Mais um miquinho do Ministério Público ( GAECO ) e seus caezinhos amestrados ( PM )…Vicente Cascione: O buraco invisível 6

Crônica da AT Revista deste domingo:

O buraco invisível

pec-37-simTenho uma indiscutível incapacidade para assaltar bancos, embora eu saiba que a recíproca nem sempre é verdadeira.
Às vezes imagino-me ingressando num banco, de arma em punho, com boné de aba invertida e moletom, berrando para todo mundo deitar no chão, mandando o gerente abrir o cofre para eu catar a grana e dar o pinote, levando a rima e o malote.
Sei que seria impossível eu fazer isso em minha própria cidade, afinal, muitas pessoas gentis abordam-me na rua para dizer que lêem estas crônicas, em sua rotina dominical.
Então, por eu ser um sujeito mais ou menos conhecido, se eu surgisse como ladrão, ninguém levaria meu assalto a sério.
Alguns pensariam ser uma brincadeira, embora eu já não tenha mais idade para brincar de mocinho e bandido principalmente no cenário de um banco de verdade. Já vão longe os tempos de menino, em que xerifes e ladrões matavam e morriam nos fundos dos quintais de minha rua se alguém não respeitasse o: “Renda-se, aí”, e “Mãos ao alto”, antes de algum desertor proclamar: “Não brinco mais”.
Mas volto ao assunto de meu assalto inverossímil.
Vendo-me no papel de ladrão de banco, haveria quem murmurasse, piedosamente:
-“Coitado do Cascione. Pirou de vez. Eu sempre disse que ele não bate bem”.
Uns e outros imaginariam ser uma pegadinha. E nem mesmo um inimigo maledicente, se calhasse de estar ali, no momento do  assalto, nem ele ousaria afirmar que o roubo era uma coisa pra valer.
promotoriaAssim, por ter consciência dessas dificuldades operacionais, e de minhas próprias limitações, resolvi não me expor ao ridículo, à zombaria de minhas incrédulas vítimas, ou à indiferença de meus assaltados.
Mas, na última sexta-feira, vivi uma experiência interessante.
Um grande banco brasileiro, localizado a meio quarteirão de distância do prédio de meu escritório, no Centro Histórico, informou a intrépidos membros do Ministério Público (do GAECO) que o banco constatou haver abalos sísmicos no subsolo da agência, sugestivos de escavação de um túnel de acesso subterrâneo ao edifício, para concretização de um assalto.
Houve expedição de um mandado judicial para os promotores efetuarem busca em locais baldios situados nas vizinhanças do banco, à procura da entrada de um possível túnel.
Os promotores não foram. Mandaram PMS, com armamento pesado, cuidar das buscas.
Ao lado do prédio de meu escritório existe um imóvel desocupado. Reviraram tudo, nada de túnel. Mas, por que não estender a busca ao pavimento térreo do prédio do cronista? Vai que eles, telepaticamente, tenham constatado meu sonho íntimo de roubar bancos?
Eu não estava presente no momento da diligência e não tive o prazer de receber meus visitantes com as honras da casa.
O pessoal do escritório diz que eles se desculparam, ao sair, e que não foram abusados. Acredito.
Mas, são inexperientes e ingênuos.
Agora que eles se foram, e ninguém nos ouve, confesso aos amáveis leitores ter cavado o túnel com minhas próprias mãos, e já atingi o subsolo do banco. Camuflei o buraco de entrada de tal forma que ninguém levou fé no disfarce da tabuleta que dizia: “Atenção. Entrada proibida. Túnel de acesso ao banco. Entre na agência pela porta giratória”.
É isso aí. Não sou um ladrão juramentado, desses que entram pela porta da frente, metem medo, e são verossímeis.
Resta-me uma consolação: comigo o buraco é mais embaixo. E escancarado. Não sei por que o GAECO não viu.
De minha parte, eu não gostei do que vi!

Snap 2013-05-15 at 03.06.06

http://www.vicentecascione.com.br/blog/PostTexto.aspx?idPost=172#.UY-9DitARmZ

Um Comentário

  1. Pingback: A matéria “Cubanos, para quê?” publicada na revista Veja seria hilária se não fosse criminosa | SCOMBROS

  2. Bom Dia!

    Senhoras e Senhores.

    Eu tenho por hábito dizer que:

    “Feliz foi Adão que não teve sogra nem caminhão” e, “Se estamos neste inferno é tudo por causa da famosa “Eva” e de sua mentira. Engabelou Adão com a maçã para ficar com a cobra e por fim, deixou seus filhos para nos aporrinharem, que nada mais são, segundo já dizia o nobre cidadão “Chico”, grandessíssimos filhos…”.

    Assalto sempre existiu e segundo relatos apresentados, sempre existirão, pois enquanto existir “ovelhas puras e dóceis” haverá indubitavelmente os prelados pecaminosos.

    Por fim, sempre seremos vítimas destes prolixos, destes emaranhados parágrafos e de seus adjacentes, que somente se atêm em nos fazerem de “bobos da corte”.

    Caronte.

    Curtir

  3. A questão é porquê o banco foi procurar o MP e não a polícia. Tavam com medo de dar a merda que deu no Itaú, onde provavelmente os clientes devem terem sido extorquidos duas vezes.

    Curtir

  4. 15/05/2013 07h40 – Atualizado em 15/05/2013 20h36
    Cracolândia tem ‘feira livre’ das drogas
    Crack e maconha são vendidos tranquilamente na Rua dos Gusmões.
    Operação da Polícia Civil prendeu 10 pessoas e deteve 4 adolescentes.
    Do G1 São Paulo

    354 comentários

    Reportagem do Bom Dia São Paulo desta quarta-feira (15) mostrou o funcionamento da feira livre das drogas, na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo. A venda de crack e maconha acontece normalmente todos os dias. Pelo menos dez pessoas foram detidas na madrugada desta terça-feria (14). A operação da Polícia Civil irá continuar nos próximos dias para tentar prender traficantes.
    A venda de entorpecentes ocorre mesmo após a Ação Integrada Nova Luz, iniciada em janeiro do ano passado para coibir o tráfico e consumo de droga na região Central.
    saiba mais
    Um ano após operação no Centro de SP, cracolândia resiste e ganha filiais
    Cartão para tratamento de usuário de crack custará R$ 4 milhões mensais
    Nas imagens, um homem para gritando “Quem quer crack, quem quer crack?”. Um usuário pergunta: “Quem tem maconha?”. Prontamente uma mulher responde: “Eu tenho maconha aqui, ó”.
    Na Rua dos Gusmões, traficantes e usuários convivem quase 24 horas por dia. No vídeo, um rapaz acende um cachimbo de crack. Um senhor de cabelos brancos também tem uma pedra. Um mulher aparece vendendo drogas a usuários. Ela é cercada e tem que contar a droga para atender os usuários.
    Um carro da Polícia Militar passa pela via, para, mas vai embora. Os traficantes anunciam a venda de drogas o tempo todo. Alguns ficam com as pedras de crack nas mãos para atender mais rápido os viciados. Quando percebem a câmera, dão risada. Os traficantes aceitam joias e tênis como moeda de troca.
    Durante 40 dias, a Polícia Civil investigou a feira da droga da Cracolândia. Ao todo, 14 pessoas foram detidas na madrugada desta terça-feira (14) durante a operação. Entre elas, quatro garotas, com idade entre 13 e 17 anos, que foram encaminhadas à Fundação Casa. Com os suspeitos, a polícia apreendeu pedras de crack, cerca de R$ 3,6 mil, cinco celulares, uma faca e um alicate.
    O delegado Kleber Altale afirma que o tráfico está cada vez mais recrutando menores para vender drogas. Na operação, quatro garotas foram apreendidas.
    “No caso do tráfico, [o recrutamento de menores] é a impossibilidade de uma aplicação de uma pena, caso ele seja surpreendido traficando, exceto uma medida socioeducativa, e também o rendimento. ele tem um trabalho, tem um rendimento”.

    É UMA POUCA VERGONHA. QUANTA INCOMPETÊNCIA DESSE PSDB, OS PAULISTAS NÃO MERECEM ISSO !

    Curtir

  5. O que esperar de uma instituição que oficiais se julgam superiores, e que não sentam a mesa com seus comandados, ou você ja viu umsoldado frequentando a mesa de um oficial,vai se catar…

    Curtir

Os comentários estão desativados.