ELIANE CANTANHÊDE – da FOLHA DE SÃO PAULO
“Avacalhação”
BRASÍLIA – De Lula, sobre a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, que já recebeu 99 chibatadas e foi condenada a ser apedrejada até a morte por adultério: “Eu, sinceramente, não acho que nenhuma mulher deveria ser apedrejada por conta de… ter, sabe, traição”.
Só faltava achar que deveria…
E isso significa que ele vá atender à campanha na internet para interceder pela vida de Sakineh?
Resposta: “Um presidente da República não pode ficar na internet atendendo tudo que alguém pede de outro país. Veja, eu pedi pela francesa (…) e pelos americanos que estão lá, pedi para a Indonésia por um brasileiro, pedi para a Síria por quatro. Mas é preciso cuidado, porque as pessoas têm leis, as pessoas têm regras, as pessoas, sabe… Se começam a desobedecer as leis deles para atender o pedido de presidentes, vira uma avacalhação”.
Então, entrar na contramão internacional e se meter com o regime Ahmadinejad num acordo que ninguém levou a sério, pode. Mas voltar para a mão certa e interceder a favor de uma pobre coitada ameaçada de uma morte medonha, “vira esculhambação”?
A declaração de Lula poderia ter sido só um escorregão, não fosse o precedente. Ele já desqualificou os manifestantes iranianos que denunciavam ao mundo fraudes na eleição de Ahmadinejad como “chororô de torcida de time perdedor”, sem considerar que eles julgam sumariamente e matam os opositores sem dó nem piedade.
E no caso de Cuba? Não bastasse Lula às gargalhadas com os irmãos Castro no dia da morte do dissidente Orlando Zapata por greve de fome, depois ele comparou os que resistem à ditadura cubana a criminosos comuns no Brasil. Logo ele, que já foi perseguido por uma ditadura, teve amigos e companheiros presos, mortos e desaparecidos.
Nada disso combina com a emocionante biografia de Lula, muito menos com o Brasil que ele e todos nós queremos construir.
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Pouco – talvez nada – importa a vida da iraniana “Sakineh”! Importante é ridicularizar o Presidente da República.
Importante é, de alguma forma , transferir a responsabilidade pela bestial pena de morte; avacalhando o Presidente Lula.
Ora, já que o regime no Irã afronta a dignidade humana e os princípios da cristandade, a Folha de São Paulo deveria promover uma marcha pela libertação de todos os povos submetidos à escravidão religiosa.
Assim, a capa da Folha poderia estampar em letras gigantescas: O ISLAMISMO DEVE SER VARRIDO DA FACE DA TERRA POR BALA DE METRALHADORA…
Aliás, é pensamento enrustido que todo o Islamismo – de mãos dadas com os Israelitas – poderia ser varrido para qualquer céu.
BALA DE METRALHADORA: PARA QUE NÃO SOBREM RESÍDUOS RADIOATIVOS PARA TODOS OS LADOS…
Ora, se não fossem os resíduos…BUM!
A Folha deveria, também, abandonando esse argumento rasteiro do “diga-me com quem andas; eu direi quem és”, ser mais explícita:
LULA É UM FACÍNORA SÓCIO PROTETOR DOS NARCOTRAFICANTES DA FARC, SÓCIO SIMPATIZANTE DE ASSASSINOS DO JAEZ DOS “CASTRO”, “CHAVEZ”, “EVO” E SÓCIO “AHMADINEJAD”.
Não dá, né? Quem tem cu tem medo!
No caso não é medo dos Tribunais Brasileiros…
É medo do Tribunal do Aiatolá; da Charia.

