GILBERTO KASSAB E O FIM DA MORDAÇA 4

Segunda-Feira, 4 de Maio de 2009, 08:58

Mês ganha importância para Lei da Mordaça

Agência Estado

DE SÃO PAULO

O prefeito da Capital, Gilberto Kassab, deve encaminhar ainda este mês à Câmara Municipal um projeto de lei que revoga o artigo do Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de São Paulo (Lei 8.989, de 1979) que proíbe os servidores de se pronunciarem sobre sua função ­ mais conhecido como `Lei da Mordaça’.
A norma, criada durante o regime militar, impede, sob pena de sofrer inquérito administrativo e até mesmo exoneração, que os funcionários se refiram “depreciativamente em informação, parecer ou despacho, ou pela imprensa, ou por qualquer meio de divulgação, às autoridades constituídas e aos atos da Administração”.
A proposta de revogação do artigo partiu da Secretaria Municipal de Educação. “Foi um compromisso assumido com os professores ainda durante a campanha eleitoral”, explica o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider.
Embora a lei seja válida para todos os funcionário públicos, aqueles ligados à Educação sempre foram os que mais se mobilizaram para derrubá-la.
Além de São Paulo, outros 17 estados brasileiros têm a Lei da Mordaça, sendo que em nove deles o dispositivo é posterior à Constituição de 1988. (Agência Estado)

PREFEITO DE SÃO VICENTE REIVINDICARÁ POLICIAIS MILITARES E DELEGADOS ( estamos disponíveis ) 3

Segunda-Feira, 4 de Maio de 2009, 07:55

SV pede mais policiamento

Da Redação

SANDRO THADEU

O prefeito de São Vicente, Tércio Garcia (PSB), reivindicará à Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) o aumento do número de policiais militares e de delegados na Cidade, para melhorar o combate à criminalidade. No próximo dia 11, ele participará de audiência com o representante da pasta, Antônio Ferreira Pinto, na Capital. O encontro foi agendado por intermédio do deputado estadual Luciano Batista (PSB/São Vicente).

 

 

O vice-prefeito e secretário de Transporte, Segurança e Defesa Social (Setrans), Rogério Barreto Alves, confirmou a informação ontem, após a divulgação na última quinta-feira, pela SSP, de dados que apontaram o aumento da criminalidade na Cidade e em toda a região, de janeiro a março deste ano, em comparação ao primeiro trimestre de 2008. Na opinião dele, os números vieram confirmar o sentimento de insatisfação dos vicentinos em relação à segurança pública.
 
Barreto afirma que o 39º Batalhão da Polícia Militar, que ficano município, temum efetivo máximo de 586 homens, fixado em 1993, ou seja, há 16 anos. Desse total, cerca de 80 não estão mais na corporação.
CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO


Na reunião com o secretário, será solicitada a ampliação do quadro para 686 PMs, pois a população cresceu cerca de 20% nesse período. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1991 a cidade possuía 268.618 habitantes, enquanto em 2007 a estimativa de população subiu para 323.599.
 
“O próprio comando geral da Polícia Militar entende que o número de homens está completamente irregular. Estamos com uma defasagem de pelo menos 180 homens, o que é um absurdo”, ressalta Barreto.
 
A ampliação do número de delegados na Cidade também será solicitada ao secretário. São Vicente possui atualmente onze (incluindo o titular), mas o 2º (Cidade Náutica) e o 3º DP (Jardim Rio Branco) contam com apenas um. “Ambas são imprescindíveis e atendem a uma população de cerca de 250 mil habitantes. Não dá para fazer segurança com seriedade dessa forma”, reclama o vice-prefeito.
 
Na quarta-feira, representantes da Prefeitura, da PM e da Polícia Civil de São Vicente estiveram reunidos para debater a questão e estudar estratégias, na tentativa de melhorar o combate à criminalidade.
SEM RESPOSTA

Em contato com a assessoria de imprensa da SSP, na manhã de ontem, o órgão informou que não poderia localizar ninguém, no final de semana, para se pronunciar sobre o aumento da criminalidade na Baixada neste primeiro trimestre. A exceção apenas é aberta “em casos factuais”.
 
A reportagem também acionou a assessoria de imprensa da PM, mas não obteve o retorno até o fechamento desta edição.

A PIOR NOTÍCIA DE SERRA 4

01/05/2009

O aumento da criminalidade em São Paulo –e, especialmente o recorde do número de roubos e maior incidência de latrocínios– é a pior notícia de toda a gestão do governo Serra.
A notícia é muito pior do que os indigentes indicadores revelados, há duas semanas, das escolas estaduais, que não demonstraram evolução, mas também não pioraram.
Não só parou de cair, mas como subiu a taxa de homicídios, depois de uma queda desde 1999.
O governo explica que uma das razões pode ser a crise econômica, que aumentou o desemprego. Até agora, porém, a explicação oficial para a redução da violência era a eficiência policial –o que eu sempre questionei, por ver que existiam também ações comunidade, influências demográficas e ampliação da escolaridade.
Nesse momento em que a curva muda, o problema, na visão do governo estadual, é mais externo do que interno. Pode, em parte, ser verdade. Mas não cola.
Se não mudar rapidamente esses números, Serra deixará o governo, arranhando uma das maiores conquistas sociais não só de São Paulo, mas também do Brasil –a redução da violência. E será não por uma questão econômica, mas de gestão.
Gilberto Dimenstein, 52, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha.

Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.

APOSENTADORIA NA MELHOR IDADE ( 50 a 55 anos ) 3

O Estado de S. Paulo – SP

 

 

Delegado deixa a Inteligência da polícia

 

 Marcelo Godoy

O delegado Mário Jordão Toledo Leme decidiu deixar o Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol), um mês depois de assumir o cargo. Aos 50 anos, Jordão, que foi secretário adjunto da Administração Penitenciária (2002), delegado-geral (2007) e subprefeito da Sé (2007), disse ontem ao Estado que vai se aposentar e trabalhar na iniciativa privada.

Antes de assumir o Dipol, Jordão estava na Corregedoria da Polícia Civil, onde chefiou as investigações sobre as denúncias de corrupção feitas pelo delegado Roberto Fernandes. Fernandes entregou à Delegacia-Geral de Polícia e à Corregedoria cerca de 300 páginas de documentos, sete DVDs e dois CDs com imagens sobre o suposto funcionamento de um esquema de arrecadação de propina da máfia do jogo.

Em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE), Fernandes afirmou que sofreu represálias por fazer suas denúncias, até mesmo com a abertura de uma investigação contra ele na corregedoria. Jordão ouviu 20 pessoas na apuração do caso e pediu a abertura de inquérito. No entanto, a apuração da corregedoria foi atropelada pela Polícia Federal, pelo MPE e pela Procuradoria da República, que também investigavam o caso e fizeram uma operação em 31 de março, prendendo 26 dos 52 acusados de participação no esquema dos caça-níqueis. Na segunda-feira, o secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, reuniu-se com o delegado Fernandes e pediu cópias das investigações da corregedoria.

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O EXEMPLO DEVERIA SER SEGUIDO POR TODOS OS DELEGADOS QUE JÁ PREENCHERAM OS REQUISITOS PARA APOSENTADORIA.

SOU FILHO DO HEROI NACIONAL SERGIO FERNANDO PARANHOS FLEURY,E TAMBEM SOU POLICIAL CIVIL COM MUITO ORGULHO. 71

PAULO SERGIO OPPIDO FLEURY

PFLEURY@.COM.BR 

 Enviado em 04/05/2009 às 10:32

SOU FILHO DO HEROI NACIONAL SERGIO FERNANDO PARANHOS FLEURY,E TAMBEM SOU POLICIAL CIVIL COM MUITO ORGULHO.

VAMOS COLOCAR 2000 PESSOAS NA MISSA EM SUA MEMORIA COMO PROVA DO RECONHECIMENTO DE SEUS SERVIÇOS PRESTADOS.

NOS MEUS 32 ANOS DE POLICIA NÃO EXISTIU UM DIA QUE ELE NÃO TENHA SIDO MENCIONADO,SEMPRE COM UMA HISTORIA INTERESSANTE.

CAROS POLICIAIS E AMIGOS JA RECEBI DOIS TELEFONEMAS AMEAÇADORES , QUE VAI OCORRER UMA PASSEATA CONTRARIA A ESTA JUSTA HOMENAGEM.

“ASSIM SERIA IMPORTANTE IRMOS ARMADOS, SE POSSIVEL COM TUBOS DE GAZ, CASETETES, HASTES E FAREMOS ESTES ATIVISTAS CORREREM CHORANDO PARA ALGUM PROMOTOR PUBLICO,OU PARA ALGUM PADRE” .

CONVOCO TODOS POLICIAIS QUE TEM AMOR POR SUA CARREIRA,POIS ESTA HOMENAGEM É JUSTA E MERECIDA,E NÃO DEIXA DE SER UM ATO DE CORAGEM CONTRA AS HUMILHAÇÕES QUE SOFREMOS DE VARIOS GOVERNOS.

MEU PAI NUNCA SE SUJEITOU AOS DESMANDOS E HUMILHAÇÕES QUE SOFREMOS NOS DIAS DE HOJE. SE HOUVER PROTESTOS ,VAMOS LHES DAR UMA RESPOSTA A ALTURA,POIS NOS TEMOS DIREITOS DE CULTUAR NOSSOS IDOLOS

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Realizar missa pelos 30 anos  da  morte do Delegado Sérgio Fleury é direito dos familiares e amigos.

Defender-lhe  a memória buscando resgatar a História , mais que um direito, é obrigação de todos quantos com ele conviveram.

Contudo empregar o nome do filho para uma convocação de tal espécie  –  que apenas denigre  ainda mais fleuryo falecido e toda a Polícia Civil – é torpeza: “ASSIM SERIA IMPORTANTE IRMOS ARMADOS, SE POSSIVEL COM TUBOS DE GAZ, CASETETES, HASTES E FAREMOS ESTES ATIVISTAS CORREREM CHORANDO PARA ALGUM PROMOTOR PUBLICO,OU PARA ALGUM PADRE”

TÚLIO KAHN CONFIRMA QUE O PLANO DE PRIVATIZAÇÃO TUCANALHO PRATICOU GENOCÍDIO DE 1995 A 2002 19

ESTADAO ONLINE
Sexta-feira, 1 maio de 2009
Casos de latrocínio e roubo de carro explodem na capital

Camilla Haddad e Josmar Jozino

Os casos de latrocínio (roubo seguido de morte) – crimes contra a vida – aumentaram 80% na Capital no primeiro trimestre de 2009 em comparação com igual período de 2008. Foram 27 ocorrências contra 15. Os crimes contra o patrimônio também bateram recorde em São Paulo, conforme antecipou ontem o JT: roubos, 12,64%; furtos de veículos, 9,28%, e o roubo de veículos, 25,78%. De 14 indicadores de criminalidade divulgados ontem pela Secretaria da Segurança Pública (SAP), dez tiveram aumento.

Já os roubos a bancos, que incluem os ataques a caixas eletrônicos, caíram 13,64% no Estado e 12,5% na capital. Os homicídios dolosos, quando há intenção de matar, tiveram um ligeiro aumento de 0,70% no Estado e uma redução de 6,44% na capital. Os estupros aumentaram 33,25% no Estado e 36,86% na capital.

Os números foram apresentados pelo sociólogo Túlio Kahn, chefe da Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP). “Estamos numa fase difícil após a bonança do passado, mas vamos nos empenhar para minimizar os índices”, disse Kahn.

A maior preocupação da SSP é com o aumento recorde de roubos no Estado. Foram 65.635 casos registrados no período. A maior marca havia sido computada no segundo trimestre de 2003, com 64.282 ocorrências. O crescimento mais significativo foi em Presidente Prudente (76,9%), Bauru (59,7%) e Piracicaba (38,5%). A capital totalizou o menor índice de aumento (12,64%).

Das 63 delegacias seccionais do Estado, 90% registraram aumento no índice de roubos. Para Kahn, vários fatores podem explicar o aumento, entre eles a crise econômica. De acordo com ele, cada ponto porcentual a mais na taxa de desemprego equivale a 5 mil roubos a mais.

Outra preocupação da Delegacia Geral de Polícia é com o número de armas em poder de criminosos. Uma prova disso é que a quantidade de armamento apreendido voltou a crescer. O aumento foi de 4,5% em relação ao primeiro trimestre de 2008 e de 9,5% em comparação ao trimestre anterior. De janeiro a março deste ano foram apreendidas 5.568 armas, contra 5.326 em igual período do ano passado e 5.037 no último trimestre de 2008.

Para Kahn, em relação a roubos a banco, o quadro é mais otimista, pois houve uma diminuição representativa no Estado. Foram 57 casos a menos do que no primeiro trimestre do ano passado. “É o menor índice dos últimos cinco anos. Desde o início de 2004, o número de roubos a banco não era tão baixo. Comparado ao último trimestre de 2008, que teve 80 casos dessa modalidade, a queda é ainda maior, de 28,75%”, explicou Túlio Kahn.

O número de prisões realizadas pelas polícias Civil e Militar cresceu 9% no primeiro trimestre de 2009 em comparação com o mesmo período de 2008. Foram presas 30.872 pessoas contra 28.232 de janeiro a março de 2008. É o maior número de prisões por trimestre dos últimos oito anos. Segundo a Polícia Civil, os criminosos migraram nos últimos meses do tráfico de drogas para os crimes contra o patrimônio, entre eles os roubos.

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Levando-se em consideração a abalizada lição do “porta-voz” do governador José  Serra  –   conforme designação  que lhe emprestou  semelhante matéria  da Folha de São Paulo – ou seja, que“cada ponto porcentual a mais na taxa de desemprego equivale a 5 mil roubos a mais”, QUANTOS PONTOS  PERCENTUAIS DE DESEMPREGADOS   –  CONSEQUENTEMENTE  CRIMES VIOLENTOS  –  AINDA DEVEMOS CONTABILIZAR AO PLANO REAL  E PRIVATIZAÇÕES DE FHC, COVAS, GERALDO e SERRA ?

PIADA DO “MAD” 8

mad-magazineNo Departamento  “MAD”  –  salvo o  ITAGIBA  –  tudo LOBÃO.

Que pândega!

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Infelizmente, em razão dos acontecimentos recentes,   só faltará  o NERSÃO, o mestre do “truque”,  para completar o grande elenco do MAD. 

Que “Pena”!

Aliás, pena do quê?

Ele, neste feriado, estará degustando umas doses do melhor malte no conforto da mansão na Riviera de São Lourenço ou em seu módico apartamento de U$ 1.500.000,00.

Ele e os outros.

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Mas falando-se em truques: quem ainda lembra de um grupo de delegados vocacionados do DHPP?

O grupo de classistas denominado DELEGADOS PELA DEMOCRACIA.

A mágica: transformar ideário em  numerário.

Outra mágica: registrar homicídio com a natureza “REQUISIÇÃO DE NECROPSIA”.

Esses caras do MAD fazem cada coisa!

Tudo pelo metal, digo, pelo ideal.

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Agradecimentos   pela sua sua impagável colaboração.

Ah, em face das burocracias,  recebida apenas nesta data!

Aliás, devidamente registrada em livro de carga e entregue mediante recibo do destinatário.

Um bom e merecido descanso ao amigo.

MAD…

Estou rindo faz horas!

30 ANOS DA MORTE DO DELEGADO SÉRGIO PARANHOS FLEURY… “O MELHOR POLICIAL PAULISTA” SEGUNDO O MELHOR OFICIAL DO EXÉRCITO BRASILEIRO 34

O porão de Fleury

A morte do delegado da ditadura nunca foi esclarecida porque houve ordem superior para o corpo não ser examinado no IML

érgio Fernando Paranhos Fleury morreu como viveu. Dono de sangrenta biografia, reponsabilizado por inúmeras mortes durante o período mais duro do regime militar, o delegado Fleury escorregou do passadiço de sua lancha Adriana I, na madrugada de 1o de maio de 1979, no ancoradouro de Ilhabela, litoral paulista, caiu no mar e ali mergulhou em nova zona de sombras. “Recebi ordens superiores para não autopsiar o corpo de Fleury”, revela a Época o médico-legista Harry Shibata, hoje com 72 anos de idade, também personagem daqueles tempos.

Sem ser autopsiado, o corpo de Sérgio Paranhos Fleury, 46 anos, foi levado da Santa Casa de Ilhabela para o Serviço de Verificação de Óbitos da Faculdade de Medicina e não para o Instituto Médico Legal (IML), como recomendavam os procedimentos normais. Lá, dois médicos convocados por Shibata, então diretor do IML, declararam Fleury morto, “provavelmente por afogamento”. Seus nomes: Matuzalém Vilela, da Santa Casa de Ilhabela, e Chibly Michel Haddad, plantonista do instituto. Shibata admite, hoje, que não sabe exatamente o que aconteceu a Fleury.

O todo-poderoso chefe do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), de São Paulo, tornou-se famoso pelo envolvimento em sucessivos casos de tortura e assassinato de presos e militantes políticos de esquerda. Ganhara alguma notoriedade anos antes, graças ao engajamento no Esquadrão da Morte, milícia clandestina de policiais que coalhava de corpos de supostos bandidos os terrenos baldios da periferia de São Paulo e Rio de Janeiro. Fleury atuava prioritariamente em SãoPau-lo. Ele não era um morto comum. Tratava-se de alguém com muitos inimigos, um arquivo vivo de informações sobre a esquerda e a direita.

Pela primeira vez em 20 anos, Shibata relata o que aconteceu quando Fleury e a mulher, Maria Izabel Oppido, depois de jantar no restaurante do Iate Clube de Ilhabela, resolveram voltar ao Adriana I, recém-comprado pelo delegado. “Ele estava muito feliz com o barco, que tinha uma autonomia muito grande”, recorda Maria Izabel. “Dava para ir até a Bahia.” Ao deixar o clube, o casal visitou outro barco para tomar uma taça de champanhe a convite do dono, o empresário Luciano Schwartz. Como o Adriana I estava ancorado ao lado de várias embarcações, era preciso saltar alguns barcos para alcançar seu convés. Ao ajudar a mulher nessa travessia, Fleury escorregou e caiu no mar. Supõe-se. Afinal, nem Maria Izabel diz ter visto o que ocorreu. “Era preciso pular e por isso ele, já do nosso convés, me deu a mão direita para ajudar”, lembra Maria Izabel, emocionada. Ela saltou e, ao se virar, não viu mais o marido. “Ele já estava dentro d’água.” Logo depois, dois marinheiros mergulharam para resgatar Fleury. “Tentou balbuciar alguma coisa, pôs muita água pela boca e acho que morreu ali, em meus braços”, conta a viúva.

O roteiro percorrido pelo corpo de Fleury é apenas um dos fatos estranhos que cercam a morte do delegado. Harry Shibata revela, por exemplo, que Matuzalém não era legista. Diante da determinação de não fazer a necrópsia, tampouco o outro médico, Chibly Haddad, preferiu arriscar um diagnóstico definitivo, mesmo informalmente. “Como eu posso ter certeza?” – respondeu Haddad a Shibata quando o chefe lhe perguntou o que causara a morte de Fleury.

Os mistérios haviam começado com as “ordens superiores” recebidas pelo chefe do IML para não deixar tocar no cadáver. Agora, sabe-se do próprio Shibata que a determinação partiu de Celso Telles, na ocasião delegado-geral da Polícia Civil. Ouvido por Época, Telles confirmou a história. Doente de câncer, ao lado de um balão de oxigênio, o ex-delegado-geral procura justificar a ordem emitida naquela madrugada: “Havia a evidência de sinais externos da morte”, afirma, utilizando um jargão do Código de Processo Penal. Ele recorda que, ao saber da morte de Fleury, mandou para Ilhabela o delegado Lúcio Vieira, chefe da Polícia Científica, já falecido. De lá, Vieira, por telefone, informou a Telles que dezenas de agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), a polícia política, já extinta, estavam vasculhando o litoral atrás de pistas de um possível atentado contra Fleury. Como a busca foi em vão, o delegado-geral ficou convencido de que “nada havia de duvidoso no episódio”. Por isso, mandou que o corpo fosse para o Serviço de Verificação de Óbitos e não para o IML. “Mais para trocar de roupa, porque o velório seria no saguão do Deic”.

Se o depoimento de Maria Izabel Oppido Fleury não ajuda a esclarecer a morte do marido, seu filho Paulo, hoje titular da delegacia de proteção aos turistas em São Paulo, diz não acreditar que algo tenha acontecido além de um movimento infeliz na tentativa de alcançar o convés de um barco. “Muita gente, eu e amigos andamos estes anos todos atrás de uma pista que pudesse levar a alguma descoberta”, revela ele. Em vão. Um médico da família, João Alfredo Castilho, casado com Beatriz, filha do falecido Fleury, examinou o corpo nu durante a madrugada. “Ele nos disse que não havia por que duvidar do acidente”, garante Paulo. A palavra de João Alfredo garantiu alguma tranqüilidade ao filho e à viúva do delegado, relegando a segundo plano as zonas de sombra. Uma delas: o laudo de Matuzalém e Chibly não explica as causas de lesões observadas no lado direito do pescoço de Fleury.

Shibata, durante algum tempo, fez investigações por conta própria. Não foram conclusivas. As dúvidas ficaram. “Fleury era um homem robusto, sadio e sabia nadar”, intriga-se o legista. Por isso, ele ainda acha que “a explicação da morte por acidente não se encaixa dentro de uma análise racional”. Convencido de que “algo súbito ocasionou a queda e o desfecho do acidente”, Shibata sugere que o delegado sentiu “alguma coisa” antes de mergulhar para a morte.

O inquérito aberto em Ilhabela adensa o mistério. São 38 páginas preenchidas com displicência. As testemunhas foram ouvidas por cartas precatórias, sem nenhum cuidado. Dois marinheiros que mergulharam para resgatar o delegado fundiram-se em apenas um. Uma misteriosa “Lúcia” converteu-se em “Luciano”, o empresário que ofereceu champanhe ao casal e ajudou a massagear as costas de Fleury, depois do seu resgate do mar. Luciano não foi sequer identificado no inquérito, instaurado com a data de 2 de abril de 1979. Ou seja, o inquérito foi aberto, oficialmente, um mês antes da ocorrência da morte.

Tantos erros fizeram o promotor Hugo Nigro Mazzilli, já aposentado, registrar a precariedade do inquérito no despacho em que pediu o arquivamento do caso. “Ficamos sem saber do que exatamente morreu a vítima”, reconhece. Por coincidência, o arquivamento final, em março de 1980, levaria a assinatura do então procurador Luiz Antonio Fleury Filho (nenhum parentesco), mais tarde secretário de Segurança e governador de São Paulo. Fleury, o ex-governador, ficou com a impressão de que muita gente queria encerrar o caso da morte de Fleury, o delegado, com grande rapidez. “- Acho que ninguém queria mexer mais no assunto”, deduz.

Todas as semanas, a viúva Maria Izabel manda depositar flores no túmulo do marido, no Cemitério São Paulo, onde jazem as respostas aos pontos de interrogação que cercam aquele mergulho no mar de Ilhabela, na madrugada de 1o de maio de 1979. Em casa, guarda recordações do delegado, encadernadas com uma identificação: “Fleury, o imortal”.

Percival de Souza

O policial que virou lei

A vida de Fleury, entre a repressão e o Esquadrão da Morte

O delegado Sérgio Paranhos Fleury, diretor do Departamento de Investigações Criminais (Deic), de São Paulo, foi um dos homens mais poderosos do Brasil durante os anos do regime militar, de 1968 até sua morte, em 1979. O ex-secretário de segurança de São Paulo, coronel Erasmo Dias, o definia assim: “O melhor policial paulista”

. Ele foi um dos mentores do Esquadrão da Morte, a mílicia clandestina que se especializou em matar supostos bandidos. Numa oportunidade, o padre Geraldo Manzeroll fotografou da janela da casa paroquial de sua igreja, em Guarulhos, o bando que esperou durante toda uma manhã a chegada de uma de suas vítimas, o Nego Sete, para executá-la a tiros.

O padre Geraldo foi arrolado como testemunha. Meses depois, um dos policiais do Esquadrão, o Fininho, jogou-o do alto de um andaime da igreja. O padre ficou muito ferido, mas sobreviveu. Morreu no mês passado, de câncer, no Canadá.

Naqueles tempos, qualquer pessoa que a Justiça mandasse ao Tribunal do Júri era automaticamente presa. As acusações contra o próprio Fleury começaram a surgir e ele chegou a ser “preso” inúmeras vezes numa sala do próprio Deic. Em 1973, a Câmara Federal aprovou um projeto de lei do deputado Cantídio Sampaio, líder do governo, que concedeu a todos os réus do país o direito de esperar o julgamento em liberdade, desde que fossem primários. Essa condescendência é conhecida, até hoje, como Lei Fleury.

Laudos polêmicos

Acarreira do legista Harry Shibata foi construída com pareceres duvidosos

Harry Shibata começou a trabalhar no Instituto Médico Legal de São Paulo em 1956. Foi diretor do órgão de 1976 a 1983. Em seus primeiros três anos à frente do IML, as gavetas metálicas guardavam os corpos daqueles que não resistiam às torturas no Dops ou no DOI-Codi. Mas as circunstâncias em que aconteciam essas mortes nunca eram retratadas com fidelidade. Os laudos de exames necroscópicos falavam em misteriosos atropelamentos, suicídios e resistência armada contra os órgãos de repressão militar. Muitos desses laudos não passavam de embuste.

Um deles foi o do jornalista Vladimir Herzog, morto em 1975 nos porões do DOI-Codi, na Rua Tutóia, no bairro do Paraíso, em São Paulo, onde ele havia se apresentado sozinho ao saber que estava sendo procurado. Chegou num táxi e saiu num caixão. Shibata foi um dos legistas que assinaram o laudo em que se lia que Herzog fora vítima de “asfixia mecânica por enforcamento”. Atrelada ao laudo, forjou-se também uma fotografia. Uma década depois, a União reconheceria a farsa. Herzog fora assassinado.

Um outro episódio na carreira de Shibata: em 1973, ele assinou um laudo atestando que Sônia Maria Angel, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), morrera com tiros na cabeça. Quando o corpo dela foi exumado, anos depois, descobriu-se que não havia tiro algum.

FONTE: REVISTA ÉPOCA 1999.

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Fleury foi “o melhor policial paulista”  –  segundo o Cel. Erasmo Dias,  grande soldado e herói do nosso Exército.