PF vai investigar se avião foi comprado com uso de caixa dois 9

MARIANA BARBOSA
MARIO CESAR CARVALHO
DE DE SÃO PAULO

24/08/2014 02h00

Depois de se deparar com uma empresa de fachada e empresários sem condições econômica para comprar um avião de R$ 18,5 milhões, a Polícia Federal vai apurar se a aeronave que caiu com o candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB) foi comprada com dinheiro de caixa dois de companhias ou do próprio partido.

O avião pertence ao grupo A. F. Andrade, dono de usinas de açúcar que está em recuperação judicial, com dívidas de R$ 341 milhões.

No dia 15 de maio deste ano, um empresário de Pernambuco e amigo de Campos, João Carlos Lyra de Melo Filho, assinou um compromisso de compra da aeronave e posteriormente indicou as empresas BR Par e a Bandeirantes Pneus para a assumir dívidas de US$ 7 milhões (R$ 16 milhões) junto à Cesnna.

Edson Silva – 29.mai.2014/Folhapress
Eduardo Campos desembarca em Franca em maio após viajar no avião Cessna que caiu no último dia 13
Eduardo Campos desembarca em Franca em maio após viajar no avião Cessna que caiu no último dia 13

A BR Par não existe no endereço que aparece no seu registro na Junta Comercial, na avenida Faria Lima, em São Paulo. Já a Bandeirantes foi recusada pela Cessna por falta de capacidade econômica.

MAIS SUSPEITAS

Além do limbo jurídico sobre quem é o dono do avião, há também suspeitas de crime eleitoral. Para justificar o uso do jatinho perante o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a campanha do PSB precisaria apresentar em sua prestação de contas documentos que não existem.

Para poder transportar o candidato até que a documentação fosse transferida para aliados de Campos, o avião precisaria ter sido doado para a campanha do PSB.

A lei eleitoral permite a doação dos chamados bens permanentes –avião ou carro. “Mas a doação precisa constar de um contrato, com a emissão de recibo eleitoral pela campanha”, diz Katia Kufa, presidente do Instituto Paulista de Direito Eleitoral. “Esse contrato precisa ser feito antes da doação.”

Segundo Ricardo Tepedino, advogado do grupo AF Andrade, não houve doação.

Pela lei, a campanha precisará explicar como bancou todas as despesas com voos, estimadas em R$ 1,2 milhão.

Na primeira parcial de prestação de contas, não há nenhuma despesa relacionada ao avião. A campanha, porém, poderá prestar contas até 25 de novembro, se houver segundo turno.

O custo da operação do jato foi calculado pela reportagem com base em uma análise dos planos de voo, aos quais a Folha teve acesso.

Em quase três meses, o Citation pousou em 34 aeroportos distintos, contabilizando 118 horas de voo.

Foram analisados os voos realizados desde o dia 15 de maio, quando o avião passou a ser usado exclusivamente pela campanha, até 13 de agosto, dia do acidente.

Se tivesse contratado empresa de táxi aéreo, a campanha teria gasto R$ 1,7 milhão. O custo é maior por incluir a margem de lucro.

A hora de voo do Citation XL custa em média R$ 14.500. Para um operador privado, o custo operacional é de cerca de R$ 10.000.

Para não configurar crime eleitoral, todas as despesas de combustível, salário de piloto e manutenção precisam ser pagas com notas emitidas em nome da campanha.

Reportagem do jornal “O Globo” revelou que no aeroporto Santos Dumont as despesas de apoio em solo foram pagas pela Lopes e Galvão, empresa com sede em uma escola infantil de Campinas.

“Se os gastos com o avião não forem declarados, isso pode configurar omissão de despesas e o candidato pode responder a uma ação por abuso de poder econômico”, diz Kufa. Para ela, Marina pode ter a candidatura cassada e se tornar inelegível se as contas forem rejeitadas.

OUTRO LADO

Em entrevista coletiva após evento de campanha no Recife (PE), Marina Silva e seu vice, Beto Albuquerque, foram questionados sobre a propriedade do jatinho. Albuquerque disse que as informações necessárias estão sendo apuradas e que ele também quer “justiça”. “Queremos saber, e ainda não foi explicado, como esse avião caiu e matou o nosso líder”, afirmou o deputado. Marina não comentou.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

  • Quem é o dono do avião? O avião está registrado na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) em nome do grupo A. F. Andrade, que tem sede na cidade de Ribeirão Preto (SP)
  • A aeronave foi vendida? Em 15 de maio, um empresário de Recife, João Carlos Lyra de Melo Filho, assinou um compromisso de compra da aeronave, mas as empresas que ele indicou para assumir uma dívida de US$ 7 milhões junto à Cessna não foram aprovadas. O grupo A. F. Andrade afirma que recebeu cerca de R$ 2,5 milhões e que conseguiu transferir a dívida que tinha junto à Cessna
  • Quem pagou? O grupo A. F. Andrade não revela de quem recebeu os R$ 2,5 milhões
  • O pagamento foi feito em dinheiro? Segundo o grupo A.F. Andrade, foi feita transferência bancária
  • O PSB podia usar o avião? O partido pode receber como doação o uso do avião desde que arque com as despesas, de acordo com a lei eleitoral. O candidato a vice de Marina Silva, Beto Albuquerque, diz estar certo de que houve uma doação para a campanha
  • Alguém doou o avião à campanha? O grupo A. F. Andrade diz que não doou nada para a campanha de Campos. Na prestação de contas da campanha também não consta nenhuma doação de aeronave
  • Quanto custa o jatinho? Cerca de R$ 18,5 milhões
Davilym Dourado/valor
O advogado Ricardo Tepedino, que nega ter havido doação
O advogado Ricardo Tepedino, que nega ter havido doação

 

Transcrito da Folha de São Paulo ; nos termos do artigo 46 da Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998.

Um Comentário

  1. Ah! vou falae pros meus credores, que tive una caganeira, e tão logo me rcuperar, vou dixar “tudo acertadinho”, com juros e o escambal”.

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  2. HOJE, POBRE COME CARNE, VAI A SHOPING, COMPRA CARRO NOVO, CONSEGUE COMPRAR UMA CASA, FAZ FACULDADE, TEM TV DE LED, TV PAGA, ETC. ANTES , JAMAIS. LOGO, MEU VOTO É DILMA, DILMA
    DILMA, DILMA

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  3. esse tal de 4ndr4di ai é o mesmo do boi gordo ???

    que começou aquele aplik de boi gordo ???

    uns 20 anos . . .???

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  4. Caros companheiros, na minha ótica, temos que passar por reformas políticas profundas, a começar do caráter do candidato, digo isso porque já notoriamente é uma cultura no seio político brasileiro, a maioria dos candidatos já possuem históricos desabonador, vigarista, corruptos etc. . Quando assistimos os programas políticos, notamos muitas mentiras, promessas que nunca irão se cumprir, gracejos e uma infinidade de mentiras no afã de seduzir o eleitor, são intermináveis contos de fada, é na TV, nos jornais, no rádio e muita panfletagem. Oras companheiros, acredito que já passou da hora de acabar com propagandas enganosas na esfera política. Eu me sinto muito ofendido quando assisto na TV ou ouço no rádio o candidato se auto elogiando, contando muitas mentiras, ou mesmo fazendo gracejos, poxa, isso fere nossa dignidade de tal maneira que passamos a acreditar que tudo é palhaçada nesse país. Hoje eu li em algum lugar, que as promessas de campanhas nunca se concretizam, foi mencionado o Alckimim que havia prometido 30 km de metro e só fez 04 km, a Dilma prometeu o trem bala que não saiu do papel e outros mais que não me recordo. Não tem cabimento os brasileiros aceitar essas safadezas de campanhas eleitorais, o povo não pode ser enganado pelas principais autoridades do país, isso para mim é estelionato político, não dá pra aceitar ser enganado ou mesmo ver nosso vizinho ou conhecido ser enganado por aqueles que são candidatos aos principais cargos no Brasil, isso é uma comprovação que somos vítimas dos governantes e políticos em geral, será que não é possível fazer propagandas apenas com verdades? quais são os interesses daqueles que propagam mentiras para o povo? porque se ele mente já não serve para ocupar o cargo e ai cade as autoridades do Brasil que pode coibir esses malandros? O Brasil precisa e necessita urgentemente passar por uma reforma política onde não caiba a candidatura de malandros !

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