A MAIORIA DA POPULAÇÃO CARCERÁRIA É COMPOSTA POR POBRES QUE NASCERAM E CRESCERAM SEM INFÂNCIA DOURADA; SEM O PAI SE VESTINDO DE PAPAI NOEL…PODEM AFIRMAR EM QUALQUER TRIBUNAL: “Não sou bandido, não sou nenhum Pablo Escobar, não tenho quadrilha, não tenho fortaleza, não tenho dinheiro na Suíça”…MAS A POBRE E MORENINHO DIFICILMENTE A JUSTIÇA DÁ O MESMO TRATAMENTO DADO A MAURICINHOS E PATRICINHAS QUE VENDEM DROGAS PARA FINANCIAMENTO DO PRÓPRIO VÍCIO 12

As lições de Johnny  (ÉPOCA maio de 2009)
A história de João Estrella, rapaz de classe média preso por vender cocaína nos anos 90, ajuda a explicar por que hoje tantos universitários traficam ecstasy
celso masson, martha mendonça, solange azevedo e rafael pereira

 
CAMINHO TORTO
O ator Selton Mello na pele de João Estrella. A trajetória de usuário a traficante permite entender o fascínio do mundo das drogas

“Meu nome não é Johnny, meu nome é João. Não sou bandido, não sou nenhum Pablo Escobar, não tenho quadrilha, não tenho fortaleza, não tenho dinheiro na Suíça. Se eu fosse tão poderoso assim, minha família não ia estar vendendo o único imóvel para pagar a minha defesa. Eu usava droga, vendia, ia usando, ia vendendo…”

Com os olhos vermelhos de choro e vergonha, defendendo-se no tribunal perante a juíza Marilena Soares (Cássia Kiss), conhecida por seu rigor, o ator Selton Mello personifica, no filme Meu Nome não É Johnny, o carioca João Guilherme Estrella, jovem de classe média que se tornou um dos maiores fornecedores de cocaína nos anos 80 no Rio de Janeiro. A mãe de “Johnny”, a atriz Julia Lemmertz, enxuga as lágrimas ao ouvir o filho. No escurinho do cinema, avós, pais, mães e jovens se emocionam. Desconfiam que a cena poderia acontecer na família deles. O drama exposto com sensibilidade por Selton Mello é o de uma sociedade que não sabe como deter o fascínio que o mundo das drogas, com seu dinheiro fácil e a ilusão de onipotência, exerce sobre jovens aparentemente comuns. Por que, cada vez mais, os filhos da classe média, educados com carinho, mesada e oportunidades, e com um futuro róseo pela frente, escolhem o caminho do crime? E por que o ecstasy tomou o lugar da maconha e da cocaína como a droga típica do tráfico “de elite”?

Segundo a polícia, eles não se consideram bandidos por não ter antecedentes nem usar armas

Meu Nome não É Johnny, mesmo sem grandes pretensões, estreou em janeiro de 20o8( foi exibido na Globo, na última quarta-feira )  com sucesso retumbante. No primeiro fim de semana, 151.486 ingressos foram vendidos. Somados aos 38.921 espectadores que viram o filme nas pré-estréias, o público supera 190 mil pagantes. É uma das dez melhores bilheterias de estréia de filme nacional dos últimos 13 anos. Não houve cópias piratas como em Tropa de Elite, que também trata de tráfico de drogas, mas sob o ângulo do policial e do bandido. Johnny é um filme didático para a família. Por isso vêem-se na platéia adolescentes em companhia dos pais. Em muitos casos, a ida ao cinema é vista pelos pais quase como uma campanha de prevenção. Afinal, têm sido noticiadas com freqüência alarmante as prisões de quadrilhas de universitários traficantes. Cena raríssima há poucos anos, é hoje comum a aparição na mídia de jovens bem-nascidos algemados, fichados e presos.

 
SENTINDO CULPA
O advogado Paulo Roberto David segura a foto do filho, preso. “De alguma forma, devo ter errado como pai”

A história de Johnny como fornecedor de cocaína começou no fim dos anos 80. João tornou-se traficante quase por acaso, por sua popularidade junto aos “mauricinhos” e “patricinhas” da época. Depois de uma infância dourada, com o pai se vestindo de Papai Noel, passando as tardes de domingo em família no Maracanã e sendo tratado em casa como reizinho, saltou do consumo para o tráfico – quase uma ação entre amigos, a princípio – e foi preso em 1995, prestes a levar 6 quilos de cocaína para o exterior. Ficou dois anos no manicômio judiciário. Saiu barato a sentença. Ele diz que sua vida foi salva pela juíza, que não o enxergou como um criminoso irrecuperável nem como um perigo para a sociedade. Nem mesmo como um bandido, mas como um jovem “em desvio”.

Nos anos 80, Johnny era de fato um desvio. Uma exceção. Os traficantes de drogas ainda são, é claro, exceções em qualquer estrato social, e ainda mais entre os garotos de classe média. Menos, porém, bem menos que duas décadas atrás. Hoje, há muito mais Johnnies. A maioria deles nas universidades. A principal causa para a proliferação de traficantes ricos e cultos foi a chegada do ecstasy, uma droga que parece inofensiva e permanece desvinculada da violência dos morros. Sua aura de asséptica atenua o tabu que paira sobre o consumo de drogas e suaviza a fronteira que existe entre o usuário e o traficante.

Nos últimos dois anos, o Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) prendeu 2.068 traficantes em flagrante na cidade de São Paulo. Cerca de 200 vendiam ecstasy. Desses, pelo menos 80% eram de classe média. “A maioria era estudante universitário ou tinha o terceiro grau completo”, diz o delegado Luiz Carlos Magno, do Denarc. Desde 2003, o número de apreensões de ecstasy feitas pela Polícia Federal triplicou no país. No ano passado, seis de cada dez comprimidos foram apanhados em São Paulo. A pena para esse tipo de crime, considerado hediondo, vai de cinco a 15 anos de reclusão. Mesmo assim, quem vende não se vê como traficante. “Eles não se consideram bandidos. Costumam dizer que não têm antecedentes criminais, não usam armas nem obrigam as pessoas a tomar ecstasy”, diz Magno.

Um Comentário

  1. Necroscópico para a galinha

    IC para a pedra

    Cesta básica pro humanóide…

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  2. De fato, a cadeia foi feita para pretos, pobres e desapadrinhados.
    Quando algum bandido bom ou filhinho de papai são detidos, o tratamento é bastante diferenciado, que o diga MARCOLA, EL NEGRO e outros.
    Fica nítido que tudo é festa no país do carnaval.
    Falando em festa, O Dia da Pizza é comemorado em 10 de julho, desde 1985, em São Paulo. A data foi instituída pelo então secretário de turismo, Caio Luís de Carvalho.
    Nesta data a maioria das autoridades policias, principalmente os mencionados na reportagem dos 800 envolvidos em corrupção, conforme publicado por André Caramante, estarão comemorando em grande estilo pelo fato de não terem sido punidos. Certamente, também será comemorado pelo SSP, pela Corregedora e pela turma do Malheiros.
    Em um sítio de Boituva também haverá comemoração, afinal, ser enviado a um dp e não ter sido exonerado, também é motivo para comemoração. Dizem que um tal de abelha, uma enfermeira e um promotor irão participar das comemorações.
    Como dizem que no sertão existe assombração, tomará que não apareça para assombrá-los e estragar a festa o motoboy, o advogado e tantos outros que não conseguem descansar em paz e clamam por jústiça, já que foram vítimas dos corruptos.

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  3. Colega, todos nós somos vítima da corrupção e dos corruptos, pois quando vc entra na Policia civil, vc. jamais imagina que certas coisas acontece.

    desde quando entrei a 5 anos, via de fora uma coisa que não é a realidade, mais ai vem minha pergunta.

    se vc é escriba, ou tira, trabalha em uma delegacia de bairro ou em um departamento destes sitado$$$$, porque os policiais veem coisas erradas e ficom quietos?

    sera que todos estão esperando um dia sentar na cadeira do chefe?

    pois eu trabalho no dhpp e aqui num tem nada de errado, a não ser a verba de concertos de viaturas que some, mais do resto normal parece emn empresa, pois aqui agoro com a nova corregepol, virou reduto e ex-corruptos, todo mundo que ta com o cu na mão vem pro DHPP, e pior e que viram bons policiais, pois enquanto num acabar a proprina que pegaram da pra trabalhar de boa.

    entao o que deviria ter, num tem, pois todos se calam, e nao é so denunciar o carcereiro, temos que denunciar o delegado, ai sim fica justa a denuncia.

    todos os dias ouço falar de fulano que pegou loja na paje, fulano que deu uma paulada em uma empresa de tanto, fulano que pegou uma fabrica de linguiça e tomou tanto, fulano que pegou um cara cheio de cocaina e fez a vida etc etc, e todos vcs tambem ouvem, e tudo fica a deus dara

    vamos lutar por salarios, e depois sim limprar a policia.

    COM SALARIO JUSTO MUITOS DE NOS VAMOS DAR MAIS VALOR A CARTEIRA, E DIMINUIR ESTA DESGRAÇA QUE CHAMA CORRUPÇÃO

    AMEM

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  4. Vou sugerir a que junto com a mudança do nome do Polícia Militar para Força Pública ou Força Jedi, só mudará as moscas a m…será a mesma, a Polícia Civil mude sua denominação também, ao invés de Polícia Civil, passaria a se chamar “Poliça” Civil de prender Pobres”, bem sei que o nome é meio comprido, mas esta é a realidade nos plantões Estado afora, só roda pobre e pé de chinelo, rico e com influência política nem chegam a ir aos plantões, todo com conivência é claro de certa “otoridades” tanto política como policiais.

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  5. Todos Pode

    Desculpe-me mas corrupção é questão de caratér e não de salário. Quem é corrupto poderá ganhar o quanto for que permanecerá assim, pois, quanto mais tem mais quer.

    Concordo que a polícia deve ganhar melhor, mas, partindo do pressuposto de que a grande maioria está ganhando um salário injusto, o salário não é tão ruim assim para justificar corrupção.

    A média salarial do policial está acima da grande maioria dos pais de família que não ganham acima de 2 salários mínimos vigente.

    Devemos sim, é lutar por todos os trabalhadores que estão sendo explorados, favorecendo uma minoria que está ficando cada vez mais rica com a mão de obra barata.

    Sei que muitos não concordam com o que digo agora, mas coloquem a mão na consciência e revejam a situação da maioria, dentre eles os professores do ensino público, etc.

    Um delegado que ganhe em média R$ 7.000,00; Investigador em média R$ 2.500,00 comparado com vice diretor de escola que ganha em média R$ 2.000,00 e professores em média R$ 1.000,00.

    Temos que eleger melhor nossos políticos não para favorecer apenas uma classe e sim para melhor distribuição de renda no geral.

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  6. LUCINHA

    Concordo com você, porém o seu argumento não deve ser usado do jeito que está sendo. Misturar os tópicos “salário” e “corrupção” somente serve para desvalorizar a luta por um maior reconhecimento da importância da polícia.

    Òbvio que não há correlação matemática – “regra de três” – entre corrupção e salário, mas o uso deste argumento contra a promoção de melhores vencimentos é no mínimo uma bofetada na cara, senão pura canalhisse e má-fé.

    Se a corrupção vai diminuir com melhores salários ou não, não tem relevância e o equívoco que os canalhas insidem propositalmente para banalizar uma luta justa, por maior reconhecimento da função – e não do funcionário – utilizando este binomio é extremamente asqueroso.

    Corrupção e salário são assuntos que não se misturam, são como óleo e água em um copo.

    A redução da corrupção passa por uma corregedoria legalista, formada por policiais com alguma experiência de vida, punições justas e rápidas.

    Enfim, a “certeza da punição” justa é o melhor remédio para o combate aos desvios funcionais. Mas a questão salarial é outra coisa.

    Com relação à “média do que ganha o trabalhador”, é outra falácia utilizada por quem quer sempre tornar desvalorizada e medíocre a função policial.

    O parâmetro correto é aquele que leva em conta o custo de vida objetivo da população e a necessidade de prover de dignidade o policial e sua família, tendo em conta a importância de sua função dentro da instituição.

    Assim, um delegado como eu, que ganho líquido hoje R$ 4.000,00, menos do que um guarda municipal de Paulínia, por exemplo, é no mínimo, um tapa na cara por parte do governo e da sociedade.

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  7. JP
    Referi-me à desculpa que muitos corruptos usam para justificarem suas atitudes, ou seja, “por esse salário tenho mais é que meter a mão” e, confrontei-os com a grande maioria, pois, como seria se todos usassem da mesma prerrogativa para serem corruptos.
    Em nenhum momento tive a intenção de desqualificar ou mesmo argumentar contra a luta por melhorias, não só da classe policial, como também de educadores, médicos, etc., afinal, há muito estamos carentes de profissionais valorizados.
    Minha única intenção é estar consciente de que a luta poderia ser bem mais forte se não houvesse tantos corruptos, pois, estariam todos lutando pelo mesmo ideal.
    Em suma, continuo acreditando que nada, nem mesmo os baixos salários, justificam a corrupção, que por sua vez colocam a PC em descrédito frente à população, que ao invés de ser aliada, torna-se contrária à qualquer benefício que possa ser dado ao policial.

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  8. Lucinha,

    Pela primeira vez , discordo totalmente de você,pois a carreira policial abrange não só dedicação exclusiva como insalubridade, e nos falta a periculosidade.Sendo assim todos que arriscam a vida para proteger a vida e o patrimônio da sociedade, não só deve mas tem que receber salários diferenciados.
    Quanto à corrupção,já institucionalizada ,aceita e
    no mais das vezes motivo de irônia por parte de todos.
    Temos que responsabilizar, cobrar providências , apurações, investigações, e demissôes a bem do serviço público.
    Poucos se importam com as inúmeras denúncias aqui postadas,inclusive por você,que nos dá evidências,de que todo esfôrço deve ser focado no sentido de extirpar os corruptos,sejam quais forem as desculpas que apresentem para justificar a falta de carater, de berço,de retidão,o descaso aos valores morais.
    Há diversa batatas podres nesta bacia,tanto há que chegado o tempo de aposentar-se ELES não saem, ficam,e se ficam não é porque terão perdas reais no salário, e sim po que não sofrem o desgaste da insalubridade, da periculosidade, não trabalham em regime especial de trabalho, são amigos do rei (governo)fazem da polícia seus escritórios particulares, com tudo pago pelo estado, desde telefones, carros,combustível,secretárias,e uma prole infindável de púpilos bem nutridos.
    Não há como comparar as vidas perdidas no exercício da função, com trabalhadores de outras áreas.Definitivamente, não.

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  9. Lucinha

    tenho certeza que a sua intenção era essa. Não escrevi em tom de crítica, apenas para alertar sobre os perigos dos discursos mal colocados, mas não por você.

    Abraço.

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  10. Estamos em um mato sem cachorro.
    Primeiro o delegado de Florianópolis, no caso de estupro da menina praticado por filho de delegado e de empresário afiliado à Rede Bobo (Globo), diz que houve conjunção carnal, mas não sabe se houve estupro por não estar no local, ou seja, para ele entender haver estupro só se servir de colchão ou travesseiro, depois vem o Secretino da Segurança Pública e em rede nacional admite a diferença de tratamento em relação aos mauricinhos e patricinhas.
    Resumindo: Reinventam a CF para não haver Isonomia.

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  11. Ao comentário do sr “Todos Pode” datado de 10/07 ….logo acima ….quero dizer o seguinte:

    1- Antes de dar qualquer opinião olhe seu próprio rabo.

    2- Com 5 anos de “puliça” e vc já está no DHPP? vc acha certo? vc que prega o “corretismo”!!!

    3 – Citado é com “c” e não com “s”

    4 – Conserto de viatura é com “s” e não com “c”.

    5 – Acho que para trabalhar em alguma especializada ao menos o policial deveria ser alfabetizado.

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