27/02/2009- 11h29
Justiça concede liminar que suspende 4.200 demissões na Embraer
SILVIO NAVARRO
da Folha de S.Paulo
Atualizado às 11h45.
O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) concedeu liminar nesta sexta-feira suspendendo, até a próxima quinta, as mais de 4.200 demissões feita pela Embraer na semana passada. A liminar é resultado de ação das centrais Força Sindical e Conlutas, que ontem protocolaram no TRT de Campinas (93 km de SP) uma ação de dissídio coletivo para pedir a anulação das demissões.
O TRT informou ter avisado os sindicatos e a Embraer. Procurada pela Folha Online, a fabricante de aviões não confirmou o recebimento do texto que comunica a decisão.
Ontem, o tribunal já havia agendado para a próxima quinta uma audiência de conciliação entre a Embraer e as entidades sindicais para analisar as dispensas, motivadas pela crise internacional e pela queda da demanda por aeronaves.
O presidente do TRT da 15ª Região, em Campinas, desembargador Luís Carlos Cândido Martins Sotero da Silva, disse ontem em entrevista à Agência Folha que uma negociação prévia poderia resultar em alternativas à rescisão: “Você pode reduzir a jornada, reduzir salário; são mecanismos que podem mitigar esta situação mais grave”, afirmou.
Na ação protocolada, as entidades sindicais argumentam que a Embraer ignorou os sindicatos e não estabeleceu nenhum tipo de negociação antes de oficializar a demissão em massa. A decisão de hoje foi classificada pelo presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, como “um gol de placa”.
As centrais alegaram ainda que a empresa tem alta lucratividade, o que poderia, na opinião deles, evitar as demissões no momento de crise.
A Força e a Conlutas agendaram um protesto para hoje, a partir das 14h, em São José dos Campos, onde fica a sede da Embraer.
Antes disso, na segunda-feira (2), deve ocorrer uma audiência de mediação entre a Embraer e representantes dos funcionários, agendada pelo Ministério Público do Trabalho. A audiência atende a representação registrada pelo sindicato para pedir que as demissões da Embraer sejam anuladas.
Demissões
A Embraer alegou que os efeitos da crise financeira internacional são os responsáveis pela queda das encomendas, o que gerou a necessidade de demissões.
O corte representa cerca de 20% do efetivo de 21.362 empregados, e se concentram na mão-de-obra operacional, administrativa e lideranças, incluindo a ‘eliminação de um nível hierárquico de sua estrutura gerencial.
A Embraer também revisou suas estimativas para 2009. A empresa calcula entregar 242 aeronaves no período (ante 270 na previsão anterior), com uma receita prevista de US$ 5,5 bilhões (ante US$ 6,3 bilhões). Por conta da redução da estimativa de receita, a empresa refez sua previsão de investimentos para US$ 350 milhões neste ano (ante US$ 450 milhões).
Com informações da Folha Online
Ora, será que a perda de pouco mais de 10% da receita bruta de uma empresa como a Embraer só poderá ser equilibrada com o sacrifício de 20% dos trabalhadores?
E a Cosipa continuará demitindo funcionários às vesperas de completarem 20 anos de empresa?
27/02/2009
400 são demitidos na Cosipa desde janeiro
Bruno Saia
do Agora
O Sindicato dos Siderúrgicos e Metalúrgicos da Baixada Santista anunciou ontem que a Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista), que fica em Cubatão (56 km), demitiu cerca de 400 trabalhadores desde o início do ano.
Segundo a empresa, foram 301 funcionários demitidos do início de janeiro até o dia 18 de fevereiro.
Cerca de 8.000 trabalhadores da empresa participaram ontem de um protesto contra os cortes. O sindicato pretende denunciar as demissões no Ministério Público do Trabalho e acionar a Justiça do Trabalho para conseguir uma liminar (decisão provisória) que suspenda as demissões e reintegre os trabalhadores.
Em nota, a empresa afirma que as demissões são justificadas pela atual queda da procura por produtos siderúrgicos no mercado. “A Usiminas tem ampliado as ações que possibilitem reduzir custos operacionais. Reduções no quadro de empregados têm ocorrido, mas de forma pontual e criteriosa”, afirma a nota da empresa.