‘na melhor das hipóteses, houve omissão.’Não é possível alguém ter policiais agindo desse jeito e não saber’, disse Geraldo Alckmin

17/12/2001 – 18h09
Corregedor da polícia pede demissão após denúncia da “cracolândia”
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FÁBIO PORTELA e

CRISTIANE MARSOLA
da Folha Online
O corregedor da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Estanislau Silveira Mello, pediu demissão do cargo por não concordar com a forma como foi feita a investigação sobre os policiais acusados de comandar o tráfico de drogas na região da “cracolândia”, em São Paulo.
O corregedor apresentou seu pedido diretamente ao delegado-geral de São Paulo, Marco Antônio Desgualdo, que ainda não disse se concorda com o afastamento. Mello alega que, como diretor da Corregedoria, deveria ter sido informado sobre a investigação na cracolândia desde o início, o que não aconteceu.
As filmagens dos policiais conversando com traficantes e prostitutas na cracolândia foram feita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
O responsável direto pela investigação foi o promotor de Justiça José Carlos Blat.
Mello se sentiu traído por Blat.
O corregedor, responsável por investigar denúncias contra policiais, deveria ter sido informado pelo promotor logo que surgiram as primeiras suspeitas, mas a corregedoria só ficou sabendo do caso depois que as denúncias foram divulgadas pela imprensa.
Mello teria alegado que o vínculo de confiança com o Gaeco foi quebrado, e que ele não poderia mais trabalhar com o promotor Blat.
Procurado pela reportagem da Folha Online, Blat não quis comentar o caso. “Não vou entrar nessa polêmica.
Esse é um assunto que diz respeito apenas à polícia”, disse o promotor, que continua trabalhando no caso.
DescontentamentoRui Estanislau Silveira Mello vinha reclamando nos últimos dias das dificuldadaes que encontrou à frente da ouvidoria da polícia.
Segundo ele, o corporativismo é muito forte, o que cria muitos obstáculos para que policiais sejam investigados e condenados.
Para o corregedor, a lei impede que a polícia seja mais rígida com a própria polícia. ‘Está na hora de a Lei Orgânica da Polícia Civil ser modificada, prever punições mais rígidas e criar a situação de disponibilidade, como há no Judiciário.
Assim o policial pode ficar afastado o tempo que for, enquanto houver suspeita contra ele. Mesmo que não haja acusação na Justiça.
‘Um dos cinco policiais acusados pelo caso da “cracolândia”, José Carlos de Castilho, por exemplo, foi investigado em nove sindicâncias. O conselho da polícia já arquivou sete e o absolveu em uma. Há apenas uma em tramitação. Mas ele segue trabalhando normalmente.
Outras demissões
A demissão do corregedor Mello, se for confirmada, não será o único reflexo negativo na polícia causado pelas filmagens na “cracolândia”.
Durante o final de semana, o governador geraldo Alckmin determinou o afastamento dos chefes imediatos dos policiais investigados.
São três os afastados: dois delegados e um chefe dos investigadores.
Nas palavras do governador, ‘na melhor das hipóteses, houve omissão.’Não é possível alguém ter policiais agindo desse jeito e não saber’, disse Geraldo Alckmin.
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SERÁ QUE HOJE O DOUTOR GERALDO ALCKMIN DIRIA A MESMA COISA…
E O CORREGEDOR DO DETRAN , DESTA VEZ, TAMBÉM NÃO FOI AVISADO PELO MP OU PELA PRÓPRIA CORREGEDORIA GERAL .
QUAL A DIFERENÇA PARA – NO PASSADO – PRATICAMENTE PELOS MESMOS MOTIVOS NÃO PERMANECER NA CORREGEDORIA , MAS AGORA NÃO REQUERER EXONERAÇÃO DO DETRAN?
EU NÃO SEI, JURO!