Três delegados são suspeitos de compra de cargos de chefia em SP
ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
LUIS KAWAGUTI
da Folha de S.Paulo
Os delegados Fábio Pinheiro Lopes, Emílio Françolin e Luís Carlos do Carmo são investigados pelo Ministério Público Estadual e pela Corregedoria da Polícia Civil pela suspeita de terem comprado cargos de chefia na Polícia Civil de São Paulo. Os policiais negam.
A investigação tem como ponto de partida o depoimento do ex-policial civil Augusto Peña dado à Promotoria neste mês e ao qual a Folha teve acesso. Peña, que não apresentou provas, diz que atuava como intermediário na negociação entre policiais e o então secretário-adjunto da Segurança Lauro Malheiros Neto.
De acordo com ele, Lopes pagou R$ 110 mil a Malheiros Neto para assumir a 3ª Delegacia de Investigações Gerais do Deic (divisão de combate ao crime organizado).
Já Françolin, sempre segundo o ex-policial, pagou R$ 250 mil para assumir a 5ª delegacia seccional da capital. Peña afirma ter sido o responsável pela entrega do dinheiro. A quantia foi entregue ao advogado Celso Valente, que seria outro intermediário de Malheiros na vendas de cargos e outros benefícios dentro da polícia.
Já Luís Carlos do Carmo também pagou, segundo Peña, por uma vaga no Detran. “O declarante não soube informar o valor porque recebeu apenas um pacote fechado”, diz outro trecho do depoimento.
Uma das hipóteses é que os policiais compravam os cargos para lucrar, por exemplo, com extorsões a investigados.
Os delegados Carmo e Lopes deixaram as funções após a saída de Malheiros Neto da secretaria. Carmo foi para uma delegacia do idoso e Lopes, para o 99º DP. Françolin continua na mesma seccional.
Nomeado para o cargo em janeiro de 2007, Malheiros Neto pediu exoneração em maio de 2008, logo após a prisão de Peña –acusado de extorquir dinheiro de integrantes do PCC.
No depoimento de agora, Peña confessou esse e outros crimes na tentativa de obter o benefício da delação premiada.
Esses benefícios, que podem reduzir a condenação do ex-policial, só são concedidos pela Justiça se as informações repassadas pelo acusado forem consideradas consistentes.
Amizade
De acordo com Peña no depoimento, ele e Malheiros Neto eram amigos havia anos. Foi a primeira vez que Peña admitiu manter uma relação próxima com o ex-secretário. A suposta ligação entre os dois foi denunciada ao Ministério Público por Regina Célia Lemes de Carvalho, ex-mulher do ex-policial.
Em janeiro de 2007, quando Malheiros assumiu o cargo de secretário-adjunto da Segurança, o então investigador disse ter sido procurado por ele para ser transferido a 3ª DIG do Deic. Lá, teria duas missões, segundo afirma no depoimento:
1) “Apertar o cerco em cima dos bingos e das máquinas de caça-níqueis, para poder arrecadar dinheiro de forma ilícita. Em outras palavras, cobrança de propina”; 2) “Ficar de olho” no delegado Fábio Pinheiro Lopes, “vigiando se o dinheiro [da propina] não era desviado”. “De acordo com o tamanho da casa de jogo, deveriam pagar de R$ 20 mil a R$ 200 mil mensais, em dinheiro”, disse.
Corregedoria
A investigação na Corregedoria trocou ontem de mãos. O secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, substituiu o delegado Gerson Carvalho por um homem de confiança: Roberto Avino, que trabalhava ultimamente na Secretaria da Segurança.
Outro lado
Dois delegados classificaram as acusações como “infundadas” e “absurdas”. O outro não foi localizado.
O delegado Fábio Pinheiro Lopes, atualmente na chefia do 99º DP (Campo Grande), afirmou que “Augusto Peña é um bandido e que as acusações de corrupção feitas contra ele são uma vingança porque ambos são inimigos”.
De acordo com Lopes, Peña quer se vingar dele porque quando trabalharam juntos, no Deic, o delegado acusou o então investigador de desviar uma carga de videogames que estava apreendida na delegacia. “Esse rapaz é meu inimigo pessoal. Eu o expulsei do Deic”, disse.
Ainda segundo Lopes, as acusações de que teria pago R$ 110 mil ao ex-secretário-adjunto da Segurança Pública Lauro Malheiros Neto para assumir a 3ª DIG (Delegacia de Investigações Gerais) são infundadas. “Eu nunca fui processado, nunca tive uma sindicância na minha carreira [de 17 anos]”, disse.
Lopes também disse que, ao contrário do que afirmou Peña, ele nunca cobrou propina para protelar inquéritos policiais contra bingos ou donos de caça-níqueis.
O delegado Emílio Françolin classificou a acusação de ter pago R$ 250 mil a Malheiros Neto para assumir a 5ª Seccional como absurda.
O delegado Luiz Carlos do Carmo foi procurado pela reportagem em seu celular, mas não foi localizado até a conclusão desta edição.
O advogado de Malheiros Neto, Alberto Zacharias Toron, nega as acusações. Ele disse que seu cliente propôs ao Ministério Público ser ouvido, mas não obteve resposta, e ainda não conseguiu ter acesso ao inquérito.
O secretário da Segurança, Ronaldo Marzagão, não quis comentar o teor do depoimento de Peña, segundo sua assessoria. A pasta informou que a mudança de delegados na Corregedoria faz parte de uma série de transferências rotineiras.
O advogado Celso Valente não foi localizado.
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Pela notícia acima – corroborando em parte as motivações ocultas da remoção do doutor GERSON DE CARVALHO – se vê que o fato de a Corregedoria vir a subordinar-se diretamente ao Secretário , como há muito o DETRAN , não é nenhuma garantia contra remoções espúrias quando o alvo das investigações for membro do alto escalão. Ou quando o objeto das investigações for do interesse de determinados setores ou pessoas.
Se o Secretário for desonesto seus escolhidos serão desonestos, contudo a responsabilidade LEGAL E POLÍTICA restará melhor definida.
Assim, futuramente, talvez possamos exigir mais do que um lacônico informe: mudança de delegados na Corregedoria ( Dr. Gerson de Carvalho ) faz parte de uma série de transferências rotineiras.
Na oportunidade cabe perguntar: QUANDO O MALHEIROS MALHÃO SERÁ INDICIADO?
OS INDÍCIOS SÃO MAIS DO QUE SUFICIENTES…
PRETO NO BRANCO E PUBLICADO NO DIÁRIO OFICIAL.
Onde está o resultado da perícia que o ex-secretário “zangadão” mandou fazer nos computadores da SSP a respeito da presença do investigador penha quando estava preso e lá constou a sua presença ??????
Será que ainda não deu tempo, ou estão abafando pra não respingar no nosso querido e amado governador, pois o mesmo afirmou na época ter total confiança no seu secretário!!!!!! o que estão escondendo ???????
E a nova Corregedoria que se diz tão séria, se é mesmo está devendo a nós policiais e a sociedade esta resposta, estamos aguardando.
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Pingback: UMA PEQUENA MENTIRA ACERCA DA SUBORDINAÇÃO DA CORREGEDORIA AO SECRETÁRIO: Segundo um integrante do governo, a mudança evita experiências como a do delegado que, ano passado, soube pelo “Diário Oficial” que tinha sido transferido da corregedoria
Sabem o que eu acho de tudo isso ???????
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