Comandante da PM se diz envergonhado com ação de policiais no caso Rafael
Hélio Almeida | Rio+ | 29/07/2010 23h16
A Polícia Militar do Rio de Janeiro tem sido muito criticada, principalmente nos últimos dias, por casos de suspeitas de corrupção e despreparo de alguns policiais. Em entrevista ao SRZD, o comandante-geral da PM, coronel Mario Sérgio Duarte, afirmou que foi um erro fazer operação em horário de aulas, como aconteceu no caso do garoto Wesley, de apenas 11 anos, morto por bala perdida dentro da sala de aula. Ele ainda afirmou que a polícia está sendo preparada desde já para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Até aulas de idioma os policiais começaram a ter, além de 37 projetos a serem implantados nas áreas de tecnologia, comunicação, segurança e informação visando os grandes eventos que estão por vir.
Ao ser perguntado pelo SRZD sobre qual peso o caso do menino Wesley e da corrupção de dois policiais que teriam subornado o pai do atropelador de Rafael Mascarenhas, filho de Cissa Guimarães, tinham na PM, Mário Sérgio afirmou que a corporação estava há meses sem registrar ocorrências de policiais, e que a corregedoria está tomando providências.
“É claro que nos constrange, nos causa vergonha, ver dois policiais envolvidos neste atropelamento trágico desta triste forma. A Corregedoria da PM, no entanto, agiu rápido e a Justiça Militar decretou a prisão dos dois. Estamos investindo no combate à corrupção na PM cada vez mais, tanto na punição, quanto no inquérito e na formação do policial desde que entra na academia”, comentou.
Sobre o menino Wesley, morto em sala de aula por uma bala perdida em Costa Barros, ele afirmou que se sente pessoalmente atingido. “Como pai e professor, isso me dói pessoalmente. Como comandante, vem um peso grande de responsabilidade: mesmo que depois se apure que a bala que matou o menino não veio da arma de um bandido, não podemos fugir do fato de que fizemos uma operação perto de um CIEP em aulas. A culpa pode ser de quem atirou, mas e a nossa responsabilidade, o accountability, de quem planejou a operação? Não há resultado que compense a morte de uma criança numa sala de aula. Uma sala de aula é um lugar para se aprender, para se conhecer, nunca para morrer”, complementou.
Consequências
SRZD: E o que mudou depois destes casos?
Coronel: “Fizemos várias reuniões aqui no Quartel-General pedindo aos comandantes que preservassem a vida do cidadão, orientando a tropa a ter cuidado em abordagens e em operações perto de locais com vítimas em potencial”.
SRZD: O que a PM do Rio pretende fazer para modificar a imagem deixada por causa desses casos?
Coronel: “Dano à imagem teria havido se não tivéssemos adotado todas as providências e se não tivéssemos nos pronunciado de maneira clara e sem paternalismos. São 40 mil policiais, não podemos prometer que jamais haverá um fato negativo. Mas podemos prometer, sim, que nós não vamos ser complacentes”.
Preparação para Copa e Olimpíadas – Como a PM pretende atuar nos grandes eventos?
Ele falou sobre os planos para o futuro, que começam a ser aplicados desde já. De acordo com Mario Sérgio, quase 40 projetos já estão em fase de implantação em diversas áreas. “A nossa Coordenadoria de Assuntos Estratégicos está criando o Escritório de Copa e Olimpíadas, e já temos 37 projetos a serem implantados na área de tecnologia, comunicação, segurança e informação visando os grandes eventos que estão por vir. Hoje temos no Batalhão de Polícia de Choque um modelo de unidade preparada para fazer a segurança dos grandes eventos. Já começamos a dar cursos de idiomas para os policiais. E vamos atuar sempre em parcerias com a Secretaria Nacional de Segurança Pública e com o município do Rio.
PMs investigadores
SRZD: O senhor falou que iria transformar policiais em investigadores. O que dessa proposta foi concretizada?
Coronel: “A PM do Rio, por ser uma polícia de rua, é responsável, sim, pela primeira investigação do fato ocorrido. É preciso avaliar no local, e tomar as devidas providências. Mas a investigação do inquérito continua sendo atribuição da Polícia Civil, instituição que nos ajuda muito. Hoje trabalhamos com a Polícia Civil em parceria nas Regiões Integradas de Segurança Pública e estamos obtendo grandes resultados que já vão começar a aparecer.