cadê as provas? 16

COMO O PCC SUPEROU A POLÍCIA PARA MATAR UM DOS SEUS

Reportagem da piauí reconstitui os últimos dias de “Gegê do Mangue”

POR ALLAN DE ABREU

Em ação que parece inspirada nos clichês de filmes sobre a Máfia, o PCC conseguiu o que as polícias e o Ministério Público tentavam havia praticamente um ano: descobrir o paradeiro de Rogério Jeremias de Simone, o “Gegê do Mangue”, maior liderança da facção fora dos presídios. Gegê e o colega da organização criminosa Fabiano Alves de Souza, o “Paca”, não foram apenas encontrados pelo PCC. Eles foram capturados, torturados e mortos a mando da facção – segundo a polícia. A ação envolveu um helicóptero, a simulação de uma pane e o uso dos próprios seguranças de Gegê como executores. Tudo ocorreu no Ceará, em uma área indígena, na quinta-feira seguinte ao Carnaval.

Gegê havia deixado a prisão em 2 de fevereiro de 2017, beneficiado por um habeas corpus concedido pela 3ª Vara de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. Dali a dezoito dias, ele deveria ser julgado por um duplo homicídio. Nunca apareceu na corte, porém. A prisão de Gegê foi decretada um dia depois de ele deixar os magistrados e promotores falando sozinhos, mas o foragido nunca mais seria alcançado pelo longo braço da lei. Mãos do PCC o pegaram antes.

Após deixar o Presídio de Presidente Venceslau, Gegê​ fugiu para Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Lá, uniu-se a Paca para comandar o envio de cocaína para os integrantes da facção criminosa no Brasil.

O que nem a polícia nem a Promotoria desconfiavam é que a dupla costumava passar férias com a família no litoral cearense. A primeira vez foi em julho do ano passado, com direito a mergulhos no Beach Park, um parque aquático localizado numa praia a 26 quilômetros de Fortaleza. As férias familiares deram tão certo que Gegê e Paca resolveram investir parte dos lucros com o narcotráfico em casas na região. Paca adquiriu uma no condomínio Alphaville, em Aquiraz. Pagou 1 milhão de reais e gastou quantia igual na reforma. Em janeiro de 2018, com as obras terminadas, decidiram repetir a dose. Nem desconfiavam como as férias acabariam.

A família de Gegê fretou um ônibus para levá-los de São Paulo até o Ceará. No meio da viagem, apanharam os familiares de Paca em um condomínio na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Enquanto isso, a dupla do PCC percorria os mais de 3 mil quilômetros que separam a cidade boliviana da Região Metropolitana de Fortaleza em um helicóptero vermelho e preto pertencente à facção paulista, num trajeto permeado de paradas para abastecimento.

O inconveniente se justificava. Esse tipo de aeronave pode voar em altitude mais baixa, o que a torna mais difícil de ser rastreada do que um avião. Como o helicóptero tem também autonomia menor, a dupla foi obrigada a fazer pelo menos dez paradas no caminho entre Santa Cruz e Aquiraz, para repor o combustível. No comando da aeronave havia um piloto e um copiloto cujos nomes ainda não são públicos mas que viriam a ter papel-chave no desfecho da história.

A viagem de ida ocorreu sem sobressaltos. Os líderes do PCC não foram incomodados pelas autoridades e acabaram por se reunir com suas famílias no Ceará. Desfrutaram do helicóptero em mais de um passeio pela região. Na Quarta-feira de Cinzas, Gegê e Paca se despediram de suas mulheres e filhos e embarcaram novamente com destino à Bolívia. Era a última vez que os familiares os veriam vivos.

Com apenas alguns minutos de voo, pousaram inesperadamente. A polícia levanta a hipótese de piloto e copiloto terem dito aos passageiros que o helicóptero tinha problemas mecânicos. O pouso foi em uma clareira no meio da mata, numa reserva indígena, ainda em Aquiraz. Em terra, piloto e copiloto subjugaram Gegê e Paca apontando pistolas calibre 9 milímetros que viriam a ser identificadas pelos peritos policiais, dias depois. Não dispararam de pronto. Antes, torturaram os colegas de facção. Os olhos de Gegê e Paca foram perfurados a faca; seus corpos, parcialmente queimados e escondidos na vegetação.

Piloto e copiloto voltaram para o helicóptero e fugiram, possivelmente de volta à Bolívia. A Polícia Federal identificou o piloto e a matrícula da aeronave. Os corpos foram encontrados na sexta-feira por um rapaz que andava pela mata.

A participação de facções criminosas rivais do PCC na execução foi descartada pelos investigadores, por exclusão: não houve rebeliões nos presídios, como costuma haver após mortes decorrentes de disputas entre organizações criminosas. A Polícia Federal e o Gaeco, braço do Ministério Público que investiga o crime organizado, acreditam que os crimes tenham sido cometidos pelo próprio PCC a mando de seu líder máximo, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, atualmente preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, interior paulista.

Para os promotores do Gaeco, o motivo mais provável é que Gegê teria ordenado a execução de Edilson Borges Nogueira, o “Biroska”, em dezembro passado, sem obter antes o aval de Marcola. Na ocasião, o líder estava em regime de isolamento na penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes, também no interior de São Paulo – e, portanto, sem comunicação com os demais. Embora expulso da facção meses antes de ser assassinado, Biroska era amigo de Marcola.

A polícia também suspeita de outros dois motivos para a sentença de morte: Gegê e Paca terem, supostamente, ordenado por conta própria outros homicídios de integrantes da facção na Bolívia; e a suspeita de que estariam desviando dinheiro do grupo. Daí os “olhos gordos” perfurados a faca durante a execução. Mas, entre os promotores e policiais que acompanham os passos do PCC, há quem avente a possibilidade de Marcola ter ordenado as execuções para evitar o aumento do poder de outras lideranças que pudessem colocar em risco o seu comando.

ALLAN DE ABREU

repórter da piauí, é autor do livro Cocaína: a rota caipira, da Editora Record.

Um Comentário

  1. Na boa, desde quando saiu essa reportagem ninguém me tira da cabeça que quem matou esse Gege e Paca do PCC foi a propria PM com informações do Gaeco. Tem um policia la da região que afirma ter muita grana no meio dessa história. Não é de nos espantar mais o Ministerio Público se aliando a PM para roubar traficantes. E esse argumento pode ter fundamento, até por que na sequencia, os promotores pediram auxilio a força nacional de segurança, devem estar se cagando de medo de represálias!! Se for verdade, torço pro PCC matar alguns promotores corruptos, pois prisão pra eles não terá mesmo!

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  2. dono da verdade

    e você ainda tem dúvidas? kkkk ta na cara que isso tem dedo da Polícia a mando máfia.

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  3. Conversa fiada, só trouxa acredita nessa “estorinha” furada. Como ė sabido por todos, Gegê do Mangue era praticamente jurado de morte pela galera antiga do DEIC/DENARC, tanto que o próprio advogado afirmou publicamente que motivo dele estar foragido era por temer represália dos policiais corruptos.

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  4. Essa estorinha do Gaeco ta com cara de tentar tirar o cú da reta. “..A Polícia Federal e o Gaeco, braço do Ministério Público que investiga o crime organizado, acreditam que os crimes tenham sido cometidos pelo próprio PCC…”
    Puro (des)serviço de manipulação da informação. Enquanto isso alguns promotores e pms com o cú cheio de dinheiro do PCC.

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  5. Eu não acredito na existência do PCC, para mim é tudo invenção, afinal de contas o Ferreira Pinto ex-secretário da segurança e ex-membro do MP não iria mentir quando disse que o PCC acabou e que sobrou só uns 30 (trinta) e que todos estes já estavam preso.
    Acredito no Ferreira Pinto, em todos os ex-secretários e ex-promotores que passaram pela SSP, também acredito no atual Magino Alves.
    Também acredito em papai Noel, coelhinho da páscoa, também acredito que Marcela Temer casou por amor, que por uma destas circunstâncias da vida, foi secretário da segurança em São Paulo, nestes eu acredito.

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  6. Os corruptos estão em todas as esferas de governo, estamos cercados por todos os lados, salve-se quem puder.

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  7. Lula diz que Temer usa intervenção no Rio para ‘se cacifar’ na eleição
    O petista ainda disse que o presidente “quer pegar os votos” do deputado federal Jair Bolsonaro, presidenciável ligado às causas de segurança

    13:09 · 21.02.2018 / atualizado às 13:19
    Lula diz que Temer usa intervenção no Rio para ‘se cacifar’ na eleição
    Lula argumentou que a pauta da segurança pública tem apoio da população enquanto a Reforma da Previdência não tinha ( Foto: AFP )
    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (21) que o presidente Michel Temer (MDB) usa a intervenção federal no Rio de Janeiro para “se cacifar” na eleição deste ano.

    “Ele inventou a questão da segurança. Está pensando com isso em se cacifar para ser presidente”, disse Lula, ressaltando que a pauta da segurança pública tem apoio da população enquanto a Reforma da Previdência não tinha.

    “Jogaram na nossa cabeça pra discutir intervenção e segurança pública. O povo quer segurança, mas o Exército não foi feito pra isso”.

    Lula disse ainda que Temer “quer pegar os votos” do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), presidenciável ligado às causas de segurança.

    “Temer quer tentar entrar no jogo”, disse.

    Lula visitou o acampamento Maria da Conceição, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Itatiaiuçu (MG), a 60 km de Belo Horizonte.

    O ex-presidente estava acompanhado do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), e de deputados e dirigentes petistas.

    Pimentel prometeu regularizar o acampamento, que classificou como “uma vitória”, e também criticou a intervenção militar no Rio de Janeiro.

    “Aqui não vai ter intervenção. Quem cuida de Minas Gerais são os mineiros”, disse.

    Pimentel, que concorrerá à reeleição, defendeu a candidatura de Lula. “Assim como a esperança venceu o medo em 2002, agora em 2018 a esperança vai vencer a injustiça.”

    Cercado por militantes do MST e da CUT, o ex-presidente passou pelo armazém, horta e escola do local antes de discursar. Foi recebido por crianças e ganhou abraços e beijos de senhoras.

    Inaugurado em março do ano passado, o acampamento do MST tem cerca de 700 famílias e ocupa uma área de 400 hectares pertencente à MMX, empresa de mineração de Eike Batista.

    O MST mantém ainda outro acampamento em terras da MMX em São Joaquim de Bicas, região metropolitana de BH. As duas fazendas em breve serão alienadas para cobrir dívidas da empresa, que já teve seu plano de recuperação aprovado por credores.

    Lula está em Belo Horizonte para o evento de lançamento da sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, marcado para 18h. Ele chegou na terça (20) à capital mineira e jantou com Pimentel.

    O ato, que inicialmente aconteceria no início do mês, foi marcado após a divulgação da pesquisa Datafolha que coloca o petista como favorito na corrida ao Planalto mesmo após a confirmação da sua condenação pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região).

    Nesta manhã, o petista deu entrevista à rádio Itatiaia e defendeu para sua chapa como vice o nome do empresário Josué Alencar (MDB), filho do vice-presidente da gestão Lula, José Alencar.

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  8. Lula diz que Temer usa intervenção no Rio para ‘se cacifar’ na eleição
    O petista ainda disse que o presidente “quer pegar os votos” do deputado federal Jair Bolsonaro, presidenciável ligado às causas de segurança

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  9. Um dia todas esses crimes e mentiras cometifas pelo Gaeco em coautoria com a PM serão reveladas! E aí veremos a face dos verdadeiros corruptos. Essa dupla é o verdadeiro crime organizado, roubam, matam, traficam, extorquem, solicitam, recebem, exigem. Praticam praticamente todos os crimes elencados no código penal. Tudo acobertado pelo Ministério Público e ratificado pelo judiciário, que hoje, infelizmente, o judiciário não manda mais em nada, apenas ratifica o que o MP quer!

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  10. Diz uma parábola judaica que certo dia a mentira e a verdade se encontraram.
    A mentira disse para a verdade:
    – Bom dia, dona Verdade.
    E a verdade foi conferir se realmente era um bom dia. Olhou para o alto, não viu nuvens de chuva, vários pássaros cantavam e vendo que realmente era um bom dia, respondeu para a mentira:
    – Bom dia, dona mentira.

    Está muito calor hoje, disse a mentira.
    E a verdade vendo que a mentira falava a verdade, relaxou.
    A mentira então convidou a verdade para se banhar no rio. Despiu-se de suas vestes, pulou na água e disse:
    -Venha dona Verdade, a água está uma delícia.

    E assim que a verdade sem duvidar da mentira tirou suas vestes e mergulhou, a mentira saiu da água e vestiu-se com as roupas da verdade e foi embora.
    A verdade por sua vez recusou-se a vestir-se com as vestes da mentira e por não ter do que se envergonhar, saiu nua a caminhar na rua.

    E aos olhos de outras pessoas era mais fácil aceitar a mentira vestida de verdade, do que a verdade nua e crua.

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