82 dias de medo em Paraisópolis
Moradores denunciam violência da PM l Barracos foram invadidos sem mandados judiciais l Trabalhadores, crianças e idosos relatam sessões de tortura l Comando da PM nega abusos e agressões na favela
Bruno Paes Manso
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090531/not_imp379770,0.php
A operação teve início depois dos tumultos provocados por algumas dezenas de moradores, em 2 de fevereiro, que deixaram três PMs baleados. Entre os agitadores havia integrantes do tráfico de drogas local. Como resposta, nos dias que se seguiram ao quebra-quebra, parte da tropa deixou rastros de abusos e violência. “Durante a ocupação, tentativas de desestabilização das forças de segurança foram levadas a efeito por parte de pessoas que se sentiam incomodadas com a presença da polícia”, defende o capitão Emerson Massera, da Seção de Comunicação Social da PM. Segundo ele, não há provas de abusos e agressões.
Na semana passada, o Estado esteve em Paraisópolis. Ouviu dezenas de histórias chocantes, em diferentes pontos do bairro. Testemunhos semelhantes já foram ouvidos por entidades como Associação dos Juízes pela Democracia, Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e Associação Paulista dos Defensores Públicos.
De acordo com a polícia, no balanço da operação constaram 93 flagrantes, captura de 61 procurados, 31 armas e 9,9 kg de cocaína apreendidos. Mas o saldo final vai além: sobrou raiva, humilhação, revolta, indignação que ninguém ainda é capaz de dizer o que isso de fato pode significar para a cidade. Seguem os testemunhos de moradores colhidos pelo Estado:
EM DEFESA DOS FILHOS
Auxiliar administrativa em uma empresa de telefonia, Gisele Cristina dos Santos, de 28 anos, teve o barraco invadido seis vezes pela polícia . Em nenhuma delas havia autorização judicial. Na primeira, um domingo de manhã, ela, marido e seis filhos, crianças de 1 a 12 anos, estavam em casa. O marido esticava um novo varal e chamou a atenção dos policiais por causa de uma tatuagem. Perguntaram se ele tinha “passagem”. Ele informou que estava sob condicional, mas não devia na Justiça. Os policiais chutaram o portão e invadiram o quintal perguntando por drogas. Em seguida, entraram na casa e rasgaram o sofá. O pai apanhou na frente dos filhos. Em outras duas vezes, policiais entraram quando só havia crianças em casa. Falaram para a mais velha que o pai havia pedido a eles que buscassem o revólver. “Onde está a arma?”, perguntavam os policiais. “Meu pai não rouba”, a criança respondeu. A casa também foi invadida quando não havia ninguém. Dois baldes de água com latas de leite que ela recebeu do programa da Prefeitura, misturadas com detergente e pó de café, foram espalhados pelo chão e paredes. Gisele teve seu MP5 furtado. Depois das seguidas sessões de abuso, ela fundou o movimento “Paraisópolis Exige Respeito!”, com um blog na internet. Perguntada se o nome dela podia aparecer no jornal, Gisele foi categórica: “Coloque em negrito, com letras maiúsculas.”
CHAMADA ORAL DA BÍBLIA
Nos cálculos da aposentada Maria Alves da Rocha, de 59 anos, policiais invadiram a casa onde ela mora com a neta de 17 anos e dois filhos por cerca de 15 vezes. Nunca apresentaram mandado. Na primeira invasão, eles entraram com um pontapé na porta. Os vizinhos avisaram ao filho, que é pedreiro e trabalhava na vizinhança, que chegou em instantes e sugeriu para a mãe que deixasse a polícia trabalhar. “Quem não deve não teme”, disse. A polícia depois não se cansou de voltar. Bagunçavam o guarda-roupa, xingavam e humilhavam os que estavam em casa. Dona Maria contou aos policiais que era evangélica. Um deles solicitou uma Bíblia para perguntar o que estav a escrito em dado versículo do Evangelho de João. “Sou analfabeta, mas entendo a palavra dos pastores e consegui responder”, diz Maria. O pé de capim-santo que ela cultivava no quintal para fazer chá foi arrancado pelos policiais, para checarem se não era droga.
É PROIBIDO CHORAR
Quando viu o movimento de policiais na viela em que mora, Antonio, de 13 anos, entrou em casa correndo. Os policiais o seguiram. Na porta do barraco, um anúncio escrito a giz pela mãe oferece: “Fais chapinha.” Dentro de casa, Antonio teve a arma apontada para cabeça. “Por que estava correndo? Onde é a boca?”, perguntava um deles, enquanto o estapeava. Outro policial revistava a casa. AntÃ?nio, que aparenta 10 anos, estava sozinho com o irmão, de 9. Os dois choravam muito. “Cala a boca vacilão. Vamos levar você para um quartinho escuro na Febem”, ameaçava o policial. Com os braços cruzados, esfregando os ombros, Antonio explica que ficou ainda mais assustado porqu e há alguns anos teve um tio assassinado por policiais. Os vizinhos, do lado de fora, viam tudo sem poder intervir porque temiam apanhar.
ESPINGARDA DE BRINQUEDO
Agnaldo Jesus Viana teve o sobrado em que mora, em cima do bar de sua propriedade, invadido quatro vezes. Os policiais cismaram com o jogo eletrÃ?nico que ficava na frente do estabelecimento e tinha uma espingarda a laser como acessório. Perguntaram para ele onde estavam as armas e quem fazia o tráfico na favela. Ele respondeu que “não mexia com isso”. A arma do videogame foi quebrada pelos policiais. A mulher de Agnaldo, nervosa, para tentar intimidar, disse que as câmeras que ficam dentro do bar estavam gravando os abusos. Eles obrigaram o casal a retirar o material do vídeo e entregar a eles. As visitas se repetiram. Agnaldo conta que a câmera digital e o notebook do vizinho foram roubados.
QUEM APANHA É A MÃE
Solange conta que estava bêbada no dia em que apan hou da polícia. Foi reprimida depois de chegar chorando e pedindo para não baterem no filho, que estava sendo revistado. Eles se irritaram com a cena e pediram a ela que os levasse em casa para ver se não havia drogas. O filho foi junto, sob tapas e socos. Na confusão, ela acabou levando uma cabeçada do filho agredido pelos policiais. Ficou com o olho roxo. “Hoje eu só sinto ódio”, diz o filho de Solange.
COMPENSADO DE MADEIRA
O ajudante geral Luiz Claudio Carlos, de 23 anos, estava na viela perto de casa sem documentos quando foi abordado por três policiais. Sem poder provar quem era, foi esculachado. Os policiais pegaram um compensado de madeira, jogaram em cima dele e começaram a pular em cima. Perguntavam sobre drogas e davam tapas no seu rosto. A alguns metros de distância, um menino jogava bolinhas de gude. Uma delas desceu em direção ao local onde ocorria a sessão de tortura. O policial perguntou o que menino queria e começou a est apeá-lo. O garoto apanhou sem dizer nada. Quando foi liberado, disse ao policial: “Muito obrigado.” O soldado ficou irritado e voltou a agredir o menino.
Sílvio de Moraes Pereira, de 21 anos, quer ser tatuador. Tem piercings, sobrancelhas cortadas e tatuagens. Fez estágio na Galeria do Rock. Andava pela viela às 8 horas da manhã quando foi abordado e obrigado a tirar a roupa e ficar de cueca. Sentou em cima da mão e o acusaram de trabalhar no tráfico. Ele negou a ligação. Os seis homens perguntaram se ele teria coragem de levá-los à sua casa. Pereira topou. Jogaram o jovem em cima da cama e ele apanhou em rodízio: um dava socos na cara, outros nos rins e todos chutaram ao mesmo tempo com coturnos de bico de ferro, quando ele caiu no chão. Com medo de novas represálias, acabou se mudando.
CABEÇA DE MENINO
José Maria Lacerda, de 54 anos, coordenador da União de Defesa dos Moradores, revoltou-se c om a prisão de William, que é deficiente mental. “Tem corpo de homem, mas cabeça de menino”, explica . Em um sábado de março, policiais viram a porta da casa do jovem aberta e a invadiram, enquanto William dormia. Ele apanhou, tomou um soco na boca e foi levado como traficante e até hoje se encontra preso no CDP de Osasco. Lacerda decidiu brigar em defesa do rapaz, que trabalhava como ajudante de carretos. Pediu ao amigo e advogado Gilberto Tejo Figueiredo, que atua na associação em processos imobiliários de usucapião, para defender William. “As testemunhas sempre são apenas os policiais que efetuam a prisão. Nunca levam os moradores que presenciaram a cena. É uma covardia”, diz Figueiredo. Mineiro, há tempos na luta por moradias, Lacerda é daqueles que preferem evitar conversas sobre crime, como se não fosse assunto de pessoa correta. Mas observa que os moradores de Paraisópolis estão sendo estigmatizados e ganharam na cidade a pecha de ladrões. “Para con seguir emprego precisamos evitar dizer o nome do bairro em que moramos”, diz.
OUTROS OLHOS PARA O MUNDO
Extrovertida, vaidosa, unhas pintadas de vermelho, a cabeleireira Aurenice Soares dos Santos sempre gostou de policiais. Na última eleição, fez campanha para Gilberto Kassab. “O Kassab é um homem lindo!”, diz. Passou a enxergar o mundo com outros olhos em uma manhã de março. Na viela onde mora, quatro casas foram invadidas. O marido estava no andar de cima do sobrado, com a máquina de lavar ligada. Um grupo de 11 policiais chegou ordenando que ela abrisse a casa. Nervosa, disse que não conseguia encontrar a chave. Os policiais quebraram a janelinha da porta, colocaram a cabeça para dentro e tentaram forçar a entrada. Aurenice aguardou calada. Os policiais desistiram quando parte do grupo começou a entrar na casa de baixo. No vizinho, a polícia abriu a janela com um soco, assustando as duas irmãs de 16 e 17 anos que estavam de pijama e aco rdaram com o barulho. Ela ouviu o choro do outro irmão, de 3 anos, com deficiência nas pernas. Viu o filho da vizinha ser humilhado e obrigado a se sentar em cima de uma poça d?água. Enquanto a operação durou, Aurenice evitou sair de casa. Permanece em depressão e toma diazepam, clonazepan, Tofranil e Diurex.
IZAQUE CIRIACO MARTINS
Izaque Ciriaco Martins, de 26 anos, trabalha como copeiro em uma churrascaria do Morumbi e chega todo dia em casa após a 1 hora da manhã. Cansou de ser revistado nas operações da polícia. Foram pelo menos cinco vezes em que era tratado como bandido por viver em Paraisópolis. Em certas madrugadas, teve de dar longas caminhadas a pé para chegar em casa porque o caminho mais curto estava bloqueado pela polícia.
A POSIÇÃO DA POLÍCIA
O capitão Emerson Massera, da Seção de Comunicação Social da PM diz: “A presença de criminosos na comunidade exigiu uma pronta ação, que culminou na es tratégia de ocupação, objetivando criar um clima de segurança às pessoas de bem. E foi o que efetivamente ocorreu! Duas denúncias chegaram a ser feitas formalmente.” E completa: “Restou provado que não houve abuso ou agressão.”
O ciclo completo de polícia será um grande avanço para a população, visto que terá mais agentes públicos investidos na função de elucidação dos delitos.
Por que será que a Polícia Civíl teme tanto o fato da PM realizar o ciclo completo.
Que não tem competência, não se estabelece!
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Pingback: O CIRCO, digo, CICLO COMPLETO DA POLÍCIA MILITAR | Blogosfera Policial
Acredito que a maioria destas denuncias são falsas, tenho certeza que a Polícia não é Tão truculenta.. e tenho Certeza que moradores são favoráveis a presença da Polícia.. que não deve estar gostando são criminosos… chega de palhaçada, sempre que a polícia seja militar ou Civil faz uma operação, lá vem um monte de gente a toa criticar.. se ninguém toma providência criticam mesmo assim,,, Polícia tem que agir, se a PM tá fazendo o trabalho dela que OSTENSIVO tá certo, lugar que fizer baderna, tem que ser ocupada pela Polícia SIM… não dê mole aos criminosos…. a Tv só critica a polícia, agora Polícia tem que apoiar Polícia…. chega de palhaçada… somos todos contra o crime e os criminosos… Ou esta do lado da Lei ou contra ela…. VIVA as POLÍCIAS…
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Candidato Caô Caô
informe o(s) compositor(es)
Ele subiu o morro sem gravata, dizendo que gostava da massa, foi lá na
tendinha bebeu cachaça, até bagulho fumou, entrou no meu barracão e lá usou
lata de goiabada como prato, eu logo percebi é mais um candidato para a
próxima eleição (2X)
Ele fez questão de beber água da chuva, foi lá no terreiro pedir ajuda, bateu
cabeça no gonga, mas ele não se deu bem porque o guia que estava
encorporado
ele disse esse político é safado cuidado na hora de votar, também disse meu
irmão se liga no que eu vou te dizer, depois que ele for eleito não arruma
emprego pra você, meu irmão se liga no que eu vou te dizer, depois que ele for
eleito manda os homens te prender…
* = REPETIÇÃO DO TRECHO
Ele subiu o morro sem gravata, dizendo que gostava da massa, foi lá na
tendinha bebeu cachaça, até bagulho fumou, entrou no meu barracão e lá usou
lata de goiabada como prato, eu logo percebi é mais um candidato para a
próxima eleição (2X)
Ele fez questão de beber água da chuva, foi lá no terreiro pedir ajuda, bateu
cabeça no gonga, mas ele não se deu bem porque o guia que estava
encorporado
ele disse esse político é safado cuidado na hora de votar, também disse meu
irmão se liga no que eu vou te dizer, depois que ele for eleito não arruma
emprego pra você, meu irmão se liga no que eu vou te dizer, depois que ele for
eleito manda os homens te prender…
* = REPETIÇÃO DO TRECHO
Bezerra da Silva
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FORA OS POLCIAIS MILITARES DO CENTRO E DA NORTE QUE ESTÃO PEGANDO GRANA DE MAQUINEIROS, E BINGOS , E TAMBEM DE BIQUEIRAS DE TRAFICO DE DROGA.
A ROTA TAMBEM ESTA PEGANDO NA CRACOLANDIA, E TAMBEM NA ZONA LESTE,
O SARGENTE DA TATICO ANTIGA CGP, TAMBEM TEM ACERTOS COM MAQUINEIROS E OUTROS SAFADOS.
E A CORREGEDORIA TA USANDO O RSERVADO TAMBEM PRA TOMAR DINHEIRO.
PRA QUE RESERVADO NA PM QUE É HOSTENSIVA COM h
PRA QUE É SO PRA TOMAR GRNA E AGREDIR AS PESSOAS
A MERDA E OS BOSTAS DE DELEGADOS DE PLANTÃO QEU ABAIXA A CABEÇA PROS MERDAS DOS PMS E ACEITAM OCORRENCIAS QUADRADAS.
PAU NA BUNDA TEM QUE GANHAR MESMO UMA MERDAD ESSES DELEGADOS DE MERDA QUE ABRAÇAM OS BOSTAS FARDADOS.
DIGO PM EM SEUS 40 PRO CENTOS SÃO LADRÕES E NÃO IGUAL NOS DA CIVIL NO ACERTOS, ELE METEM OS CANOS, E ESPANCAM PRA TOMAR GRANA
PM O CANCER DA SOCIEDADE PAULISTANA
FORA ESTES ANIMAIS FARDADOS, QUE SÃO SUBMISOS E PAGA PAU DE OFICIAL E DESCONTAM NA SOCIEDADE
COLOCAM DROGA NO CARRO DE INOCENTES PRA FAZER UM BO E FICAR FAMOSO, EU MESMO VI ISSO NA PORTA DO 78, UM PM DE MERDA UM TA DE BATISTA DA ROTA, PEGOU O CARA LEVOU PRA TRAZ DO MEU CARRO E EU ESTAVA SAINDO, E FALOU PRO CARA ASSIM ME DA 5 MIL OU TA FUDIDO VOU FALAR QUE AQUELA DROGA ERA SUA, E O CARA FALAVA ASSIM: SENHOR EU SO TAVA FUMANDO AQUELE BASEADO O RESTO NUM TAVA NO MEU CARRO, E O BATISTA DEU UM TAPA NA CARA E PEDIU DE NOVO A GRANA, ELE FALOU QUE SO TINHA EM CASA, AI ELE PEDIU 10 POIS SE A MÃE DELE VIESSE COM A GRANA IRRIA PRENDER ELA POR CORRUPÇÃO.
FALOU PRA DELEGADO DO DIA E ELA FICOUI COM MEDO DE COLOCAR NO PAPEL POIS OS PM ERA ASSASINOS, E EU TAMBEM FUI EMBORA QUERO QUE SE FODA
LIGUE PRA CORRO DELES E NADA FOI FEITO O MENINO FOI PRA CADEIA
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POVO: SEU BABA-OVO!!
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XHP4: DENUNCIAS FALSAS? TU NÃO DEVE SER DA POLICIA, NÉ IGNORANTE…DEVE ESTAR ATRAS DE UMA MESA CONFORTAVEL… A OCUPAÇÃO FOI JUSTA, POIS TEM DELINQUENTE NA AREA ? AH MANDA A PM OCUPAR A DASLU TAMBÉM…LÁ TAMBÉM SÓ ENTRA DELINQUENTE.
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