Capitão (referindo-se ao Capitão Caldeira) , pode ter certeza de que concorto contigo quanto ao problema que é o ataque generalizado às forças estatais – a própria mídia moralista faz isso. Afinal, sou candidato a policial. Também sei que a origem desse problema é superior à alçada da polícia, e talvez nem tanto da educação. Mas o senhor desmascara sua própria doutrina ao dizer:
[Aquele pessoal que “não gosta de Polícia”, bem ilustrado pelo senhor em seu texto, é o mesmo que ouve o “Funk Proibidão”, cujas letras enaltecem o traficante em detrimento dos agentes de segurança pública (PM, Policial Civil, Agente de Segurança Penitenciária, Guardas). Esses são os mesmos que incendeiam ônibus e atiram com arma de fogo na Polícia!
Esses jovens são “massa de manobra” mas mãos dos chefes locais da criminalidade organizada e acredite: prá “ganhar moral” no meio da malandragem, “atacam DP, Base da PM, Bonde da SAP (Administração Penitenciária)”, etc e tal…enfim, são os “simpatizantes da facção”, “lagartos”, “cunhadas”, etc….]
Eu sei eu sei, esses descritos aí existem mesmo. E como vocês os detectam? Memorizam bem os rostos daqueles que cumprimentam as bases da PM, para diferenciar dos que passan ouvindo proibidão? A presunção é de inocência, não se esqueça disso. O senhor falou em um grupo generalizado de “massa de manobra”, como se fala de um partido político, ou uma espécie de oessoa jurídica composta de lagartos e cunhadas sem rosto aos quais se atribui uma acusação genérica de “atacador de bases e agentes Estatais”. Então nós temos o povo do “proibidão” e os jovens íntegros… na verdade é isso mesmo, só que em situações sensíveis nas quais vivem os milhões de jovens da casse D do nosso país, o que separa a vida honesta do crime é algo muito tênue, que a ótica confusa de uma ação militarizada nesses territórios jamais respeita. Pois um jovem que vive numa situação que podemos chamar “de risco” pode, em pouco tempo, passar para a vida de crimes. E o crime não é algo inato, e ao próprio Estado cabe grande parte da responsabilidade pela criminalização do indivíduo – perante à sociedade, do ponto de vista da mídia e da sociedade orientada à classe média, o jovem da favela já nasce com uma presunção de envolvimento criminoso. Pois o Estado só comparece às periferias com a força repressora – é um problema fora da competência polcial, eu sei, mas torna-se também uma rsponsabilidade da polícia quando a ação repressiva, além de excessiva e violenta, afeta toda uma comunidade que não é envolvida com criminosos, e ainda assim as ações não surtem efeito. E também há de se considerar que a própria dimensão do trabalho policial, em território, soldados e número de cidadãos que habitam o território onde age o policiamento, torna a individualização (a separação) entre jovens contraventores e honestos uma tarefa homérica. Estes últimos argumentos podem até defender sua posição quanto a generalização da “massa de manobra”, mas é justamente o que torna a militarização do policiamento algo sem sentido. Se perante à sociedade civil a individualização dos criminosos em meio à uma comunidade carente já é algo quase impossível, imagine a mesma individualização perante uma corporação de doutrina militar (de negação não só dos direitos humanos, individuais e trabalhistas, mas da própria individualidade dos agentes.)
Ou podemos simplificar o debate e apenas perceber que aos civis não cabe o dever de conviver com uma situação ostensivamente militarizada. Não estamos em Sparta. Lugar de militar é no quartel.
Não gostar de polícia é um direito de qualquer cidadão, e que eu respeito, pois a possibilidade de não estar satisfeito com um ramo do serviço público é algo próprio da Democracia. E a revolta contra do Estado e seus agentes não constitui por si só desvio algum, e é natural para quem só vê do Estado as forças repressivas. Portanto, atribuir a um sujeito uma presunção de criminalidade simplesmente por não gostar nem de ver pela frente policiais ou qualquer agente estatal é algo inadmissível, que eu não esperaria nem de um militar.
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CAETANO, Vossa Senhoria acaba de ser aprovado com grande mérito.
Qualquer Polícia mereceria recebê-lo em seus quadros…
Contudo, muito cuidado, poderá ser rejeitado POR EXCESSO DE QUALIFICAÇÃO.
NOTA DEZ!
Pingback: Não estamos em Sparta. Lugar de militar é no quartel.Portanto, atribuir a um sujeito uma presunção de criminalidade simplesmente por não gostar nem de ver pela frente policiais ou qualquer agente estatal é algo inadmissível, que eu não esperaria n
[Contudo, muito cuidado, poderá ser rejeitado POR EXCESSO DE QUALIFICAÇÃO.]
Yo no creo en brujas…
pero, que las hay…
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SE O DR CONDE GUERRA CONHECESSE O CAPITÃO CALDEIRA NÃO DIRIA ISSO AO CAETANO.
CAP. CALDEIRA É UM DOS MELHORES POLICIAIS QUE CONHECI ATÉ HOJE.
PERGUNTEM À POPULAÇÃO DE POÁ O QUE ACHA DO REFERIDO MILITAR E O DR. VERÁ QUE ELE É UM POLICIAL DE PRIMEIRA LINHA E SABE O QUE DIZ.
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Ôpa! Não tenho a menor dúvida quanto ao fato de o capitão Caldeira ser POLÍCIA apaixonado e altamente qualificado. O que falei acerca do CAETANO diz respeito à exposição por ele feita acerca da natural aversão – em todos os tempos – que o cidadão comum sente em relação ao militar. E a aversão do policial – seja militar ou civil – pela juventude periférica; fruto de preconceito e estereotipagem.
Ora, o Capitão Caldeira pode ser o maior Oficial já formado pela PM, mas – como todos nós aqui – tem muito por aprender, especialmente convivendo com pensamentos contrários.
Ele tem muito para nos ensinar, mas – por vezes – parece ditar aulas, em vez de expor suas razões.
Eu não concordo com a afirmação que lugar do militar é no quartel. Lugar de militar é junto do povão; respeitando preto, branco, pobre, seja trabalhador ou marginal.
Mas sei que todo jovem – em algum momento – irá nutrir ódio pela Polícia. Nem por isso cometerá terrorismo e se transformará em marginal.
Há trinta anos EU ODIAVA policiais civis, policiais militares e – especialmente – qualquer um vestido de verde. Mas alguns anos antes – na infância – quinzenalmente chorava para minha mãe me levar ao barbeiro para fazer o “americano curto”…Pois tudo o que sonhava era ser um soldado.
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Dr. Guerra ,
Por gentileza, ao acompanhar seu debate com AdvoMogii dA. gostaria de ler um comentario do senhor para a questão, o que considera um bom policial?
A pergunta serve para o AdvoMogii dA., caso queira responder gostaria nde saber os criterios que os senhores utilizam para reconhecer um bom policial.
Obrigado e saudações a todos!
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Fernando:
Pergunta extremamente difícil de responder, pois ao longo da vida profissional mudei os referenciais acerca do que seja “um bom policial”. Mas um bom policial se reconhece pelo convívio diário, ou seja, trabalhando com ele por um período mínimo de um ano. As ocorrências apresentadas , os casos esclarecidos, o cumprimento das obrigações com profissionalismo e presteza, a formalização de atos com técnica, o cuidado com os prazos , a coragem física, educação, a quantidade de prisões, enfim, todos os critérios objetivos, não são suficientes para revelar o “bom policial”.
E aquilo que é bom policial para a Administração, de regra, é péssimo para a sociedade e para os companheiros de trabalho.
Neste momemnto eu diria que bom policial é AQUELE QUE INGRESSA NA POLÍCIA POR NECESSIDADE DE SOBREVIVER E PERMANECE PELA NECESSIDADE DE SOBREVIVER.
E poderia dizer: NÃO É BOM POLICIAL quem afirma trabalhar por amor a Instituição, sacerdócio , abnegação e espírito público.
Afirmações típicas de duas categorias: MENTIROSOS APROVEITADORES e MENTIROSOS IDIOTAS.
Os primeiros são os que se locupletam nas costas dos segundos.
Estes os que mentem para si como forma de remediar complexo de inferioridade.
Bom policial, acredito, sempre foi aquele que soube cumprir os seus deveres na exata proporção dos meios materiais e remuneração recebidos.
Nada mais, nada menos. O bom policial não casa com a Polícia; esta não é a sua cachaça, muito menos faz da Polícia a razão da sua existência.
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DR GUERRA,
SE ME PERMITE COMPLEMENTAR…
O POLICIAL QUE FAZ DA POÍCIA SUA EXISTÊNCIA, É AQUELE SUJEITO QUE, É UM TRASTE TÃO GRANDE, QUE NEM A PRÓPRIA FAMÍLIA, SUPORTA TÊ-LO POR PERTO!
ASSIM SENDO, ELE É O CARA QUE, É SEMPRE O PRIMEIRO A CHEGAR NA DELEGACIA E O ÚLTIMO A SAIR (E QUE NÃO RARAS VEZES, DÁ UM PULINHO LÁ TAMBÉM NO FINAL DE SEMANA)!
PARTINDO DESSE PRINCÍPIO, SE O CARA É UM TRASTE PRÁ FAMÍLIA, IMAGINE O QUE NÃO SERÁ PARA OS COLEGAS E PARA A SOCIEDADE, A QUAL DEVERIA SERVIR…
INFELIZMENTE, TRABALHEI COM UM MONTÃO DESSES…
CHEGO A ACREDITAR, QUE RARAS SÃO AS DELEGACIAS QUE NÃO TEM UM “DONO” DESSES.
E, PRÁ PIORAR, VIA DE REGRA, TAMBÉM “TOMA CONTA DE TODO MUNDO”!
IRK!
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