RIO: Em depoimento durante a investigação, testemunha contou que bando planejava matar o secretário de Segurança Pública e o delegado Cláudio Ferraz 4

Grupo de milicianos tinha planos para matar secretário Beltrame

Em depoimento durante a investigação, testemunha contou que bando planejava matar o secretário de Segurança Pública e o delegado Cláudio Ferraz

 

Rio – O bando miliciano é considerado sanguinário. Testemunhas contaram que os criminosos mantinham apartamento, chamado de ‘açougue’, onde vítimas eram esquartejadas e os corpos, jogados no Rio Pavuna, atrás do Condomínio Nova Esperança, cercado por câmeras de vigilância.

Foto: Severino Silva / Agência  O Dia

PMs aproveitaram operação da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), em abril, na Favela da Coreia, em Senador Camará, para fazer ação paralela | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Em janeiro, o morador Leandro Real Gouvêa foi morto por não pagar taxa de segurança de R$ 100. Os ‘soldados’ do conjunto habitacional recebiam por semana, entre R$ 150 e R$ 250, para cuidar da segurança e fazer cobranças.
Em depoimento durante a investigação, testemunha contou que o grupo planejava matar o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e o delegado Cláudio Ferraz. A ordem teria partido de milicianos presos, ano passado, através de recados enviados por visitantes e ligações telefônicas. As armas enterradas no terreno do condomínio seriam usadas para matá-los antes do Carnaval.
Há outros casos de crueldade: uma jovem, do Morro dos Macacos, que visitava parentes no Morro do Dezoito, Água Santa, foi estuprada e morta pelos milicianos, desconfiados de que ela passaria informações a traficantes.
O grupo é acusado de matar aliados. Ricardo da Silva Faria foi morto por desavenças na divisão dos lucros. Alexandre Landir Almeida de Souza, o Bomba, teria sido morto por ‘perder’ fuzil, apreendido por policiais.
Miliciano recebeu aviso sobre ação da polícia na Coreia
Com o objetivo de apreender armas para a milícia, PMs aproveitaram operação da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), em abril, na Favela da Coreia, em Senador Camará, para fazer ação paralela. Eles também queriam prender o traficante Márcio José Sabino Pereira, o Matemático.
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, em 29 de março, revelam que o PM Luiz Roberto Silva Rosa, lotado no 3º BPM (Méier), avisou Júlio César sobre a operação. Ele disse que haveria dois helicópteros e dois blindados e que as “peças” apreendidas seriam entregues para Júlio, para “fortalecer os amigos”.
Em outra conversa, em 30 de abril, o PM voltou a falar com Júlio, negociando a compra de armas. Semana passada, o grupo chegou a negociar fuzis por R$ 65 mil cada, na Favela Vila Vintém, em Padre Miguel.
Outra ligação mostra o miliciano Paulo Jesus de Aguiar Junior negociando a compra de armas com um policial do Serviço Reservado (P-2), do 9º BPM (Rocha Miranda). A polícia também tem informações de que a milícia estaria impedindo a entrada de políticos em suas áreas.
NAS CONVERSAS, A NEGOCIAÇÃO DE ARMAS APREENDIDAS
O PM Roberto fala com Júlio sobre a venda de ‘negócios’ e ‘direção’ (armas).
Roberto: Vou falar com ele aqui. Por quê?
Júlio: Pra gente pagar ele. Um cara quer fazer uma troca com a gente.
Roberto: Que tipo?
Júlio: Falo. Tu deixa esses negócios aqui comigo e arruma três negócios pequenos para mim pagar. Pô, dá pra arrumar três negócios pequenos no valor de 4 reais (4 mil), num dá não?
Roberto: Não! Não pô! Tem que ver primeiro. Aquela direção (arma) lá que ele falou tá mil e duzentos.
Júlio:Não dá pra vir mais duas daquelas, não?
Roberto: Pô, por que você não falou pra ele que a gente tinha essa direção com a gente aí?
Paulo de Jesus Aguiar Junior confessa o assassinato de inimigo e trata de tráfico de drogas com comparsa não identificado.
Paulo: Tava com uma quatro cincona bonitona!
Comparsa: Tu pegou, né?
Paulo: É claro, pô! (…) Eles ficaram malucos. Perderam uma quatro cincona novinha.
Comparsa:É isso aí!
Paulo: (…) Ele tava pedindo 13 (13 mil reais) e eu falei que era para um tio meu.
Comparsa: É, fala que é nosso.
Paulo: Então, aí o de 13 (13 mil reais), ele vai fazer por 9 (9 mil reais).
Paulo: Então, e ele falou que a gente pode vender que tá tranquilo e é bom que ele é P-2 do nono (9º BPM, em Rocha Miranda). E se tiver alguma caôzada, ele avisa. A gente só não pode tomar bote.
Comparsa:É isso aí, valeu!
Júlio conversa com Roberto sobre operação policial na favela da Coreia.
Júlio:Fala meu padrinho.
Roberto:Aí, aquele garoto (…), segura ele aí que eu quero falar com ele que a operação na Coreia vai ser baseada nas informações dele.
Júlio:Mas já tá montada a operação?
Roberto: Já! Tá todo o aparato montado com dois blindados e dois helicópteros.
Júlio:
Que horas você vai passar por aqui?
Roberto:
(…) Não deixa ele sair pois a operação tá montada. Tudo no papel, direitinho, nós vamos arrebentar e vou ver se retiro umas pecinhas (armas) para fortalecer os amigos.
Reportagem de Adriana Cruz e Paula Sarapu

Um Comentário

  1. então as coisas aqui em sampa são fichinhas perto da polícia do Rio hein….somos anjinhos…rsrsrs

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  2. Lá no Rio a Polícia Militar é conhecida como a “Mineira”. E depois falam da polícia civil.

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  3. amigos e outros! está próxima a hora em que pela inoperância das “autoridades”, alguma “força” qualquer venha a tomar as rédeas desde dócil povo!(autoritarismo)…
    então meus amigos aí nós vamos ver o que é bom!
    melhor seria um cessar fogo entre Caim e Abel PM e PC e expurgarmos todos os infiltrados!
    desunidos os policiais operacionais e praças serão eternamente tratados como cidadãos de segunda classe não só pelo povo, mas principalmente pelos oficiais e delegados…
    Unidos transformem a POLÍCIA e a SOCIEDADE!!!

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