“Estamos no Estado mais rico da nação e temos os piores salários”…ESSE É O “PHODE MAIS” TUCANO?…VAI PHODE MAIS!…VEM! AI! UI! HUM!…PHODE MAIS! 17

31/05/2010 07:00:00

Delegados reivindicam aumento

Evandro De Marco
Do Diário do Grande ABC

O impasse entre os delegados da Polícia Civil e o governo do Estado de São Paulo continua. A categoria pede uma reestruturação na corporação que, segundo seus representantes, não foi atendida até o momento. Além disso, os salários continuam entre os mais baixos do País se comparados aos de delegados de outros Estados, como Paraná, Mato Grosso, Acre e Paraíba.

“Estamos no Estado mais rico da nação e temos os piores salários”, ataca a presidente da Adpesp (Associação dos Delegados do Estado de São Paulo), Marilda Pansonato Pinheiro.

Semana passada, a Assembleia Legislativa aprovou e o governador Alberto Goldman (PSDB) sancionou projeto que eleva o valor do ALE (Adicional de Local de Exercício). Nas cidades com até 500 mil habitantes, o ganho passa para R$ 5.495,30. Em municípios com população acima disso, o valor é de R$ 5.810,30.

Têm direito ao aumento delegados, médicos legistas e peritos criminais de 4ª classe, bem como os primeiros tenentes da PM, inválidos, aposentados e pensionistas. Ainda assim, os valores serviriam apenas para que o Estado de São Paulo ultrapassasse Pará, Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul – estes dois últimos somente para os atuantes nas cidades com mais de 500 mil habitantes.

“Somente os delegados que começaram na carreira agora e, por isso, ganham menos, foram beneficiados. Eles são minoria”, afirma Marilda. “Eu trabalho em São Bernardo, que tem mais de 500 mil habitantes, e para mim não faz diferença alguma”, reclama o delegado Antonio de Rennó Miranda, representante da Adpesp no Grande ABC.

Miranda avisa que se a categoria não receber mais atenção por parte do governo, pode haver paralisação. “Teremos novas assembleias e podemos, sim, decidir por parar algumas horas.”

Propaganda – A Adpesp tem usado a publicidade para tentar pressionar o governo. Faixas, adesivos e cartazes são usados, e anúncios na mídia impressa também estão programados. Mas são os veículos eletrônicos e digitais que ganham mais investimento. Filmes da associação circulam pela internet, são veiculados em emissoras de TV e, em pouco tempo, estarão nos cinemas.

“Todas as ferramentas são importantes. Não podemos desprezar nenhuma delas”, defende a presidente da Adpesp, Marilda Pansonato Pinheiro.

Em contrapartida, o governo do Estado divulga notas através da Secretaria de Segurança Pública tentando explicar e enaltecer as novas condições salariais.

Acordo para reestruturação foi firmado em 2008

As reivindicações de policiais civis por melhores salários começaram em 2008, quando a categoria fez greve por dois meses adotando a Operação Padrão, em que somente crimes mais graves eram registrados. O auge do movimento foi marcado pelo confronto entre policiais civis e militares em frente ao Palácio do Governo, na Capital, em outubro.

Naquele ano foi feito acordo para reestruturação e valorização da polícia. Entre as ações, foram adotadas a extinção da 5ª Classe dos delegados e a estipulação de apenas dois tipos de ALE (até 500 mil habitantes e acima disso). Além disso, o governo acena com a incorporação do ALE ao salário dos policiais em 20% a cada ano. Desta forma, a partir de 2014, todos se aposentariam com o valor integral, benefício estendido também aos já aposentados, inativos e pensionistas. Contudo, a Adpesp queria essa incorporação mais cedo.

Neste ano, o Estado deverá investir R$ 11,2 bilhões em segurança, dos quais R$ 9,4 bilhões serão empregados no pagamento de salários e encargos aos mais de 130 mil policiais paulistas

O deputado estadual Major Olímpio (PDT), será o vice de MERCADANTE 68

Após aceitar convite, Suplicy desiste de ser vice de Mercadante

Coligação que apoia candidatura exige outro nome; PDT indicou o deputado Major Olímpio

30 de maio de 2010 | 17h 34

Sandro Villar / PRESIDENTE PRUDENTE – Especial para O Estado de S.Paulo

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) não será candidato a vice-governador na chapa do também petista Aloisio Mercadante ao governo do Estado de São Paulo. Ele até aceitou o convite de Mercadante, mas, pressionado, desistiu da candidatura e preferiu continuar como senador até 2015. A pressão partiu dos caciques dos mais de dez partidos da coligação que apoia Mercadante. A coligação quer ter o direito de indicar o candidato a vice-governador.”Resolvi aceitar o convite do senador Mercadante depois de dizer a ele que gostaria de pensar (sobre o convite). Me coloquei à disposição para ser o candidato a vice, mas a coligação indicou outro nome”, afirmou Suplicy, em entrevista ao Estado. Ele acrescentou que o “outro nome” é o do deputado estadual Major Olímpio (PDT).

Segundo Suplicy, quem indicou o deputado foi o presidente do PDT, Paulo Pereira da Silva. “Ele alegou que o PT já indicou os candidatos a governador e ao Senado (Marta Suplicy). O PDT quer indicar o candidato a vice e não abre mão disso”, explicou. “Havia aceitado o convite, fizeram um apelo para eu abrir mão e resolvi continuar como senador até 2015”, completou, esclarecendo que “não houve consenso” em torno de seu nome.

UM CASO CURIOSO DE CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS SEM APRECIAÇÃO DE DOCUMENTO…OFÍCIO SUBSCRITO PELO PACIENTE QUE FUNDAMENTOU A INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO E POSTERIOR DENÚNCIA RECEBIDA PELO JUDICIÁRIO PAULISTA

Fernandinho Beira-Mar e Leonardo Mendonça discutem o preço de eventuais defensores:

Beira-Mar – Então, não, ele vai se unir, pode encontrar com o Vicente. Ou tu acha que o Vicente ou a doutora?
Leonardo – Não, melhor a doutora… pra ele o que que tem, certo?
Beira-Mar – Hum hum.
Leonardo – Tem que aproveitar. Deixa te falar uma coisa: o ano que vem é o ano que troca todo mundo, entendeu? Então ele falou que é a grande chance por isso, certo?
Beira-Mar – Mas como é que vai poder resolver? Esse negócio tá na minha cidade ainda.
Leonardo – Não, vão pegar e levar tudo pro centro (Brasília, segundo a PF).
Beira-Mar –Ah, entendi. Olha só! O doutor Vicente falou o seguinte: que resolve, mas, antes de dois anos, não, por causa da imprensa. Então é uma coisa séria o cara dizer que resolve e depois me deixar a ver navios.
Leonardo – E ele falou… esse doutor que falou contigo pediu o quê?
Beira-Mar – Um verde (US$ 1 milhão, segundo o relatório da polícia) pra resolver tudo. Cinqüenta por cento na mão e 50% no dia que resolver, entendeu?
Leonardo – Hum.
Beira-Mar – E a despesa do advogado eu pagaria a Carla (uma das advogadas de Beira-Mar). A Carla, eu ia dar a ele 100, 100 verde (US$ 100 mil).
Leonardo – Você é tão inteligente ou mais inteligente que eu. Então, cabe a você decidir. Agora, do outro lado, vamos supor… dar uma força…
Beira-Mar – Deixa eu te fazer uma pergunta: não é o mesmo esquema do Vicente não, né?
Leonardo – Ué! Eu não sei qual é esse que você tá falando, bicho.
Beira-Mar – O Cernichiaro, Vicente Cernichiaro?
Leonardo – Hã?
Beira-Mar – Do Vicente Cernichiaro? O ex-ministro?
Leonardo – Ah! Não, não, não. É… eu te digo o seguinte: é acima. ( o outro VICENTE…NADA LEAL
Beira-Mar – Então tá bom. Vamos mudar de assunto então. E amanhã eu aguardo o cara aqui.

 

PROCESSO
RHC 4977 UF: SP REGISTRO: 1995/0052762-6
    RECURSO EM HABEAS CORPUS
AUTUAÇÃO 02/10/1995
RECORRENTEp VICENTE GRECO FILHO – 
RECORRIDO TRIBUNAL DE ALÇADA CRIMINAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
RELATOR(A) Min. VICENTE LEAL – SEXTA TURMA
ASSUNTO Penal – Crimes contra a Administração Pública ( art. 312 a 359 – H )
FASE ATUAL 27/02/1996
PACIENTE    ANDRÉ MAXIMILIANO MORON MACHADO 

 

FASES

27/02/1996  –  12:48  –  PROCESSO BAIXADO AO TRIBUNAL DE ALÇADA CRIMINAL DE SAO PAULO/SP MALOTE 14152
18/12/1995  –  14:05  –  ACORDÃO PUBLICADO NO DIARIO DE JUSTIÇA DE 18.12.95
30/10/1995  –  18:00  –  RESULTADO DE JULGAMENTO : A TURMA, POR UNANIMIDADE, DEU PROVIMENTO AO RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO SR. MINISTRO RELATOR.
16/10/1995  –  17:13  –  CONCLUSAO AO MINISTRO RELATOR COM PARECER
10/10/1995  –  18:20  –  VISTA AO MINISTERIO PUBLICO FEDERAL
06/10/1995  –  17:00  –  RHC 00004977 ( 95/0052762-6 ) DISTRIBUIDO AUTOMATICAMENTE EM 06/10/95 – SEXTA TURMA MINISTRO VICENTE LEAL, ADHEMAR MACIEL, WILIAN PATTERSON, LUIS VICENTE CHERNICCHIARO, ANSELMO SANTIAGO
 
 STJ: Escárnio à Nação                                                                                                                                        Mauro Chaves

Deixemos de lado, por enquanto,  a ridícula teoria conspiratória (do ministro da Justiça), que apenas banalizou a discussão sobre o “controle externo” (no caso, do Ministério Público) e tratemos de fato mais grave, que,  na fumaça do Waldogate (e do Santorogate) passou despercebido da mídia.

Quem tinha dúvidas sobre a necessidade premente, inadiável, de estabelecer-se o controle externo do Judiciário, para que a Justiça neste País não se torne definitivamente desmoralizada, com todas as desastrosas conseqüências institucionais – e de  confiabilidade externa  – que isso implica, o arquivamento, nesta quarta feira,  do processo administrativo  movido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra um de seus integrantes, o ministro Vicente Leal, em razão de sua “aposentadoria voluntária”, deve,  de uma vez  por todas, dirimi-las. Pois o STJ exacerbou seu corporativismo ao ponto de torná-lo um verdadeiro escárnio à Nação. E o tribunal escondeu da população (pelo ominoso “segredo de justiça”) – com a opinião contrária de apenas seis de seus honrados ministros – o teor do relatório que justificou esse abstruso arquivamento.

Contra Vicente Leal pesam gravíssimas acusações,  com base em  gravações realizadas pela Polícia Federal – devidamente autorizadas, judicialmente – que o envolvem em um esquema de venda de sentenças judiciais a integrantes da quadrilha do narcotraficante Leonardo Dias de Mendonça, dentro das operações sob cobertura do deputado Pinheiro Landim. Por deliberação do tribunal, o ministro fora afastado de suas funções, enquanto perdurassem as investigações realizadas por uma comissão interna, composta por três de seus colegas.

Se houvesse, por parte da mais importante Corte de Justiça infra – constitucional do País, um mínimo de respeito pela opinião pública,   não seriam interrompidas aquelas investigações, em razão do pedido de aposentadoria do investigado – o que o permitiu livrar-se delas e escapar sem punição administrativa alguma. Ou, pelo menos, se permitiria que a sociedade brasileira soubesse se na cúpula do Poder Judiciário ocorreu ou não a prática de crimes tão abjetos, como é o caso do favorecimento judicial (mediante torpe remuneração) àquelas pessoas que mais destroem a nossa juventude, por meio do comércio de drogas.

É para evitar aberrações desse tipo – a impunidade garantida pela aposentadoria – que o Estatuto do Servidor Público impede de aposentar-se o funcionário que responde a processo  administrativo. Mas o STJ considerou que os magistrados estão excluídos dessa  mínima exigência ética, pelo fato de a Lei Orgânica da Magistratura ter como punições máximas a disponibilidade ou a aposentadoria compulsória (ou seja, em ambos os casos a “pesada” punição de continuar ganhando, sem trabalhar). Então, se estas são as penas, que resultam em simples afastamento remunerado – equivalente a uma aposentadoria voluntária, como a requerida pelo investigado  –
para que concluir as investigações? Se assim é, eis aí uma interpretação imoral, de uma lei imoral, mantida (ou não modificada) graças a um lobismo imoral.

O ministro Vicente Leal, em nota aos meios de comunicação, colocando-se como vítima (dizendo: “Há quase um ano estou submetido a um estado de coma moral”), pondo em dúvida a isenção de julgamento de seus pares (ao escrever: “Não posso postar-me com credulidade na expectativa de um julgamento técnico por uma instância administrativa. Afinal, essa mesma  instância já me negou  a oportunidade de produzir provas relevantes”),  afirma que “concluiu-se a investigação e nada, absolutamente nada, foi provado”. Ora, se o tribunal (ao qual pertence e de cujo julgamento técnico descrê) “concluiu”, de fato, a investigação, e “nada, absolutamente nada, foi provado” por que então o “segredo de justiça”, em relação a essas conclusões? Não seria do máximo interesse –  do STJ, do ministro investigado e da sociedade – a plena publicidade que se desse a essa “inocência”, pois só assim o cidadão brasileiro poderia se convencer de que  um ministro de tribunal superior, neste País, jamais teria cometido o inominável crime de vender sentenças para traficantes de entorpecentes?

Agora, atente-se para o timing do  episódio: O ministro Vicente Leal requereu sua aposentadoria na terça feira (9/3) e já na quinta (11/3) o vice-presidente do STJ, no exercício da Presidência, ministro Edson Vidigal, se apressou em assinar e levar, pessoalmente, o respectivo decreto ao ministro da Justiça, Márcio Thomás Bastos, para este ser encaminhado “o mais rápido possível” ao presidente Lula. Por que tanta pressa? Já se viu alguma aposentadoria, neste País, ser despachada com tal  rapidez?…

Na questão do controle externo do Poder Judiciário, a ser exercido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ),  onde além de magistrados há a participação de membros do Ministério Público, de representantes da sociedade civil – indicados pela Câmara dos Deputados e pelo Senado – e da OAB, discute-se se tal  órgão poderá ou não decidir pela perda de cargo dos juizes corruptos. O acachapante corporativismo do STJ torna óbvia  a necessidade de conceder-se ao órgão de controle essa  atribuição. E é de grande interesse, para a  própria independência do Poder Judiciário, a  instituição de um controle externo no âmbito administrativo, antes que se chegue à conclusão (por episódios como esse) de que esse controle também deva se dar no âmbito jurisdicional.

Mauro Chaves é jornalista, advogado (PUC-SP), administrador de empresas (pós-graduado pela FGV), escritor, produtor cultural e pintor

 

https://ww2.stj.jus.br/processo/jsp/ita/abreDocumento.jsp?num_registro=199500527626&dt_publicacao=18-12-1995&cod_tipo_documento=

NOVO CORREGEDOR DA PM INDUZ POPULAÇÃO EM ERRO: As viaturas da DPM (disciplina da polícia militar), caracterizada pela boina azul clara que utilizam seus ocupantes, não estão aqui investigando nada, mas, sim, sufocando os policiais no que se refere à área estritamente militar (bota suja, cabelo que eles acharem crescidos, falta de uma ou duas presilhas no cinto, falta de boné na cabeça, etc). 21

Jornal_25_para_impressao   – JORNAL PERCURSO – BAIXADA SANTISTA , edição maio/junho.

Boa noite, dr. Guerra.
Ao ler as entrevistas de oficiais da PM em seu blog, afirmo que causa engulhos.
Segue o jornal Percurso em que há um trabalho acadêmico (capa e página 5) de um doutorando em sociologia.
Vale lembrar que, até hoje – quase dois anos depois -, nem a PM, Ministério Público, Polícia Federal, Polícia Civil e nem a Justiça investigaram ou julgaram as conversas entre o lobista, coronel reformado da PM Consani, e vários oficiais (incluindo o atual comandante geral, cel Camilo) na Operação Castelo de Areia.
As polícias militares apenas para manter a distância entre ricos e pobres.
Com relação à corregedoria, o novo cel mente. As viaturas da DPM (disciplina da polícia militar), caracterizada pela boina azul clara que utilizam seus ocupantes, não estão aqui investigando nada, mas, sim, sufocando os policiais no que se refere à área estritamente militar (bota suja, cabelo que eles acharem crescidos, falta de uma ou duas presilhas no cinto, falta de boné na cabeça, etc). Em nenhum momento as abordagens são realizadas para se combater o crime que a mídia cita (grupo de extermínio) e o suposto uso de material como toca, armas frias ou outros quaisquer. Os policiais militares estão a ponto de perder a calma e fazer alguma bobagem, pois sobra sempre para o cidadão pobre.
O que mantém a PM violenta é o militarismo, pois exclui, segrega, esteriotipa, despreza, humilha, etc. Mas traz muitos benefícios aos oficiais.
Por favor, dr. Guerra, não me identifique porque ainda estou na PM (ativa), às portas da reforma (creio que em Junho seja publicada no DOE)
Um abraço
Coronel Antonio Bento

Quarta-Feira, 25 de Junho de 2008
Prostíbulo pagava PMs por segurança e oferecia ”mimos”
Lobista distribuía presentes a oficiais da PM e diz que até comandante-geral se beneficiaria
Marcelo Godoy e Rodrigo Pereira
O esquema de tráfico de influência e corrupção que manteve aberto o prostíbulo de luxo W.E. pagava R$ 2,5 mil por mês para usar policiais militares em sua segurança externa ao mesmo tempo em que distribuía mimos a oficiais da Polícia Militar. Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal (PF) flagraram o lobista da quadrilha, o coronel da reserva da PM Wilson de Barros Consani Junior, conversando sobre a concessão de camarotes “com comes e bebes livre” na 13ª Festa do Peão de Osasco ao comando da PM, que nega ter recebido o presente.

Ao todo, Consani conversa oito vezes com três coronéis, um tenente-coronel, um major e um capitão, entre os quais os coronéis Arivaldo Sérgio Salgado, chefe de gabinete do comandante-geral, e João Antônio Ribeiro Ferreira, diretor de Telemática da PM. O lobista afirma ainda que até o comandante-geral da corporação, coronel Roberto Diniz, se beneficiaria dos camarotes.

Apreendida pela PF na Operação Santa Tereza, a contabilidade do prostíbulo usado para traficar mulheres e lavar dinheiro desviado do BNDES, mostra que a quadrilha pagava R$ 2,5 mil por mês para a “segurança externa PM”. Além disso, o bando gastava R$ 8,5 mil mensais com “segurança-coronel”. Localizado na Rua Peixoto Gomide, em Cerqueira Cesar, região central de São Paulo, o W.E. funcionou até 25 de abril, quando foi fechado pela Prefeitura a pedido da PF. No relatório da operação, a PF informa que não há dúvidas de que “Consani era o responsável pela manutenção da casa aberta junto aos órgãos policiais e de fiscalização”.

A PF exemplificou a participação de Consani por meio de comprovantes de depósitos bancários de até R$ 18,6 mil achados na W.E.. Em 17 de março, a PF flagrou conversa do gerente financeiro da casa, Celso Murad, com o empresário Manuel Fernandes de Barros Filho, dono da casa. Celso diz que o coronel “veio hoje porque ele tem o ?acerto? para fazer”.

CAMAROTES

Além de ser o assessor de segurança da Força Sindical e do prostíbulo usado para lavar dinheiro do BNDES, o coronel cuidava de eventos, como a Festa do Peão de Osasco. Em alguns casos, ele misturava essas atividades para obter favores para clientes e amigos.

As escutas mostram, por exemplo, Consani oferecendo em 12 de abril ingressos ao capitão Neliton, do Centro de Operações da PM, para agradecer o envio de uma viatura da PM para dar segurança a um jogo do Esporte Clube Força, o time de futebol do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT). A partida se realizaria às 11 horas daquele dia no estádio do Flamenguinho, em Guarulhos, na Grande São Paulo. “Ô, chefe, pra essas coisas boas ninguém liga”, diz o capitão.

Os ingressos para a festa, que começou dia 10 de abril e se estendeu até o dia 20, custavam R$ 25. O camarote para oito dias de festa, com capacidade para dez pessoas, saía por cerca de R$ 3 mil. Entre os artistas que se apresentaram estavam Mateus Minas e Leandro, Edson e Hudson, Victor e Leo, Bruno e Marrone e Chitãozinho e Xororó. Cerca de 250 mil pessoas compareceram à festa.

No dia 7 de abril, às 9h06, o coronel Consani conversa com o tenente-coronel Henrique Cesar Mendes, do 14º Batalhão da PM, responsável por Osasco. O lobista conta que um emissário ia entregar para o coronel ainda naquele dia “os camarotes da PM”. Em seguida, ele diz que ia no dia 12 ao Comando-Geral e avisava o tenente-coronel que “o Brandão, o Daniel subcomandante, o Diniz em um ou outro dia eles vão”.

Os coronéis citados por Consani são: Roberto Diniz, comandante-geral, Daniel Rodrigueiro, subcomandante-geral, e Aílton Araújo Brandão, chefe do policiamento da capital. “Me pediram até os ingressos e eu vou combinar com eles que o dia em que eles forem eu te aviso e aí a gente faz a corte para eles”, diz Consani. Mendes deixa claro que sabe as intenções do lobista. “Vocês fazem isso até para aumentar a segurança interna, porque tendo policiais vocês têm uma vantagem sobre isso.”

No dia 10, Consani fala com o coronel Álvaro Batista Camilo, chefe do policiamento no centro de São Paulo. Camilo diz a Consani que não vai à festa e vai entregar os ingressos que recebeu ao coronel Brandão “pra ir no mesmo esquema”. Em 18 de abril, o coronel Salgado telefona a Consani e pergunta sobre os ingressos para o show. Conta que o diretor de Telemática da PM também quer ir. Consani então combina com o coronel João Antônio que vai arrumar cinco ingressos para sexta e sábado para o coronel. “Mas eu não vou te dar trabalho?”, pergunta João Antônio. “De jeito nenhum, pelo contrário, vai me dar prazer”, diz Consani.
COMENTÁRIOS
Cacique é cacique. Índio é índio!
Qua 25/06/08 10h58 ruberval
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VALE A PELA LER DE NOVO: Um traficante preso em São Paulo explica à mulher que precisa levantar dinheiro para comprar um habeas corpus em Brasília. Não dá nomes, mas fala em quantias: ‘Quatrocentos mil dólar, muié (…) Uma máfia completa lá, sabe? 4

JUSTIÇA – TOGAS SOB SUSPEITA

Força estranha

Investigações de conexões entre juízes e crime organizado chegam ao Superior Tribunal de Justiça

CARLOS ALBERTO JR.

Roberto Stuckert Filho/Ag. O Globo
OUTRA VEZ
Convencido a pedir licença na Câmara e no PMDB, Pinheiro Landim aparece agora em conversas com outros dois traficantes

Na tarde do sábado 20, o presidente em exercício do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Edson Vidigal, telefonou para o ministro Vicente Leal, que estava em Fortaleza. Pediu que o colega voltasse a Brasília para ser inquirido em uma sessão extraordinária convocada às pressas para o dia seguinte. Leal respondeu que não poderia ir, porque queria acompanhar o casamento de uma sobrinha. ‘Quem vai casar é ela, não você’, respondeu Vidigal. Na manhã do domingo, 21 dos 31 ministros da corte postaram-se no plenário do tribunal. Leal apareceu na hora marcada. Chegou irritado. ‘Não entendo o porquê desta inquisição’, afirmou. Em seguida, mudou o tom. Disse que estava vivendo um inferno astral e chorou ao relembrar os obstáculos que superou ao longo de sua carreira. Ainda assim, os demais ministros pediram que ele assinasse um requerimento autorizando uma investigação de seus atos na corte. É a primeira vez que o STJ – a segunda maior instância da Justiça brasileira – abre processo administrativo para apurar denúncias contra um de seus integrantes. Leal é acusado pela Polícia Federal de participar de uma fábrica de habeas corpus para tirar traficantes de cadeias. Não foi afastado de seu cargo. Mas conviverá com três colegas que, junto com policiais, vão esquadrinhar as decisões que tomou nos últimos dois anos.

Dos cinco Tribunais Regionais Federais do Brasil, três investigam denúncias de conexões entre seus integrantes e o crime organizado. Nos últimos dois anos, pelo menos sete juízes e desembargadores foram expulsos de tribunais pelo país afora, sob acusação de vender sentenças a traficantes. A investigação em curso no STJ pretende passar a limpo a suspeita estarrecedora de que essas ligações tenham chegado também às instâncias superiores da Justiça brasileira – um tipo de conexão comum a países contaminados pela relação atávica entre o crime e autoridades constituídas, como a Colômbia.

A acusação que paira sobre Vicente Leal resultou de uma investigação feita durante três anos pela Polícia Federal – que produziu um baú de onde não param de sair novos nomes. Ao fazer escutas telefônicas com autorização judicial para monitorar a quadrilha do megatraficante Leonardo Dias de Mendonça em cinco Estados e no Distrito Federal, os policiais gravaram 400 horas de conversas. Trata-se de um conjunto de diálogos que mostra como os traficantes trocam informações e conversam com advogados sobre supostos esquemas de suborno para tirá-los da cadeia. Vicente Leal é citado nelas como uma das pessoas que estariam no ‘esquema’ de ajuda aos criminosos. Referências feitas por criminosos não podem ser vistas como provas numa investigação séria. Há mais do que isso, porém. Em outubro de 2000, o ministro derrubou um pedido de prisão preventiva contra Leonardo Mendonça. Alegou que o réu estava preso havia mais de 81 dias, prazo máximo previsto em lei para casos de detenção preventiva. O relator do processo, ministro Fontes de Alencar, tinha decidido manter o traficante preso. Leal pediu vistas e, na votação, convenceu a maioria dos presentes a liberar o criminoso. Isoladamente não há nada de errado nesse comportamento. Mas, quando se liga a soltura do supertraficante com conversas sobre esquemas de venda de sentenças, é difícil negar que o caso merece um exame mais detalhado. (Leia os diálogos reproduzidos ao longo desta reportagem.)

Nascido na pequena cidade de Jaicós, no Piauí, Leal tem uma carreira surpreendente. Formou-se oficial da Polícia Militar do Ceará em 1961. Foi promovido até o posto de capitão. Mas abandonou o quartel 13 anos depois para dar uma guinada em seu currículo. Virou juiz de Direito substituto na Comarca de Orós. No fim de 1994, foi indicado para o STJ. É conhecido nos corredores da corte como um ministro discreto mas vaidoso. Costuma dizer que suas decisões contêm uma dose de humanismo por influência de uma forte formação católica e que sua ascensão profissional se deve a sua inteligência privilegiada. Tem hábitos simples. Mora num amplo apartamento de quatro quartos na Asa Sul de Brasília. Católico fervoroso, é ministro de eucaristia e todos os anos promove uma missa em ação de graças. Sempre que pode, volta ao Piauí e ao Ceará. Como ministro do STJ recebe um salário de R$ 12.084. Agora, só uma investigação mais detalhada poderá dizer se, de fato, sua biografia se cruzou com a do traficante conhecido no submundo do crime como Leo. A Polícia Federal está convencida de que as sentenças eram vendidas num esquema triangular. Pelo que já se apurou, as outras duas pontas da operação estão identificadas com mais nitidez – os compradores e os intermediários do negócio


Força estranha

CARLOS ALBERTO JR.

 

Roberto Stuckert Filho/Ag. O Globo
‘ESQUEMA’
Em conversas com Leonardo Mendonça, Fernandinho Beira-Mar discute estratégias e honorários de defensores que podem ajudá-los a sair da cadeia

As investigações que resultaram nos grampos – batizadas de Operação Diamante – encontraram em poder de Mendonça um dote formado por 1,2 tonelada de cocaína, 1,4 tonelada de maconha, 42,4 quilos de crack e 6 quilos de pasta-base de cocaína, US$ 757,5 mil, R$ 4 mil e diamantes no valor de R$ 2 milhões. O traficante também é dono de aviões monomotores e bimotores, postos de gasolina, empresas de factoring, casas de câmbio, frigoríficos, transportadoras e fazendas com pistas clandestinas. Nascido em Mambaí, em Minas Gerais, há 36 anos, foi criado em Goiânia. Envolveu-se com o narcotráfico no fim da década de 80, quando começou a trabalhar com garimpo no Pará. De lá para cá, sua rede de influência só aumentou. Pelos caminhos que parecem sair das investigações da Polícia Federal, ela pode ter alcançado o Judiciário e o Congresso Nacional.

O político flagrado pelos grampos – o deputado federal Pinheiro Landim (PMDB-CE) – está cada vez mais enrolado. O relatório produzido pelos policiais que investigaram o caso aponta o parlamentar como o elo entre traficantes e integrantes do Judiciário. Por conta da coleção de indícios contra Landim, a executiva do PMDB espera parecer do corregedor-geral da Câmara, deputado Barbosa Neto (PMDB-GO), que pediu cópia do processo, para decidir se é favorável à cassação, caso em que Landim será expulso do partido. Mas, para evitar constrangimentos imediatos, Landim já foi convencido a se licenciar do mandato e da legenda. A despedida temporária do deputado deve ser anunciada ainda nesta semana.

Transcrições divulgadas na semana passada mostram o parlamentar em contato direto com Leonardo Mendonça. Nas conversas, ele marca encontros em um aeroporto e até briga com o megatraficante porque seus advogados pediram um habeas corpus sem consultá-lo. ‘Ou vocês deixam o assunto ser tratado com a pessoa que eu acertei, ou então tô fora. Ficar metendo gente não resolve p… nenhuma. Tu nunca resolveu nada, nem teu povo’, esbraveja o deputado. Trechos obtidos por ÉPOCA revelam o parlamentar falando com outros dois narcotraficantes de alto calibre, Silvio Rodrigues da Silva e Wilson Torres, sócios de Mendonça e encarregados de cuidar de parte da contabilidade de seus negócios. As conversas também reforçam suspeitas do que pode ser uma linha de contato entre o deputado e outra ponta da Justiça, o desembargador Eustáquio Silveira, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1a Região. O elo entre os dois é o filho do desembargador, Igor Silveira, assessor de Pinheiro Landim. Como Igor aparece nas conversas falando com traficantes e intermediando encontros entre o pai e o deputado, o TRF decidiu investigar o desembargador. Assim como acontece no STJ, é a primeira vez que o tribunal investiga um de seus pares.

As denúncias de conexões de juízes e crime organizado já freqüentam o noticiário faz algum tempo. A novidade é que nunca se havia chegado a degraus tão altos. Há duas semanas, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul decidiu, por unanimidade, afastar o juiz Marcos Antônio Sanches. Em 1999, Sanches foi denunciado pela CPI do Narcotráfico da Câmara dos Deputados por ter libertado o traficante Ruben Binatti. Em troca, teria ganho de presente uma locadora de veículos. ‘A acusação foi feita por um advogado e não foi provada’, afirma o advogado Joaquim José de Souza, que defende o magistrado. No fim do ano passado, o juiz paulista Paulo Theotônio Costa foi afastado de suas funções no Tribunal Regional Federal da 3a Região sob a acusação de mandar soltar um dos principais traficantes de Mato Grosso do Sul, o major da Polícia Militar Sérgio Roberto de Carvalho. Preso em flagrante com 237 quilos de cocaína em sua fazenda em Rio Verde, interior de Mato Grosso do Sul, o major – dono de uma rede de postos de gasolina e de uma transportadora – é considerado pela polícia um traficante em franca ascensão. O magistrado é acusado de ter violado o sistema de distribuição de processos do TRF-SP, quando comandava o plantão nas férias forenses de janeiro de 1998, para poder dar um habeas corpus ao traficante. Um mês antes, um pedido idêntico a favor do major fora negado no mesmo tribunal. Além de ter sido afastado, Paulo Theotônio Costa responde a duas ações penais no STJ. Uma delas, por conta da gambiarra que teria feito para ajudar o traficante. ‘Houve apenas um erro, ou falha, de distribuição que posteriormente foi corrigido’, alega o advogado Fernando Neves da Silva, que defende o juiz no processo. A outra ação é por enriquecimento ilícito. Na semana passada, o Ministério Público Federal pediu o bloqueio dos bens do juiz em ação de improbidade administrativa. Em 1998, uma de suas empresas comprou a Fazenda Rio Negro, uma propriedade de 2.393 hectares em Rio Verde, a mesma cidade em que o major Carvalho foi preso. Condenado a 18 anos em regime fechado, o traficante conseguiu progressão de pena. Desde abril, só passa as noites em um quartel em Campo Grande.

Na Bahia, o juiz Ivan José de Oliveira Rocha foi afastado duas vezes – até ser aposentado compulsoriamente no ano passado. O juiz coleciona histórias folclóricas. Na Comarca de Juazeiro, costumava dormir durante o dia e abrir o fórum à noite, para emitir liminares permitindo que pessoas usassem títulos podres na compra de terras. Também aproveitou as férias da titular de outra comarca para mandar soltar três ladrões de cargas ligados ao grupo de Wander Dornelles, que, além de comandar uma das maiores quadrilhas do Estado, se dedica ao tráfico de drogas. Vinte minutos depois de emitir o parecer, foi pessoalmente ao presídio retirar os criminosos. Um deles, Eydimar Medrado, acabou preso outra vez por roubo de cargas e porte de moedas falsas. Conseguiu novo habeas corpus, emitido pelo desembargador Mario Albiani. Pouco tempo depois – mais uma vez – foi parar na cadeia. Outro pedido de habeas corpus caiu nas mãos de outro desembargador, Lourival Ferreira. Em novembro de 1999, Lourival entregou ao presidente do Tribunal de Justiça um despacho acusando o colega Mario Albiani de pressioná-lo para soltar o acusado. O caso foi investigado pelo TJ. ‘Nunca tive nada com isso. Foi armação para me enxovalhar’, diz Albiani, já aposentado.

As gravações que resultaram da Operação Diamante mostram um submundo que se movimenta com a certeza de que pode pagar bons defensores e corromper o Judiciário se for necessário. Em uma delas os traficantes Leonardo Mendonça e Fernandinho Beira-Mar – que depois acabaram brigando – falam sobre o preço cobrado por potenciais defensores e de um ‘esquema Vicente Cernichiaro’, que vem a ser o nome de um antigo ministro do STJ.
Procurado por ÉPOCA, o ex-ministro do STJ disse que trabalhou uma única vez para o traficante, há um ano. ‘Atendi a uma consulta feita pela advogada de Beira-Mar. Ele queria transferir para o Brasil a irmã presa na Colômbia’, explica. Segundo Cernichiaro, ele apenas levou a advogada de Beira-Mar ao departamento do Ministério da Justiça que cuida do assunto. ‘Estive com ele na carceragem da PF para tratar da questão.’

Em outra conversa, um traficante preso em São Paulo explica à mulher que precisa levantar dinheiro para comprar um habeas corpus em Brasília. Não dá nomes, mas fala em quantias: ‘Quatrocentos mil dólar, muié (…) Uma máfia completa lá, sabe?’, comenta.
As investigações sobre o Judiciário encontram-se em sua etapa inicial, mas têm ocorrido fatos estranhos que recomendam cautela com o que se fala e se ouve. A divulgação de trechos de conversas gravadas produziu uma cena nobre, que foi a decisão do STJ de abrir uma investigação sobre Vicente Leal e qualquer outro magistrado que possa ser colocado sob suspeita. Ao longo da semana, contudo, outro magistrado procurava os órgãos de comunicação com mais transcrições, que poderiam incriminar outros juízes. É bom que todos os indícios encontrados sejam apurados e investigados até o fim. Nada seria tão pernicioso, neste momento, quanto uma guerra civil entre juízes

 

‘QUATROCENTOS MIL DÓLAR, MUIÉ’
Traficantes conversam sobre suposta indústria de habeas corpusNovos trechos obtidos por ÉPOCA de transcrições feitas pela Polícia Federal revelam o deputado Pinheiro Landim conversando com três traficantes e a lógica de criminosos convictos de que podem corromper o Judiciário.FIGURINHASConversa em 5/6/2001

Fernandinho Beira-Mar e Leonardo Mendonça discutem o preço de eventuais defensores:

Beira-Mar – Então, não, ele vai se unir, pode encontrar com o Vicente. Ou tu acha que o Vicente ou a doutora?
Leonardo – Não, melhor a doutora… pra ele o que que tem, certo?
Beira-Mar – Hum hum.
Leonardo – Tem que aproveitar. Deixa te falar uma coisa: o ano que vem é o ano que troca todo mundo, entendeu? Então ele falou que é a grande chance por isso, certo?
Beira-Mar – Mas como é que vai poder resolver? Esse negócio tá na minha cidade ainda.
Leonardo – Não, vão pegar e levar tudo pro centro (Brasília, segundo a PF).
Beira-Mar –Ah, entendi. Olha só! O doutor Vicente falou o seguinte: que resolve, mas, antes de dois anos, não, por causa da imprensa. Então é uma coisa séria o cara dizer que resolve e depois me deixar a ver navios.
Leonardo – E ele falou… esse doutor que falou contigo pediu o quê?
Beira-Mar – Um verde (US$ 1 milhão, segundo o relatório da polícia) pra resolver tudo. Cinqüenta por cento na mão e 50% no dia que resolver, entendeu?
Leonardo – Hum.
Beira-Mar – E a despesa do advogado eu pagaria a Carla (uma das advogadas de Beira-Mar). A Carla, eu ia dar a ele 100, 100 verde (US$ 100 mil).
Leonardo – Você é tão inteligente ou mais inteligente que eu. Então, cabe a você decidir. Agora, do outro lado, vamos supor… dar uma força…
Beira-Mar – Deixa eu te fazer uma pergunta: não é o mesmo esquema do Vicente não, né?
Leonardo – Ué! Eu não sei qual é esse que você tá falando, bicho.
Beira-Mar – O Cernichiaro, Vicente Cernichiaro?
Leonardo – Hã?
Beira-Mar – Do Vicente Cernichiaro? O ex-ministro?
Leonardo – Ah! Não, não, não. É… eu te digo o seguinte: é acima.
Beira-Mar – Então tá bom. Vamos mudar de assunto então. E amanhã eu aguardo o cara aqui.

CONEXÕES 1

Conversas de 2/5/2002

O desembargador Eustáquio Silveira pergunta ao filho Igor sobre o deputado Pinheiro Landim. Diz que gostaria de apresentá-lo ao chefe do Banco do Brasil no Ceará:

Eustáquio – Igor?
Igor – Oi, pai!
Eustáquio – Cadê o deputado?
Igor – O deputado vai estar aqui domingo de noite.
Eustáquio – Ah. Hoje ele não tá aqui, não?
Igor – Não tá, não. Que que era?
Eustáquio – Eu tô com um grande amigo meu aqui que é lá do Ceará…
Igor – Hã?
Eustáquio – Que é o… o nosso grande chefe do Banco do Brasil.
Igor – Ah, legal.
Eustáquio – Nós estamos almoçando aqui na Vila Planalto (bairro de Brasília).
Igor – Hã?
Eustáquio – Eu queria botar o Pinheiro com ele, mas o Pinheiro não tá aí, né?
Igor – Pois é, ele só chega domingo à noite…

ORDEM DE PAGAMENTO

Conversa em 9/4/2001

Leonardo Mendonça fala com seu secretário, Luiz Antônio, sobre diversos pagamentos realizados. Entre eles, um supostamente para Pinheiro Landim, identificado pelos dois como ‘Ceará’.

Leonardo – Quinhentos do André, tá lá nos quatro quinhentos e setenta e oito, né?
Luiz – Exatamente, positivo.
Leonardo – Tá, tudo bem. Mil, abastecimento de avião, não tem nada a ver, é aí vem entrada trinta mil daquela primeira OP (ordem de pagamento), depois quarenta e quatro, depois dezenove anterior, depois Ceará OP (referindo-se a Pinheiro Landim), tem do Olímpio (traficante interlocutor de Landim), tem do Júlio Bernardes vinte e cinco, tá? Vinte e um, cento e vinte e cinco demonstrativo, vinte cinco e duzentos, demonstrativo, OP São Miguel. Isso tá aqui.

CONEXÕES 2

Conversa em 20/7/2001

O desembargador Eustáquio pergunta ao filho Igor sobre o deputado Pinheiro Landim. Diz que precisa ver o parlamentar:

Eustáquio – Igão?
Igor – Oi, paizão.
Eustáquio – Seu chefe, o deputado, tá na cidade?
Igor – Tá, mas já tá indo embora. Vai embarcar agora.
Eustáquio – Poxa, queria encontrar com ele.
Igor – Pois é. Ele queria te ver.
Eustáquio – É…
Igor – Tô levando ele pro aeroporto agora. Cê tá onde?
Eustáquio – Ah, eu tô chegando em casa. Quando é que ele volta?
Igor – Quando é que o senhor volta, deputado? Terça? Terça ele tá aqui.
Eustáquio – Pois é. Então terça, fala com ele pra gente se encontrar.
Igor – Tá jóia, vou falar.
Eustáquio – Dá um abraço nele aí.
Igor – Eu vou até passar… eu queria saber alguma notícia, eu vou passar lá rapidinho. Ver se tem alguma notícia.
Eustáquio – Hum?
Igor – Tá?
Eustáquio – É… tá cuidando.
Igor – Tá bom, então.
Eustáquio – Tchau.

‘MÁFIA COMPLETA’

Conversa em 23/10/2001

Orlando Marques dos Santos, traficante preso em São Paulo, diz a sua ex-mulher Antônia Gonzaga que precisa de US$ 400 mil para ‘um habeas corpus’:

Orlando – Achei um jeito pra resolver aquele negócio em Brasília, mas é caro demais.
Antônia – Ah, meu Jesus amado.
Orlando – É bom que resolve, sabe?
Antônia – É lógico, vamos desfazer de alguma coisa pra pagar.
Orlando – Quatrocentos mil dólar, muié.
Antônia – Tem um carro aqui que vale cento e trinta.
Orlando – Uma máfia completa lá, sabe? Por isso que quando é um cara famoso assim…
Antônia – Certo.
Orlando – Entendeu? Então, simples, os cara aí, eles num conhece, não. Eu descobri através do Dica. Tem um cara que é lá do Pará (referem-se a Leonardo Mendonça) que rodou com um avião carregado (de drogas) e em três meses tiraram ele.
Antônia – O importante é resolver.
Orlando – Ah é. Imóvel não vende, pra começar.
Antônia – Hã?
Orlando – Imóvel não vende. Seu carro só vale 50 mil dólar, mulher.
Antônia – Ué, mas 50 mil dólar não é dinheiro não, ô. Já não ajuda no montante, não.
Orlando – Mas vai vender pra tu vê se tu acha isso.
Antônia – Ôxi, tu é muito pessimista. Tem de ser otimista. Eu sempre digo eu vou conseguir, eu vou, vou conseguir…

PRUDÊNCIA

Conversa em 25/10/2001

O deputado Pinheiro Landim diz para o traficante Wilson Torres, sócio de Leonardo Mendonça, ‘ficar calado’ e ‘esperar o resultado’, para que possam resolver satisfatoriamente. ‘Como as outras vezes’:

Wilson – Bão, como é que andam as coisas?
LANDIM – …Tá sendo preparada daqui pra segunda-feira.
Wilson – Hã?
Landim – Daqui pra manhã, segunda tá dando entrada.
Wilson – É?
Landim – Tá.
Wilson – Certeza?
Landim – Certeza. Tá dando entrada, não é a… não é decisão.
Wilson – Ah, tá dando entrada ainda?
Landim – Lógico.
Wilson – Eu tinha dado entrada.
Landim – Não… tem que ter muita cautela, viu? Muita cautela, muita cautela. Eu tenho reclamado muito, vim aqui só reclamar, fofoca, num sei o quê, isso não ajuda; qualquer tipo de pressão só prejudica.
Wilson – É…
Landim – Isso é assunto pra ficar calado esperando o resultado. Você sabe que já é uma reincidência, né?
Wilson – É ..eu achei que tinha dado pelo menos entrada.
Landim – É, mas tem que ser na hora certa, para cair na pessoa certa. Isso tem uma estratégia.
Wilson – É… tá certo… deve demorar mais uns…
Landim – …quase tudo envolvido com isso.
Wilson – Aí ninguém sabe quando, né?
Landim – Na próxima semana eu te dou uma posição. Isso não é assunto fácil, requer toda prudência, toda discrição, tá entendendo? Para que a gente possa resolver satisfatoriamente, como resolvemos as outras duas vezes, só que essa já é uma terceira vez, que, evidentemente, a gente tem é informações bem mais precisas de uma análise profunda, que tem grande possibilidade, como teve das outras vezes. Agora, na base do tem que ser hoje, tem que ser amanhã, não funciona, e não existe isso.

LÁ EM BRASÍLIA

Conversa em 5/11/2001

Orlando Marques, traficante preso em São Paulo, fala com Valdemar Ferreira, um dos gerentes da quadrilha:

Orlando – Vou pagar US$ 250 mil pro cara resolver aquele problema meu lá.
Valdemar – É mesmo, cara?
Orlando – Lá em Brasília. O cara queria quatrocentos. A máfia que tem lá, né?
Valdemar – Pelo amor de Deus.
Orlando – Tem até ministro no meio. Mas vale a pena, num vale?
Valdemar – Ah, sei lá. Você tá correndo atrás desse objetivo de limpar seu nome, né? Eu encaminhava pra outro caminho, mas você já gastou o maior dinheiro, né, fazer o quê?
Orlando – Anula pelo menos a cadeia, não fica condenado lá, não tem mais risco de ir pra cadeia de São Paulo, né?

PAPEL

Conversa em 20/3/2002

Leonardo Mendonça diz ao sócio Wilson Torres que Pinheiro Landim ajuda sua campanha:

Leonardo – Ele (Landim) ainda falou o seguinte pra mim: manda ele seguir a vida dele e caçar um jeito de arrumar papel pra campanha (risos). Já não deixou de dar uma cantada, né?

ENCONTRO

Conversa em 9/5/2002

Pinheiro Landim, Leonardo Mendonça e Silvio Rodrigues marcam encontro:

Landim – Eu vou agora pro aeroporto e a gente se encontra antes. Tem um posto de gasolina…
Leonardo – Pera aí, explica pro Silvio que ele entende melhor. Eu não conheço nada.
Landim – Silvio, antes do aeroporto não tem um posto de gasolina?
Silvio – Tem, chegando lá no aeroporto.
Landim – A gente se encontra naquele posto, tá?
Silvio – Combinado.

O PROCURADOR

Conversa em 25/1/2001

Leonardo Mendonça e Wilson Torres conversam sobre suposto controle que teriam sobre procurador da República no Maranhão:

Wilson – O Cabeção.
Leonardo – Não, o Cabeção tá no Comprido. O cara marcou com ele lá no final de semana, entendeu? Ele vai inclusive almoçar com o cara no domingo. Não tem… os dois, tem um que assina e tem um que pede?
Wilson – É exatamente.
Leonardo – Ele vai almoçar com o que pede, entendeu?
Wilson – Ah, mas o importante é o que decreta.
Leonardo – Não… não… não, mas num é, porque ele decreta se o outro pedir, né? Na verdade, o outro é que bota fogo, né?

O DINHEIRO ATRASOU

Conversa em 5/12/2000

Luiz Antônio de Abreu, secretário de Leonardo Mendonça, explica a Núbia Zanine, mulher do traficante Ecival de Pádua, que Ecival e outro criminoso não saíram da prisão porque a parcela do suborno atrasou:

Luiz Antônio de Abreu – E o careca… também tudo olho grande, começa fazer, não então liga pras muié, vamos falar que o trem tá tudo dando errado… Agora o trem lá é certeza… Sabe o que eles falaram. Não, num saiu os meninos aí, porque tinha uma parcela do Menino (a PF acha que é Igor Silveira), que atrasou oito dias, pode um trem desse? Era pra ter pagado dia 24, pagou dia 30, atrasou na realidade seis dias.
Núbia Zanine – É, tanto é que ele ligou aqui esses dias e falou que num sei o quê, tá entendendo, falou isso também.
Luiz – Você entendeu?
Núbia – Hum hum.
Luiz – Quer dizer… realmente atrasou, mas você acha que um motivo desses de atrasar seis dias numa parcela naquele valor… volume que é, e você sabe que os volume é grande, né?
Núbia – Sei, sei.

O CAPA PRETA

Conversa em 2/1/2001

Helder Mendonça, irmão de Leonardo, fala com Luiz Antônio de Abreu sobre um processo que está com o desembargador Eustáquio Silveira, do Tribunal Regional Federal, do Distrito Federal:

Luiz Antônio – Você sabe: é hoje, é amanhã, é hoje, é amanhã, e tá na mesma situação, assim, só que tá na mão do pai do Igor (desembargador Eustáquio Silveira), você entendeu? Você sabe quem é, né?
Helder – Sei.
Luiz – Tá lá na casa dele, e ele falou que só… na mesma situação do outro menino lá.

O PEQUENO

Conversa em 10/2/2001

Antônio Carlos Ramos e Silvio Rodrigues Silva, sócios de Leonardo Mendonça no tráfico, falam sobre habeas corpus de Leonardo que está na 4a Turma do TRF.

Antônio Carlos – Você tá olhando o papel aí direto?
Silvio Rodrigues – Tô olhando, tô olhando… ainda não, só se tiver alguma notícia. Mas eu acho que só segunda-feira, porque… desceu pra turma de lá, vai pra pauta, quando desce pra lá, de lá vai pra plenário, aí tem que ver que dia que tem sessão, como é lá no TRF, não sei, tinha que ir lá para saber.
Antônio Carlos – Quero saber o do Pequeno (Leonardo Mendonça).
Silvio – É isso mesmo, na 4a Turma. E aí, como é que tá aí?
Antônio Carlos – Só agoniado, aguardando a posição.